Thom Yorke, líder do Radiohead, compara ação do Youtube e Google ao nazismo: “É como faziam durante a guerra. Eles roubam”


Discurso igualmente contrário ao Youtube e Google também ocorre no Brasil pelo grupo Procure Saber. Eles, inclusive, já criaram campanha contra o não pagamento de direitos autorais por parte da gigante da internet

O que o YouTube e o Google fazem, ao oferecer música gratuita na internet, é semelhante ao que os nazistas faziam na Alemanha quando roubavam arte. Pelo menos é assim que Thom Yorke, líder do grupo Radiohead, revelou pensar em entrevista ao jornal italiano “La Repubblica”. “Google. YouTube. Ganham monte de dinheiro pescando com redes de arrastão, como no oceano, pegam tudo o que há. E depois dizem ‘Ah, desculpe, isso era de vocês?’. Ora, é nosso. É como o que fizeram os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Na verdade, como faziam todos durante a guerra, inclusive os ingleses: roubar a arte dos outros países. Qual é a diferença?”, questionou.

SAN FRANCISCO, CA - OCTOBER 19: Thom Yorke of Atoms for Peace performs as part of the Treasure Island Music Festival on October 19, 2013 in San Francisco, California. (Photo by Tim Mosenfelder/Getty Images)

Para Thom Yorke, o que o Youtube faz com os músicos é semelhante ao que os nazistas faziam na Alemanha anatiga (Foto: Tim Mosenfelder/Reprodução)

Thom, que também contou usar um aplicativo para bloquear anúncios do YouTube, disse que “os artistas não são pagos ou recebem cifras ridículas” pela “publicidade antes de qualquer conteúdo” negociada pelo Google. “Para eles está ótimo assim. Porém, se não render lucro para eles, não vale. (…) Eu só sei que eles estão ganhando dinheiro com o trabalho de vários artistas que não recebem qualquer benefício. As pessoas continuam a dizer que esta é uma época onde a música é gratuita, cinema é gratuito. Não é verdade. Os criadores de serviços ganham dinheiro – Google, YouTube”, explicou.

Adepto do aplicativo Boomkat para descobrir música, Thom, com as fortes opiniões, teve de explicar então porque o chegaram a disponibilizar o álbum In Rainbows” (2007) no formato “pague o quanto quiser” e o Tomorrow’s Modern Boxes” (2014) por US$ 6 no BitTorrent. A resposta?  “Era uma reação a tudo que estava acontecendo. Estavam falando sempre e somente de Spotify. Queria mostrar que, na teoria, hoje é possível realizar todo o caminho da produção discográfica. Mas na prática é muito diferente. Não se pode acumular toda a responsabilidade. Mas estou contente de ter feito isso, de ter tentado”, justificou.

Aqui no Brasil, situação semelhante também acirra uma disputa entre Google, YouTube e músicos. Em abril deste ano, o Procure Saber (associação que busca estudar a indústria musical no Brasil), formado por artistas como Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Levi Lima e Gaby Amarantos, fomentou a campanha “Alerta Vermelho. Google (YouTube) entra na Justiça Brasileira e seguirá sem pagar direitos autorais aos criadores nacionais”. A ação se refere ao trâmite na 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, onde o Google diz que não consegue entrar em um acordo com a União Brasileira das Editoras de Música (Ubem) e o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e, por isso, não realiza há cerca de 30 meses, o pagamento de direitos autorais. Há cerca de dois meses, o mesmo grupo entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando poder de questionamento para derrubar a lei que regula a arrecadação e distribuição de direitos autorais no Brasil, sancionada em 2013.

Em ação mais recente, Caetano Veloso solicitou ao Vevo, Youtube e Universal Music que desmonetizem seus vídeos, isto é, retirem toda e qualquer publicidade antes, durante ou depois, dos filmes do cantor nas plataformas em questão. Como é de conhecimento geral, o cantor e compositor não faz anúncio de artigo comercial e já chegou a enfrentar uma empreiteira que queri utilizar “Tropicália” em uma peça publicitária. 

Membros do Procure Saber reunidos em Brasília (Foto: Reprodução)

Membros do Procure Saber reunidos em Brasília (Foto: Reprodução)

Em tempo: a quem interessar possa, o próximo álbum do Radiohead ainda não está pronto.