*Por Jeff Lessa
Na última segunda-feira (18), o pedido de desculpas do meia vascaíno Fellipe Bastos encerrou um ciclo iniciado no dia anterior, quando o jogador comemorou a vitória de seu time xingando torcedores e jogadores do Fluminense de “viados”. Enquanto isso, na Inglaterra, o Altrincham, havia acabado de fazer história ao vestir, no sábado (16) uma camisa com as cores do arco-íris. Não, não se tratava de “brincadeira” ou “zoação”, como costumam dizer por aqui os arrependidos como Bastos depois de verem a repercussão negativa de suas palavras. O time inglês, pertencente à National League North, substituiu suas tradicionais listras vermelhas e brancas pelo arco-íris em apoio à campanha internacional “Football v Homophobia”.
A ideia do diretor do clube, Bill Waterson, foi apostar em algo “grande”: “Pensamos: ‘não vamos fazer algo sutil, façamos alguma coisa significativa. (…) Acreditamos que foi a primeira vez que um time sênior usou um kit inspirado completamente na bandeira LGBT. O Altrincham criou um pequeno momento na história do futebol”.
Não é de hoje que o clube abraça a causa da diversidade. Para se ter uma ideia, possui até um departamento de Diversidade e Inclusão, coisa raríssima no meio esportivo. Nos últimos anos, o Altrincham vem apostando na diversificação de sua base de fãs. A ideia é garantir que todos se sintam bem-vindos em sua região na Grande Manchester.
De acordo com Waterson, as reações têm sido as melhores possíveis. “Todos têm apoiado o que estamos tentando fazer. Isso mostra o quanto o futebol evoluiu. Não acredito que seria assim há dez e, certamente, não seria há 20 anos – diz. – Encontramos fãs mais velhos, na faixa dos 70, para quem tivemos de explicar o que era a bandeira LGBT, acredite ou não. Mas, assim que entenderam, apostaram na ideia. Houve apenas um ou outro nariz torcido, tipo ‘Por que estamos fazendo isso?’, mas é para esses que estamos aí, para educar.”
Além de dar visibilidade à causa LGBT, a iniciativa tem finalidade prática: depois da partida contra o Bradford, um leilão de 14 camisas com a bandeira colorida arrecadou fundos para a reconstrução do Centro LGBT de Manchester.
Na Inglaterra, os grandes clubes vêm sendo encorajados a apoiar o movimento internacional Football v Homophobia. As raízes da campanha vêm de um pequeno grupo surgido em 2008 para marcar os dez anos do suicídio do jogador Justin Fashanu em 1998. Fashanu, gay assumido, não suportou o bullying e a homofobia de que foi vítima. Em 2012, a organização Pride Sports juntou-se à campanha por Justin e formou a Football v Homophobia. Um dos principais objetivos da organização é promover a visibilidade e a representatividade de LGBTs no universo futebolístico.
Ficamos no aguardo para que iniciativas como essa cheguem rapidamente ao Brasil.
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