Marina Ferrari acumula quase 600 mil seguidores e fala sobre a vida de blogueira: “Estamos sujeitas à críticas e fofocas, como toda profissão que se expõe”


A alagoana de 23 anos foi convidada para levar a tocha olímpica em Maceió, faz curso de interpretação e é formada em administração. “As pessoas acham que nosso trabalho é fútil, que só tiramos fotos e viajamos, mas eu estudo muito”

São muitas as meninas que vêem o lifestyle de blogueiras como Thássia Naves, Camila Coutinho, Camila Coelho e outras e desejam seguir a mesma profissão. Apesar do glamour – com direito à viagens e caixa postal recheada de presentes – a fama não chega fácil: em um mercado já complexo, é preciso um diferencial. Sabendo disso que a alagoana Marina Ferrari, 23 anos, mergulhou de cabeça no seu sonho e, atualmente, acumula quase 600 mil seguidores só no Instagram – o que faz dela uma das maiores digital influencers do Nordeste. “Quando eu comecei, queria fazer algo que as pessoas não estavam fazendo. A maioria posta look do dia, foto de comida e eu não acho interessante, não me agrega nada. Sempre pensei que eu gostaria de passar conhecimento. Pouquíssimas pessoas fazem tutorial de cabelo e maquiagem, em Maceió não tem ninguém. Fui ver o que de conhecimento podia fazer e, como sempre amei essa área, comecei. Acaba que eu me inspiro em americanos, asiáticos e europeus, porque poucos brasileiros fazem isso”, destacou.

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Marina Ferrari tem apenas 23 anos e já acumula quase 600 mil seguidores (Foto: Divulgação)

Graduada em administração e formada em make-up & beauty artist pela Make Up For Ever – NY, Senac e Instituto Embeleze, Marina acredita que seu diferencial é o formato que proporciona. “Eu fazia tutoriais pequenos e rápidos no Instagram mostrando e linkava para o Youtube. Então, quem tem mais prática vê rapidinho e, se tiver difícil, dá para ver mais completo. Tento fazer o que os outros não fazem. Lógico que também coloco look, porque sou patrocinada por lojas e, querendo ou não, tenho que ganhar dinheiro. Nunca estudei moda, tenho estilo básico e acho que isso que faz sucesso: o fato de ser acessível. Eu realmente só gosto de postar o que me sinto bem vestindo, se não as seguidoras percebem, e não adianta, a loja não vende. Tento adequar ao meu estilo”, explicou ela, que sempre gostou do lifestyle saudável. “Só que esse não é meu apelo. Agora até estou com um novo Instagram só para falar disso. Nem divulguei tanto e já tem mais de 20 mil seguidores. Sempre faço pelo menos um post por dia lá”, contou.

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Apesar de não ser blogueira fit, muitas seguidoras perguntam sobre seu corpo, alimentação e exercícios. A demanda fez com que Marina criasse uma nova conta só para falar disso (Foto: Divulgação)

Comandar duas contas pode ser difícil, mas não para ela: “Sempre amei redes sociais, desde os 14, 15, eu já era muito inteirada. A que surgia eu era a primeira a ficar o dia todo e sempre interagia bastante virtualmente. Quando o Instagram foi crescendo vi a oportunidade de trabalhar com isso. Como já era formada e fazia cursos de cabelo e maquiagem e vi que muita gente queria tirar dúvidas sobre roupas. Foi a partir dessa procura que eu me organizei para trabalhar com isso, ajudar quem me pedia e ganhar também”, lembrou ela, que tem uma rotina bastante agitada. “Eu normalmente mostro meu dia no Snapchat e, a partir dos momentos mais importantes, posto no Instagram, entre três e quatro fotos por dia, dependendo. Geralmente acordo e sempre tenho o que fazer, gravar, tirar fotos, tenho curso, pesquisas na internet. Tudo tento mostrar para as seguidoras. Se estou estudando sobre maquiagem, pego alguma parte do que aprendi e mostro.Tento responder perguntas, curiosidades sobre alimentação, fitness, também acabo inspirando isso, porque sempre cuidei de corpo desde nova. Me ligo muito em passar bons exemplos para as meninas que me seguem para serem mais vaidosas. Tento sempre colocar humor, falar pensamentos, aconselhar as mais novinhas que sofrem por amor, dou conselho, é um bate papo natural”, explicou.

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Marina Ferrari divide momentos de sua vida com seus fãs (Foto: Reprodução/Instagram)

E a relação com as fãs não poderia ser melhor: “Eu me sinto superfeliz com isso e sei que é uma responsabilidade enorme. Tudo que coloco nas redes pode influenciar para o bem e para o mal. Exemplo: evito falar palavrão, tento sempre demonstrar o amor que tenho com a minha família, até porque tem muita criança que me segue também. Sempre tento ser simples, amorosa e meus seguidores recebem de uma maneira muito legal. Recebo muito direct, comentários nas fotos e tento responder todos. Faz parte do meu trabalho essa troca. Elas me vêem como influência. Então, tenho que ajudar. Quando alguém tem dúvida e me manda, eu respondo e dou dicas. Acho que por isso desenvolvemos um carinho bem forte”, analisou ela, que considera essa a melhor parte do seu trabalho. “Sem dúvida. Quando ando na rua e me reconhecem, falam comigo, me sinto realizada. Quando vejo que alguém aprendeu algo comigo é incrível. A parte boa também inclui as viagens, eu ganho muitas coisas, tem o reconhecimento de empresas, marcas, gostam de agradar”, listou.

