ID:Rio Festival: No Moda Summit, histórias inspiradoras de empreendedorismo feminino

Empreender é superar desafios, aprender o novo e colocar em prática ideias. É criar oportunidades, mas também desenvolver algo diferente, inovar. E exige vontade. Muita vontade. Que caminha junto com a criatividade, o planejamento e a disciplina. Neste cenário, o Girl Power ganha destaque por sua determinação, capacidade de liderança, organização e de obter sucesso nos empreendimentos. De acordo com a pesquisa internacional Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o Brasil é um dos países com mais mulheres empreendedoras do mundo e isso indica que a população feminina cada vez mais se empodera e busca seu espaço no mundo dos negócios. No concorrido cenário atual, todos os empreendedores tendem a encontrar panoramas desafiadores para seu business, mas em se tratando das mulheres empreendedoras, historicamente, por estarem em busca de um lugar ao sol em um ambiente predominantemente masculino, vencer algumas barreiras culturais se torna ainda mais desafiador. Por isso, empoderar-se é preciso!

E para inspirar, a todes, o Estado do Rio recebe o ID:Rio Festival, com programação 100% gratuita, que fará a sinergia entre moda, cultura, capacitação, empreendedorismo e música. Realizado a partir desta sexta-feira (dia 15) até domingo, dia 17, no Reserva Cultural, em Niterói, o festival terá como parte integrante o Rio_Moda_Summit, maratona de palestras, talks e mesas redondas com curadoria do SENAC RJ. E encerra a programação do dia 16 com o Somos Talk, reunindo Histórias inspiradoras de empreendedorismo, com palestras que compartilham trajetórias cheias de potência, conhecimento e práticas de gestão.

Dividindo suas experiências e jornadas, Giovana Pujol, que atua no setor de Articulações Corporativas do Parque Tecnológico da UFRJ; a empreendedora multifranqueada Leticia Torzerki; Kelly Goldoni, CEO da Goldoni Conecta, jornalista e estrategista em marketing; e a CEO do Grupo Projeto e mentora de empresárias, Tatyane Luncah. “Quero abordar um novo modelo de gestão mais humanizado. Tenho amigas, presidentes de grandes empresas, que achavam que teriam que abrir mão de algo para empreender. Acredito que dá para ter tudo de uma maneira organizada, ordenada e, muitas vezes, não no tempo que desejamos. Planejar é preciso”, diz Tatyane.

“Vou falar deste empreendedorismo muito mais matriarcal, de colaboração, compartilhamento. De tirar esses ‘pesos’ que foram colocados em nós, mulheres. É possível termos uma família bacana, ter uma empresa de sucesso, um relacionamento bom. É preciso acabaar com essas crenças que colocaram em nossas cabeças, como por exemplo, que mulher não é amiga de mulher. Existe um mundo com mais sororidade. Quero compartilhar como tudo pode fluir dar certo. Não acredito mais em uma realidade em que temos que ‘esmagar’ o concorrente. Acho que dá para fazer junto, aprender e dividir. Dividindo também crescemos. O mundo evoluiu e está diferente. E, nesta era pós-pandêmica as pessoas estão repensando e mudando o olhar”.

Tatyane Luncah: “É preciso tirar essas crenças que colocaram em nossas cabeças, como por exemplo, que mulher não é amiga de mulher. Existe um mundo com mais sororidade” (Reprodução)

Tatyane resume sua trajetória. “Comecei a empreender com 20 anos, quando abri minha agência. Meu maior motivador é que eu queria fazer algo diferente, que ainda não existia. Então, na época, empreendi de maneira intuitiva, empírica. Tive sucesso, mas foi dolorido. Teria sido mais fácil se eu tivesse estudo sobre empreendedorismo, uma mentoria, feito cursos, algo que me ajudasse no processo. Tinha muito conhecimento do produto que oferecia, com diferencial, por isso que atendíamos grandes clientes, mas no modelo de gestão, senti muito. A maioria das mulheres hoje empreendem buscando saber do produto, do que estão vendendo, mas quando chega na parte de gestão, geralmente pega”.

E completa: “O empreendedorismo faz parte da minha missão. Hoje compartilho conhecimento, porque é algo que gostaria que tivessem feito por mim lá atrás. Minha inspiração é ajudar mulheres a empreenderem mais e melhor. E terem lucro, liberdade, com modelos de gestão e ferramentas fáceis, que já foram aplicados e dão certo em pequenas e médias empresas. Também desejo viver muito mais esse mundo matriarcal, de compartilhamento, cocriação e de estarmos juntas. Porque a gente vem de uma era patriarcal, muito mecânica, engessada, quadradinha, cheia de processos. E hoje vivemos uma cena muito mais fluida”.

“O empreendedorismo faz parte da minha missão. Hoje compartilho conhecimento porque é algo que gostaria que tivessem feito por mim lá atrás” (Reprodução)

Leticia Torzerki foi uma das primeiras franqueadas da maior loja de brinquedos do país, a Ri Happy Brinquedos. Hoje possui seis franquias da marca. Em paralelo, e em busca constante de oportunidades, também investiu no segmento de lingerie e moda íntima, tornando-se franqueada da marca Valisère, com duas lojas. “Pretendo abordar os desafios que precisamos enfrentar para empreender, a resiliência para superar as adversidades e o estímulo para seguir em frente e conquistar novos rumos”, detalha a empresária. “Também quero destacar os caminhos percorridos e o que significou para mim.  Passando por minhas conquistas profissionais e pessoais. Acredito que com esse modelo, através de histórias reais, podemos mostrar com bastante clareza as situações adversas que vivenciamos e assim possibilitar uma identificação das pessoas, para que possam extrair de nossos exemplos uma forma de ajudar em sua trajetória”.

