ID:Rio Festival – o encontro entre a moda-praia e as curvas de Niemeyer


O Estado do Rio afirma sua vocação como epicentro de evento multiplataforma e com ênfase na diversidade, pluralidade, cores e leveza da moda autoral e criativa. Consagrando todos esses elementos, as marcas Sal de Areia e Almah Praia, do polo de moda-praia de Cabo Frio, apresentaram suas coleções no primeiro evento de moda presencial. Vem saber!

“Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito”. A frase do grande mestre da arquitetura Oscar Niemeyer (1907-2012) traduz exatamente a beleza do lugar escolhido por Cláudio Silveira, diretor do DFB Festival, nesta primeira edição do ID:Rio Festival, que foi realizado no fim de semana, no Reserva Cultural, em Niterói. Apresentado pela Enel Distribuição Rio e pelo Governo do Estado, o evento ofereceu atividades que fomentaram todo o trade da moda do Rio de Janeiro e representa justamente essa conexão e grande mecanismo de transformação social, cultural e ambiental de uma ponta a outra da cadeia produtiva.

O Brasil é um grande exportador de moda-praia e temos visto até cantoras em lives usando a parte de baixo asa-delta, com aquela cava altíssima dos 70’s e  as hot pants ainda estão super em alta no beachwear. O setor é segundo maior empregador da indústria de transformação, perdendo apenas para alimentos e bebidas (juntos) e, segundo a Associação da Indústria Têxtil e de Confecção, emprega 1,5 milhão de trabalhadores diretos e 8 milhões se adicionarmos os indiretos e efeito renda, dos quais 75% são de mão de obra feminina.

Os maiores compradores no mundo do que é produzido no Brasil são Estados Unidos e Portugal. Já os países da América do Sul correspondem por 55,5% das exportações nacionais de moda esportiva. E entre os indicativos da produção têxtil nacional apresentados pela Associação Brasileira de Indústria Têxtil (Abit), o setor consome cerca de US$ 1,9 bilhão por ano no mercado interno e, entre tecidos naturais e sintéticos são gastos mais de 1,5 milhão de toneladas. No Sudeste se concentra 48,1% da produção nacional, seguido do Sul, com 30,6%, e do Nordeste, com 16,7%. Centro-Oeste e Norte, juntos, responderam por 4,4% da produção total. Artigos de moda praia e esportiva têm tido um crescimento nos últimos anos com valores superiores à media esperada para o vestuário em geral.

Cláudio Silveira, diretor do DFB Festival, nesta primeira edição do ID:Rio Festival com as modelos dos desfiles (Divulgação)

Cláudio Silveira, diretor do DFB Festival, nesta primeira edição do ID:Rio Festival com as modelos dos desfiles (Divulgação)

No sábado, as marcas Sal de Areia Almah Praia, integrantes do polo de moda de Cabo Frio, nos brindaram com um desfile com o frescor da nossa moda-praia com o cenário da Baía de Guanabara ao fundo, trazendo a sinergia da moda e das artes mostrando como esses elementos se cruzam com muito charme e elegância. O público também conferiu fashion film inédito da marca Fruto do Conde em dobradinha com a Vanilla Eyewear. O ID: Rio Festival – voltado para profissionais da moda, novos empreendedores e público em geral – contou com ciclos de bate-papo fazendo sinergia entre moda, cultura, capacitação, empreendedorismo, expositores dos coletivos, gastronomia e estandes com produções de arte super autoral que fizeram o maior sucesso e as vendas ajudaram tanto a retomada dos micro-empreendedores.

Sal de Areia

Em um voo alto de ideias e otimismo, a Sal de Areia, se depara com uma fênix: pássaro mitológico que significa força, renascimento e esperança. Do ponto de vista da cultura grega antiga ela fica ainda mais linda, dourada, grandiosa e digna de ser homenageada. Estava ali a força que a coleção merecia. “Pousamos nossos lápis nas sinuosas curvas das deusas gregas e em suas simbologias. Daí saíram os primeiros rabiscos que, em pouco tempo, se transformariam em biquínis repletos de história. Para cada estampa, uma deusa. Para cada deusa um céu de significados e emoções que convidamos a todos conferirem com a coleção Fênix Sal de Areia 2022“, conta Fabrícia Costa, a criadora da marca.

Foto: Camila Mendes

A Sal de Areia é uma marca de biquínis bem autoral e pensados para as mulheres plurais. A grife há oito anos tem uma preocupação com cada detalhe do seu universo e todas as peças são criadas com muito carinho. “Acreditamos que todo dia de sol é um dia para se celebrar”, conta a estilista.

No desfile realizado no ID:Rio Festival, a label levou para a passarela a atual coleção, tropical, aquarelável, com tons de rosa, areia, azul marinho e royal e verde em destaque. “Destaco as cores e texturas, recortes e os detalhes em argolas”, pontua Fabrícia.

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Almah Praia

A marca da Região dos Lagos que foi lançada em 2010 pelas mãos da empresária Milena Quintanilha, iniciou sua trajetória na Rua dos Biquínis, em Cabo Frio, apostando em saídas de praia no estilo resort em um mix com o ineditismo do artesanato local. Hoje, a marca é referência em moda-praia. O conceito da grife nasceu a partir das aulas de teologia de sua criadora, que buscou na história do hebreus, homenagear Maria, e através dela todas as mulheres ‘puras de coração’, lutadoras e livres de preconceitos traduzindo a mulher contemporânea. Yasmin, filha de Milena é uma parceira indispensável nas criações das campanhas e gestão das duas lojas da marca, na Rua dos Biquínis em Cabo Frio.

