Vivemos novos tempos, que pedem reflexões e mudanças de mindset. Repensar é preciso! E acompanhando a 26ª edição do Minas Trend e maior Salão de Negócios da América Latina, promovido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), o que estamos sentindo entre as marcas mineiras e do Brasil de Norte a Sul que estão apresentando suas inspirações para o Outono-Inverno é a ênfase no abraçar o social, mergulhar de cabeça em práticas sustentáveis e na economia circular. A Libertees, por exemplo, tem um belíssimo trabalho de reinserção social com mulheres em situação de cárcere.
A coleção ‘O café e suas flores‘, que, inclusive, ganhou o mundo e foi apresentada na Semana de Moda de Milão, é inspirada na flor do café, que, com sua delicadeza e potência, nos encantam nas plantações. A proposta da label são looks versáteis e confortáveis em sinergia com os múltiplos corpos. As diretoras criativas Daniela Queiroga e Marcella Mafra contam que a marca trabalha prioriza os tecidos ecológicos e com estamparia exclusiva. Aliás, as criações de estampas “made in Brasil” conquistam compradores internacionais. É o reverberar da nossa criatividade. “A coleção é um resgate da memória afetiva mineira e o café é a pura representação da nossa identidade. Evocamos os saberes ancestrais, a força do trabalho coletivo e, principalmente, a libertação através do labor”, pontua Daniela.
A estilista Ana Sudano lançou luz sobre cores fortes, traços repletos de histórias, realçados pela autenticidade das estampas. A assimetria dos shapes presente na marca permanece e transita com outras formas para a construção de uma imagem plural, com a presença de sobreposições, bolsos utilitários e capuz. “Trazemos a alfaiataria na malha e códigos masculinos dentro de um contexto de extrema feminilidade”, diz Ana Sudano. Outro destaque na coleção está no uso dos tecidos planos, na camisaria em linho e nos vestidos em seda orgânica estampados com obras da artista e fotógrafa Lu Matosinhos.
“Estar no Minas Trend é entender que nosso trabalho tem reconhecimento e valorização. Que fazer moda vai além de roupas lindas. Nosso propósito é acordar todos os dias e pensar em como fazer melhor e inspirar mais pessoas. Para nós, a inovação está dentro de cada um de nós”, salienta Marcella Mafra.
Tendo a transformação social por meio da moda como uma de suas maiores causas, a Libertees nasceu com o propósito de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS’s) 5 (Equidade de Gênero) e 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico) da ONU. Para isso, a marca elegeu trabalhar com a mão de obra de mulheres em privação de liberdade, criando oportunidades de ressignificação da vida destas pessoas. Em parceria com o Sistema Prisional de Minas Gerais, a grife já ofertou mais de 134 mil horas de profissionalização, com remunerações às detentas que chegam a quase R$ 1 milhão e mais de 5.500 dias de remição de pena garantidos por lei. “Nosso modelo de negócios é desafiador.
“Trabalhar com mão de obra carcerária feminina é ir trabalhar todos os dias e ter a boa surpresa que mais uma das nossas meninas conquistou a liberdade. É um trabalho de desapego, pois, ao mesmo tempo que elas são de extrema importância no bom andamento da fábrica, alcançar o sucesso é vê-las livres e ressignificando suas vidas”, afirma Marcella.
“A pandemia foi assim. Foi viver o desapego em grande escala. Das nossas nove meninas trabalhando na fábrica antes da pandemia, cinco tiveram a liberdade e quatro foram para a Apac, onde a Libertees iniciou mais uma unidade produtiva. Estamos renascendo. Assim chamamos esse período. Resiliência, empatia, fé e esperança são nossos pilares. E ter sido convidada para desfilar essa coleção na Semana de Moda de Milão também foi um momento mágico e que nos mostrou que estamos no caminho certo, deu uma injeção de ânimo para nós, que só cresceu na volta dessa experiência”.
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