Leticia Torzerki: “Pretendo abordar os desafios que precisamos enfrentar para empreender, a resiliência para superar as adversidades e o estímulo para seguir em frente e conquistar novos rumos” (Divulgação)

E analisa os desafios para quem deseja empreender hoje: “Acredito que seja a capacitação do empreendedor. Empreender não é fácil e não é para qualquer um. Tem que ter visão empreendedora e financeira que preserve o fluxo de caixa. Não existe estabilidade financeira, rotinas e nem horários a cumprir. Requer  muita dedicação e trabalho duro diário. Não existe uma faculdade de empreendedorismo, o aprendizado é na prática. Por isso, a minha missão, assim como a do Somos Capacita, é de compartilhar experiências com a maior quantidade possível de empreendedores que estejam iniciando”.

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Era uma vez uma menina, que desde pequena já desejava fazer o seu melhor, pensando que seu desempenho podia chamar a atenção de alguém e trazer oportunidades. “Acredito que para muitos a história de empreender já nasce com a pessoa, corre na veia, e comigo não foi diferente. Desde nova pensava em ser vista pelo outro, que poderia vir a me contratar. É muito louco isso, mas é uma recordação de quando eu tinha 10 anos de idade. Como por exemplo, no mercado quando meus pais passavam as compras, eu ia para as sacolas arrumar e pensava em ser rápida, organizada, imaginando sempre o que o meu desempenho podia me oferecer de bônus… ser vista por alguém que pensasse: uau, ela é diferente. A partir daí, acredito que meu caminho foi traçado sempre pensando no que poderia fazer e desdobrar de forma positiva, lucrativa. Isso praticamente para todas as situações que vivenciava”, compartilha Kelly Goldoni.

A jornalista e CEO da Goldoni Conecta, conta que antes de empreender, viveu 17 anos como funcionária celetista. “Carteira assinada, contracheque, férias e décimo terceiro, a estabilidade almejada por muitos, mas que encurrala, limita e destrói toda criatividade e sagacidade de quem gosta do novo, dos desafios e de colocar em prática aquilo que acredita e sonha prosperar. Mas o que me tirava do eixo gritava, e sem muito pensar recolhi minha bagagem e fui me aventurar na vida de empreendedora. Sim, como a própria palavra diz empreende ‘dor’, afinal não é de glamour que vive o empresário brasileiro, mas de muito sangue, suor, lágrimas, alegrias, conquistas e realizações também. Afinal, merecemos”, diz Kelly.

“Da produtora cultural à agência de comunicação foram 14 anos de baixos, medianos e altos momentos. Como diria a minha coaching, a Goldoni Conecta está entrando na puberdade e para a vida adulta ainda falta passar pelo amadurecimento, para descansar na melhor idade. Estou neste exato momento na fase de amadurecimento de tudo que venho trilhando ao longo destes 14 anos. A vida de quem decide empreender é movida a desafios e repleta de conquistas que nos deixam extasiados e com a certeza de dever cumprido”.

“A vida de quem decide empreender é movida a desafios e repleta de conquistas que nos deixam extasiados e com a certeza de dever cumprido” (Divulgação)

E sobre o evento, pontua: “Vou falar sobre o que nos causa frisson, arrepio, medo, mas nos motiva a cada dia de arriscar mais, fazer diferente e demarcar a nossa marca no espaço, na vida das pessoas. Pretendo dividir um pouquinho do meu mundo, da minha realidade”.

Fechando o quarteto, Giovana Pujol, que trabalha no setor de Articulações Corporativas do Parque Tecnológico da UFRJ. “Sou a pessoa responsável pela articulação e atendimento junto às empresas residentes do parque ou de empresas que tenham o interesse em se aproximar, se instalar no parque e que busquem desenvolver projetos junto à UFRJ. Minha carreira profissional sempre se deu na prospecção de oportunidades de inovações para as empresas, seja por meio da inteiração entre as universidades e empresas, seja por meio da busca de recursos para o desenvolvimento de inovações para essas empresas, startups”, esclarece.

Giovana Pujol: “Os empreendedores brasileiros são ricos de ideias e ações, e mesmo no meio de uma pandemia mundial e em um país onde a economia esta cada vez mais desacelerada, ainda têm vontade de inovar” (Divulgação)

“No ID:Rio Festival vou relatar um pouco da minha trajetória profissional. Sou gaúcha nascida em uma cidade muito pequena no interior do Rio Grande do Sul. Na minha cidade não há indústrias e nem incentivo para as mesmas, devido à raiz ser a agricultura. E criei oportunidades para o crescimento pessoal e profissional, em ambientes desconhecidos para as pessoas que lá residem. Também pude morar e experienciar minha vida profissional em outros países”.

E completa: “Pela minha experiência profissional e estudos na área cabe destacar a força de vontade e visão dos empreendedores em nosso país. Há duas semanas tive a oportunidade de fazer parte da banca avaliadora de um dos editais da FINEP que estava prospectando startups, empresas nascentes com produtos ou processos inovadores para aportar um valor e ajudar a alavancar no mercado. Com isso, confirmei o quão rico de ideias e ações são os empreendedores brasileiros, que mesmo no meio de uma pandemia mundial e em um país onde a economia esta cada vez mais desacelerada, ainda têm vontade de inovar”.