Foto: Camila Mendes

A Coleção Imersão nasceu a partir de processo da busca por reencontros. Foca em seres em rótulos e sem limites buscando apenas a plenitude. A marca aposta ainda em uma coleção de workout, focada no universo fitness trazendo conforto e elegância para as atividades físicas.

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A Almah Praia trouxe para a passarela leveza e frescor. E a chuva da Primavera que acompanhou o desfile, acabou compondo o cenário, com a natureza proporcionando um clima de cinema para o momento. “O Claudio Silveira acertou muito na curadoria, na escolha das peças e tudo o que compôs. O significado e inspiração são o design e modelagens em estilo jovem e contemporâneo. Destaco a versatilidade das peças que possibilitam o uso em diversos ambientes além da praia. As estampas tiveram como inspiração, parques e jardins urbanos. Não poderia estar mais feliz com o espaço”, comenta a estilista, que, em sua coleção, priorizou os tons de melancia, areia, menta, verde musgo e alaranjado, com destaque para os caftans, saídas de praia e maiôs super cavados.

Fashion film

Entre um desfile e outro, foi apresentado o fashion film das grife Fruto do Conde e, dobradinha com a Vanilla Eyewear. Foi um espetáculo à parte para o público do ID:Rio Festival de tão bem editado. Para a designer e figurinista Denise Faertes, uma moda autoral e com arte sintetiza bem a Fruto do Conde. “Acredito em uma moda com identidade e divertida, que provoque uma reação positiva nas pessoas. Temos clientes fiéis, que se sentem felizes quando usam as peças exclusivas, autorais, feitas com cuidado e afeto”, diz Denise.

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Ela também analisa o percurso da Fruto do Conde durante estes quase dois anos de pandemia. “Persistimos em nosso trabalho autoral, voltado para a arte. Continuamos a atender as clientes, construindo peças individualizadas, atemporais, muitas delas pintadas à mão livre. Temos plantando novas sementes para que floresçam após este período difícil, que certamente passará. Durante 2020, iniciamos uma parceria com um showroom em Lisboa; em agosto, participamos do evento Design Petrópolis, que foi bárbaro, com a exposição de peças, e também fizemos a exposição da coleção fitness, no Centro Cultural dos Correios do Rio de Janeiro. E. agora, ela foi exibida através do fashion film, no ID Rio“.

Feitos à mão, com muito carinho: os óculos de sol da Vanilla Eyewear são criados a partir de tecidos naturais, como linho, brim e algodão. O resultado são produtos exclusivos, únicos, não havendo dois iguais no mundo. Os proprietários da marca, Guilherme Araújo e Henrique Araújo, estão por trás desse projeto, que além de entregar um design inovador, oferece lentes de altíssima qualidade, com máxima proteção contra os raios solares (100% UVA/UVB). “Estamos sempre à procura de inovar, sabemos que ainda temos muitas possibilidades com o nosso produto e processo, queremos sempre melhorar e complementar. Isso é o bonito de trabalhar com o material e processo inovador. Temos um longo caminho para trilhar e descobrir.”, ressalta Guilherme.

Todo esse capricho tem origem na alegria de concretizar um grande sonho: levar uma vida mais leve e recompensadora, na qual o amor encontra expressão em dar forma as idéias! Manter a mente e o coração abertos para conhecer novos lugares e pessoas é a atitude ideal para buscar inspirações e criar novos produtos. “Por que não viver os sonhos?”, provoca Guilherme, que recém formado se entregou à aventura de empreender. A paixão por óculos de sol foi a porta de entrada para descobrir novas técnicas e materiais no processo criativo. A alegria de criar e empreender “Descobrimos a laminação de tecido com resina e nos encantamos tanto que logo testamos sua aplicação em moldes reais”, explica Henrique. Assim, nasceram as primeiras peças da Vanilla: óculos de sol feitos 100% de tecido e resina. O resultado foi surpreendente!

Devido ao uso desse material, a peça ficou mais leve e tão resistente quanto os tradicionais óculos de acetato. Adicionada a esta vantagem, o grande charme de usar óculos jeans, ou de uma determinada estampa de algodão, brim ou linho, conferindo exclusividade e toda uma bossa a cada nova peça desenvolvida. Todo o processo de fabricação é artesanal, o que possibilita que o produto seja único e exclusivo. “Nossa filosofia é que cada um tenha a liberdade de viver e se vestir de forma única. Preservar essa identidade é o que nos move para criar propostas diferentes todos os dias”, arremata Henrique.

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Após muitas pesquisas de mercado, os irmãos perceberam que se trata de um produto inovador. O mundo já conhecia óculos confeccionados em acetato, madeira e, até mesmo, acetato forrado ou laminado com tecido, mas ainda não havia óculos em que a armação fosse toda feita em tecido. A aceitação do público foi tamanha que atualmente a marca passa por um período de maturação dos processos produtivos para dar conta do recado. “Estamos investindo na ampliação de nossa engenharia de produção, melhorias no produto, amadurecendo nosso portfólio e em um futuro próximo investir pesado em marketing”, comenta Guilherme.