Por Karina Kuperman
Mãe de Titi e Bless, adotados no Malawi, na África, Giovanna Ewbank já se deparou, diversas vezes, com especulações da mídia de que seria estéril. Casada com o também ator Bruno Gagliasso, ela ainda não teve o desejo de gerar um filho, mas se deparou com o amor de mãe no dia que conheceu a pequena Chissomo, a Titi, em uma viagem a trabalho para a África. A partir daí, virou mãe. E foi sobre esse assunto que Giovanna falou durante o talk show “TEDx”, no Centro Universitário FAG, em Cascavel, no Paraná. Em uma conversa com universitários, a atriz e apresentadora contou um pouco da experiência da adoção de seus filhos e falou sobre os padrões e pressões que a sociedade impõe às mulheres que não desejam engravidar. “Por que adoção? Como que uma mulher vem ao mundo e não quer gerar um ser do seu ventre? E os filhos de vocês vêm quando? Como é linda sua filha? Ela tem mãe? Seus filhos são lindos. Eles têm família? Esta são algumas das perguntas que uma mãe que não tem um filho biológico escuta todos os dias”, desabafou.
“Eu sempre achei que eu fosse uma mulher que achava que o relógio biológico nunca ia despertar. Nunca havia pensado em ter filhos. E isso veio com muito questionamento, crítica, muita pressão”, contou ela, que precisou lidar com questionamentos, inclusive, de seus próprios familiares e amigos próximos. “Hoje eu vejo que essa é uma convenção imposta pela sociedade e que não são todas as mulheres que desejam isso para si”, ressaltou.
A bela lembrou, ainda, que precisou lidar com muitos boatos envolvendo a sua fertilidade. “Eu optei pela adoção e foi uma opção da qual me orgulho muito. Mas como toda escolha feminina ela veio cheia de questões como ‘tadinha, casada há tanto tempo e não tem filhos’. Disseram que eu era estéril. Não. Eu não sou estéril. Nem meu marido. mas obviamente a duvida veio sobre mim, que sou mulher, não sobre ele, que é homem”, destaca.
Ela lembrou do dia que conheceu Titi: “Eu encontrei a minha filha e, de repente, tudo na minha cabeça sumiu. só tinha certeza absoluta de que eu queria protegê-la e amá-la para o resto da minha vida. E eu sentia que ela era minha filha, eu sei. Não sei o sentimento de uma mãe que pega o filho pela primeira vez depois do parto, mas arrisco dizer que é muito similar com o que senti ali. O meu parto foi no chão frio daquele abrigo, no meio de gente que eu não conhecia, mas não me importava com nada. O sentimento que eu tinha era de que só eu conhecia ela e só ela me conhecia, ali”, relatou. “E sabem aquilo que dizem ‘ah, ela é sua cara’? Pensam que a minha filha não ouve? Ela também ouve. A Titi é a minha cara, tem meu olhar, sorriso, mesmos gostos e o meu jeitinho. O que a sociedade precisa entender é que a adoção é sim sinônimo de maternidade e que, assim como a gestação, é transformadora. A sociedade não entende isso”.
“Eu fico muito machucada quando perguntam se eles tem família. Tem, claro. Eu, que sou mãe, meu marido, os avós, os tios. Mas eu tento ser empática e compreender quem não tem o sentimento da dádiva da adoção”, disse. “Aí me perguntam: ‘você não tem vontade de ter um filho de sangue?’. Não existe laço maior no mundo do que o amor. Hoje não tenho esse desejo, meu corpo e meu coração me dizem o tempo inteiro: eu já sou mãe”.
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