Wagner Moura vai contra decisão do Congresso de retirar da constituição pilares que definem trabalho escravo: “Não vamos permitir”


Além do ator, famosos como Camila Pitanga e Jéssica Ellen também defenderam o movimento da ONG Repórter Brasil. “Ampliar o conhecimento sobre esse tema é fundamental, especialmente nesse momento em que tramita no Congresso pelo menos três projetos tentando retirar as condições degradantes de trabalho”, declarou Camila

“Eu já tive dias muito difíceis de trabalho”. É com essa declaração que o ator Wagner Moura começa a falar sobre trabalho escravo em um vídeo de uma campanha que tem rodado a internet, organizada pela ONG Repórter Brasil. A organização não-governamental, formada por jornalistas, cientistas sociais e educadores, identifica e torna públicas, desde 2001, situações que ferem direitos trabalhistas ou causam danos socioambientais no país e, nessa última campanha, luta por uma causa mais do que justa: a não-retirada dos pilares que definem o trabalho escravo do código penal, medida proposta pelo Parlamento.

O astro da série “Narcos”, rosto da campanha social, defendeu, no vídeo, os direitos humanos e contou suas próprias experiências. “Já tive dias em que nada deu muito certo, trabalhei demais, fiquei cansado, fiquei triste, frustrado, não concordei com o que estava acontecendo. Mas sempre, mesmo no meu pior dia de trabalho, eu sempre tive água limpa para beber, sempre tive um banheiro decente para usar, sempre tive comida, nunca ninguém me bateu ou me obrigou a ficar no meu trabalho sem que eu quisesse. Enfim, eu sempre fui livre. Mas essa infelizmente não é uma realidade para muitos trabalhadores brasileiros”, disse. E foi além: “A definição de trabalho escravo do nosso código penal comporta dois pilares muito importantes: trabalho em condições degradantes e trabalho em jornada exaustiva. Os parlamentares do congresso nacional querem tirar esses dois pilares do código penal, da nossa definição de trabalho escravo. Não vamos permitir que isso aconteça. Acesse somoslivres.org e diga sim a liberdade e aos direitos humanos”.

Quem procura trabalho, não pode encontrar escravidão! Denuncie! #DiaNacionalDoCombateAoTrabalhoEscravo #SomosLivres

Uma foto publicada por Jéssica Ellen (@ellen.jessica) em

Além dele, outros famosos como Camila Pitanga e Jéssica Ellen já levantaram bandeira a favor da campanha em suas redes sociais. Camila, que é diretora do movimento Humanos Direitos e embaixadora nacional da ONU Mulheres, postou uma mensagem para seus seguidores: “Tive a sorte de participar nessa tarde do lançamento da #SomosLivres, uma campanha nacional da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo e do Ministério Público do Trabalho de prevenção e informação sobre a escravidão contemporânea, que rouba a liberdade e a dignidade de muitos brasileiros. Fiquei extremamente emocionada ao ouvir as palavras de Kailash Satyarthi, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2014 que participou da libertação de mais de 80 mil crianças e adultos na Índia e que apoia a campanha. Ele disse: ‘cada vez que eu liberto uma criança eu liberto a mim mesmo. Não sei se Deus existe, mas é possível ver deus na face das mães que tem seus filhos libertos. É como ver o choro de Deus. A liberdade é o maior presente divino e é o que guia a evolução humana’”, descreveu.

caiapitanga

Camila Pitanga é outra atriz que defende a causa (Foto: Reprodução/Instagram)

Camila disse, ainda, que é fundamental ampliar os conhecimentos sobre o tema. “A luta contra o trabalho escravo, o trabalho infantil e o tráfico de pessoas é árdua, mas se cada um fizer a sua parte, conseguiremos. Ampliar o conhecimento sobre esse tema é fundamental, especialmente nesse momento em que tramita no Congresso Nacional pelo menos três projetos tentando retirar as condições degradantes de trabalho e a jornada exaustiva das características do crime de trabalho escravo. Ou seja, propostas que querem acabar com a escravidão reduzindo o conceito, em vez de combater diretamente o problema. É preciso a participação de todos nós, cidadãos, imprensa e formadores de opinião, você, eu. #SomosLivres”, endossou.