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A blogueira sabe que seu trabalho tem um lado ruim, mas não foca nele (Foto: Divulgação)

E haja reconhecimento. Marina foi convidada pela organização dos Jogos Olímpicos para levar a tocha em Maceió no último domingo, 29. “Fiquei superfeliz e ansiosa. Nervosa não. Eu amo esportes, pratiquei a vida toda, jogo vôlei e representar a minha cidade nas Olimpíadas é uma honra”, declarou. Apesar disso, o lado ruim também existe: “O julgamento das pessoas que não conhecem e sempre criam imagens é bem chato. Recebo críticas até de gente da minha cidade mesmo. Mas acho que toda profissão em que há exposição, a gente está sujeito a críticas e fofocas. Cuido para me preservar mais do que as minhas amigas, por exemplo”, declarou. Principalmente com sua família: “No começo, todos tinham um pouco de receio, mas hoje em dia aceitam e adoram a minha profissão, participam, não tem problemas”, disse ela, que acredita que grande parte da discriminação que as blogueiras sofrem é fruto de inveja e desconhecimento. “As pessoas acham que nosso trabalho é fútil, que não estudamos, só tiramos fotos e viajamos. Com o Snapchat conseguimos mostrar nossa rotina e as pessoas repararam que também precisamos entender sobre moda. Nós entretemos pessoas, trabalhamos 24 horas por dia, nossa cabeça não pára. Acredito que, cada dia que passa, o preconceito está diminuindo. Quem tem preconceito geralmente tem inveja. Hoje em dia muita gente já aceitou que é a profissão do futuro, as empresas precisam de marketing e reconhecem a importância das redes sociais”, analisou.

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Marina foi uma das convidadas para levar a tocha Olímpica em Maceió(Foto: Reprodução/Instagram)

Se algumas dizem que no começo, jamais imaginariam chegar aonde estão, Marina é diferente: quer ainda mais. “Eu não vou dizer que não imaginava, porque sempre pensei positivo e as coisas boas acabam acontecendo. Se eu estava me dedicando, já previa que viria algo bom. Eu faço tudo com carinho para ter essa retribuição. Sempre me imaginei com muitos seguidores e até o final do ano quero um milhão, penso grande”, contou. E como! Ela chegou a se mudar para o Rio de Janeiro para ter ainda mais oportunidades. “Faz uns três meses e no começo foi bem difícil, pensava que não ia conseguir, porque era muito apegada a Maceió, família, amigos, é cidade pequena, todo mundo junto. Tive dificuldade com alimentação, para cozinhar e tal. Agora já fiz amizades, vou ao supermercado, feirinhas. Fico entre Rio e Maceió, porque as empresas que eu sou contratada são daqui, então tenho foto, evento, roupas”, explicou. A mudança foi por conta de uma proposta: “Em janeiro desse ano quiseram me agenciar para crescer no Brasil todo e, para isso, tinha que ir a eventos, etc”, contou.

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Desagradar as seguidoras do Nordeste com a mudança não preocupa Marina: “Algumas até falam para eu não perder sotaque, pedem para voltar para Maceió, mas todos sabem que é importante sair. Porque antes eu queria ter contatos no Rio morando em Maceió, mas estar na capital, de fato, é diferente. A gente conhece as pessoas, marca presença em eventos. Não acho que as meninas saem daqui por ser Nordeste. Vejo muita gente do Sul e vai para o Rio e São Paulo para crescer profissionalmente”, ressaltou. Como falar em Nordeste sem falar em Camila Coutinho? Será que Marina já pediu dicas para a conterrânea? “Não cheguei a conversar com ela, não tive o prazer de encontrar pessoalmente, mas ela inspira bastante, faz muitas meninas quererem seguir essa profissão, assim como eu”, analisou.

Além da dona do “Garotas Estúpidas”, Marina tem outras referências fortes: “Gosto muito da Camila Coelho, sempre assisti, antes mesmo de me tornar blogueira. A Bia do Boca Rosa também. De estilo eu gosto da Nah Cardoso, que parece mais comigo. Gosto do estilo das meninas mais novinhas como a Jade Sebá, a Nah, etc, e da make de mais experientes e sigo todas em alta: Lalá Rudge, Thássia, Camila Coelho, Coutinho…”, listou.

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Marina Ferrari (Foto: Reprodução/Instagram)

Vivendo na cidade maravilhosa, Marina divide seu tempo entre as mídias sociais e o novo curso: interpretação com Cininha de Paula. “Aproveitei que estava no Rio para começar a fazer teatro e aprender algo novo. Estou amando e pretendo seguir no meio, mas depende das oportunidades. Ainda não me sinto preparada para trabalhar, porque é novo para mim, mas depois seria legal unir o que eu faço com a atuação. Nunca deixaria a área de mídias sociais, porque eu amo, mas se surgir oportunidade de uma novela, por exemplo, não negaria, porque aparecer na TV é bom para agregar nas minhas redes também”, destacou ela, que anda um passo por vez: “Primeiro preciso neutralizar meu sotaque para conseguir trabalhos com marcas maiores. Na verdade, eu já atuo, mas é no Youtube e eu sou eu mesma, uma personagem de mim. Agora, no curso, interpreto outras pessoas. É complicado, mas com aprendizado e dedicação tem dado certo”, disse. Quem duvida?