Tudo começou como uma simples campanha publicitária para uma marca de refrigerantes e hoje se tornou uma verdadeira febre nacional. A música deles é cheia de swing e com coreografias um tanto quanto arriscadas para aqueles que não estão no auge de seu condicionamento físico. Ainda não sabe de quem estamos falando? Do Dream Team do Passinho, é claro. O grupo carioca comandado por Lellêzinha, Diogo Breguete, Pablinho, Hiltinho e Rafael Mike ultrapassou as barreiras das comunidades e da internet e foi parar, nesta sexta-feira, no desfile da Blue Man, na Rio Moda Rio. E acredite, foi um sucesso! Em entrevista ao HT, a única menina do grupo nos contou, com exclusividade, como foi chegar ao maior evento de moda da cidade do Rio de Janeiro.
“Eu fiquei com um friozinho na barriga do início ao o fim do desfile”, disse, aos risos. “Acho que o funk e a
favela flertam muito com a moda, o tempo inteiro. Todo mundo quer estar bem arrumado, independente do seu estilo ou da grana. Como nós somos muito ligados à moda, a Blue Man abraçou a gente e nos convidou para participar dessa cerimônia, que foi um momento incrível para eles e para gente também”, contou Lellêzinha.
A menina que tem seu próprio personal stylist (Antônio Schober) para dias de show, garantiu que no dia a dia seu estilo não é nada convencional. “Quando tem algum evento bacana o Antônio manda várias opções de imagens para gente se inspirar em coisas que tenham as características do funk carioca. Meu estilo não é nada básico”, revelou a cantora.
O grupo, que tem suas músicas tocadas em todas as festas e virou hit em vídeos gravados por celebridades, comemorou o sucesso no mundo artístico. “Na verdade, a gente já vem caminhando há um tempinho e todo mundo dentro do nosso grupo está estudando e se especializando em diversas áreas do universo musical para trazer um trabalho bacana, sabe? A música ‘De Ladin’ foi um sucesso incrível, que a gente não esperava, e agora vamos lançar o clipe do nosso segundo single, chamado ‘Vai Dar Ruim’, que tem a direção do Lázaro Ramos. A gente está muito feliz”, comemorou a mocinha, que esta prestes a completar 20 anos, e ainda falou de onde veio sua inspiração para o mundo das artes. “Sempre tive um sonho, mas nunca me imaginei onde estou. Meu sonho foi fazer sucesso, cantar, dançar e atuar. As pessoas me chamavam de louca. Pediam pra minha mãe me levar a aulas de dança, mas nunca tive condições. Nunca fiz aulas relacionadas à arte”, contou.
Nascida e criada na Praça Seca, bairro da Zona Oeste do Rio, Lellêzinha conta que foi descoberta através da
Batalha do Passinho, evento que acontece nas comunidades da urbe carioca com o objetivo de descobrir
novos talentos da dança. “Participei da batalha no Cantagalo e depois no Morro da Formiga. Aí a Coca Cola nos chamou pra fazer o comercial e depois disso as pessoas começaram a chamar a gente pra fazer shows, mas não tínhamos um grupo. Aí eles selecionaram os dançarinos e fui a única menina a entrar. Era engraçado porque chamavam a gente para fazer shows de uma hora, mas só tínhamos uma música”, contou aos risos.
A cantora, que também trilha a carreira de atriz com papéis de destaque em “Malhação” e “Totalmente Demais”, contou que até os 14 anos era adepta da chapinha e tinha o cabelo até os ombros, mas resolveu cortar na altura do pescoço e deixar o cabelo natural. “Depois que cresceu fiz as luzes e acabou virando uma marca. As meninas me pedem dicas nas redes sociais. É muito bom estar vivendo nesse momento em que a gente pode revelar quem a gente é e assumir sua identidade”, disse. “Hoje eu faço parte de uma marca de cosméticos, da linha Cachos Poderosos, que fala sobre esse poder de ser quem você é. Eu fiz até uma música (#SouPoderosa) que fala sobre isso. O ideal é a gente ser feliz: se quiser alisar, alisa. Se quiser enrolar, enrola. Somos todas livres”, ponderou ela, que disparou: “A melhor coroa para uma mulher negra, é poder dar volume ao seu cabelo crespo e cacheado”.
Ainda durante o papo com o HT, a jovem comentou sobre os crimes de racismo no país. “O Brasil ainda é um país muito preconceituoso. A forma que eu encontrei de lutar e falar contra isso foi através da minha arte. Eu já fiz duas novelas e uma minissérie, que pra mim é muita coisa. E fico feliz de poder representar aquela menina negra que está na favela e que tem o sonho de chegar em um status de sucesso. Hoje, temos mais negros na televisão, mas acho que tem que ter mais”, avaliou Lellêzinha, que segue cheia de projetos para a telinha. “Eu fiz agora uma minissérie chamada ‘Segredos de Justiça’, onde faço a Caroline, uma menina que fica grávida na adolescência. Acho muito importante estar fazendo papéis na televisão que carreguem esse cunho social”, revelou ela que sonha alto: “Quero ganhar um Oscar, conhecer a Beyoncé, de quem sou fã, e um dia gravar um clipe com ela”, completou. E a gente segue na torcida!
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