Omar Peres, dono do único projeto latino-americano de Zaha Hadid, fala sobre o legado de uma das maiores arquitetas do mundo: “Ela era genial”


Zaha Hadid foi a autora do prédio de Omar Peres em Copacabana. O lançamento será e julho e a presença dela já estava confirmada, “Ela tinha uma paixão pelo Rio de Janeiro, porque adorava a obra de Oscar Niemeyer”

A arquiteta iraquiana Zaha Hadid, considerada uma das maiores da história, morreu hoje aos 65 anos de ataque cardíaco. Ela estava internada em um hospital em Miami por causa de uma bronquite contraída essa semana. Com projetos importantes pelo mundo, Zaha deixou sua marca na América Latina aqui no Brasil. O prédio na orla de Copacabana do empresário Omar Peres terá a assinatura da arquiteta e vai ser inaugurado em julho.

A obra de Zaha Hadid que vai ser inaugurada em julho, em Copacabana

A obra de Zaha Hadid que vai ser inaugurada em julho, em Copacabana

“Desde quando eu comprei a casa na Avenida Atlântica para construir o prédio, eu nunca hesitei com relação ao arquiteto que eu ia chamar. Sempre foi a Zaha Hadid pelo trabalho dela. Ela é uma escultora de prédios”, afirmou Omar. Ele contou com exclusividade ao HT que Zaha ao saber que seria a arquiteta do projeto do brasileiro, ela ligou para Peres agradecendo. E ele não poupou elogios retribuindo: “Você é uma escultora e idealiza projetos que encantam o mundo inteiro. E eu quero que o seu primeiro trabalho no Brasil seja algo deslumbrante também”.

Zaha Hadid

Zaha Hadid era iraquiana e foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Pritzker, em 2004

O lançamento da construção será em julho e a presença de Zaha, que nunca tinha vindo ao Brasil, já estava confirmada. “Conversei com ela há 15 dias para convidá-la para o lançamento do prédio e ela se animou muito. Ela ficaria para os Jogos Olímpicos (que serão em agosto na cidade) também”. Apesar da tristeza com a morte de Zaha, primeira mulher a vencer o Prêmio Pritzker em 2004 – considerado o Nobel da arquitetura –, Omar destacou a importância da herança arquitetônica deixada por ela: “É muito triste. Mas ela deixou um legado para a humanidade que é muito bacana e isso é uma compensação pelo seu trabalho de imensurável valor para a humanidade, sob o ponto de vista artístico”. Mesmo com uma “amizade recente”, Omar conhecia as paixões e o encanto de Zaha pelo Rio de Janeiro e pelas obras do arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012). “Ela tinha uma paixão pelo Rio de Janeiro, porque adorava Oscar Niemeyer. Então, falar de Brasil para ela era uma coisa poderosa. Porque era sinônimo de Oscar Niemeyer e das curvas do Rio de Janeiro, da expressão da natureza que é a nossa cidade. Ela ficou muito feliz em fazer esse projeto”. Para ela, a cidade carioca era “a confluência da natureza, do mar, a montanha e a floresta”.

O Heydar Aliyev Center, no Azerbaijão, é uma das obras assinadas por Zaha

O Heydar Aliyev Center, no Azerbaijão, é uma das obras assinadas por Zaha

Omar concluiu sobre a arquiteta: “Ela teve a oportunidade de desenvolver um belo trabalho (aqui no Brasil). Fez o prédio com a plástica maravilhosa, com ondas. Ela era uma mulher genial. Um ser humano que mudou, de certa forma, a maneira de se expressar através do concreto, da estética e da arquitetura. Uma mulher fabulosa”.