*Por Brunna Condini
“Celebrei meus 90 anos com filhos e netos, minha família, continuamos juntos desde sempre”, disse Elza Soares, por mensagem ao site. A data marca sua primeira celebração de aniversário, já que a cantora afirma não saber qual foi o dia certo de nascimento – na documentação, nasceu em 23 de junho de 1930, mas parece que essa data foi a de emancipação, aos 13 anos – o fato é, que Elza não se importa, festeja, mesmo recolhida, e faz graça: “Em 23 de junho ou 22 de julho? Não sei. Eu comemoro as duas datas, não sei mesmo qual é a certa. Mas acho o seguinte: quem tem duas, tem uma. Quem tem uma, não tem nada. Então já tenho duas para escolher uma”.
E acordou compartilhando gratidão com seu público: “Todos os dias, me levanto, olho no espelho, sempre me encanto, com meu cabelo e a cor da pele dos meus ancestrais”. Reza a lenda que eu faço aniversário duas vezes no ano. Reza a lenda e rezo eu para agradecer por tanta vida. Pra quem passou pelo que eu passei, celebrar durante um mês inteiro é pouco”.
Ela já dividiu com os fãs que anda emocionada e que este ano está feliz de celebrar a vida. Tanto, que pretende comemorar o mês todo: nos próximos dias lança nova versão de “Juízo Final”, de Nelson Cavaquinho, e também, a inédita “Negão Negra”. “Essa música é meu xodó, um grito de liberdade para o povo negro, minha gente, parte de mim. Um verdadeiro hino composto pelos geniais Flavio Renegado, meu afilhado musical que divide a música comigo e Gabriel Moura, outro amor meu. Esses dois grandes negros que falam através da caneta, do que escrevem, do que sentem! Estou in love com esse momento que vivo, com essa oportunidade de cantar minha cor, “com amor, cor e coragem”, como diz a letra da música”, publicou.
Militante na luta por direitos da mulher e da população negra, artista que abriu caminhos, uma das maiores cantoras do país, que lidou com uma força impressionante com as adversidades, Elza Soares, que já presenciou e contribuiu tanto para seu país, gostaria de vê-lo melhor no presente. O país e o mundo ainda não acabaram com o racismo, por quê? “É tão difícil encontrar uma vacina contra o mal, contra uma pandemia. O racismo também é uma doença que está aí no mundo, e ainda não encontraram vacina. Mas uma hora encontram uma boa vacina para exterminar”.
O que deseja uma mulher com sua história, que chega aos 90 anos? “Quero prosseguir, seguir abrindo estrada. História é história. Quero dar continuidade a tudo que venho vivendo”.
E os sonhos? “Não sei ainda, mas vai aparecer algum musical por aí. A música é tão grande, tão sublime. De repente surge mais um sonho musical e faço uma surpresa. Quem sabe? O que sei, é que sou feliz, desde sempre, o desejo é viver”.
Artigos relacionados