Gilberto Braga ganha placa em sua homenagem no Arpoador. Viúvo e artistas estiveram presentes na cerimônia


Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria de Conservação, instala uma placa em homenagem ao autor Gilberto Braga (1945-2021), no bairro de Ipanema. Morador do Arpoador, Gilberto Braga era um apaixonado pela cidade. A cerimônia contou com a presença do o arquiteto Edgar Moura Brasil, viúvo do autor, Fernanda Montenegro, Lucinha Araújo., entre tantos amigos

A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Conservação, inaugurou uma placa em homenagem ao autor Gilberto Braga (1945-2021), no Arpoador. Morador daquela região, no bairro de Ipanema, Gilberto Braga exaltou o Rio em quase todas as suas criações, tendo o mar do Arpex como testemunha. A placa foi instalada na Avenida Francisco Bhering, em frente ao prédio onde o autor morou durante 20 anos.

A homenagem ao novelista nasceu de um pedido de sua irmã, Rosa Maria Araújo, que esteve presente. Bem como o viúvo de Braga, o arquiteto Edgar Moura Brasil, que emocionou-se com a deferência feita pela Prefeitura: “Estou supercontente com essa homenagem, porque aqui era o lugar que Gilberto mais gostava. Fica em frente ao escritório dele, onde ele olhava a praia e ficava bolando os personagens todos”, contou.  Edgar e Gilberto eram casados há quase 50 anos, mas oficializaram a relação apenas em 2014. Braga, inclusive, usou do nome do amado para batizar um personagem na novela “Dancin’ Days“, seu primeiro sucesso no horário das 20h. Coube a Moura Brasil, também, ser assistente de direção em “Anos Dourados“, sucesso de 1986.

Além dele, as atrizes Deborah Evelyn e Fernanda Montenegro estiveram presentes. A primeira foi madrinha de casamento de Braga, assim como seu ex-marido, Dennis Carvalho. Este, que por sua vez foi filho de Montenegro, a vilã Chica Newman da novela “Brilhante”. Na trama, o personagem de Carvalho era gay. A abordagem da questão homossexual em 1981 gerou grande polêmica. Mais tarde, a própria Fernanda seria alvo de críticas ferinas por ser a lésbica Teresa, de “Babilônia“. Em homenagem ao amigo, a atriz declarou: “Gilberto Braga sempre se interessou pela cultura e fez trabalhos inesquecíveis. O Arpoador está se tornando um espaço que é referência para a cultura: já tínhamos o Millôr, mais adiante, e, agora, temos Gilberto Braga. A gente se comove com essa homenagem, porque ele merece. Quem passear por aqui vai ter que dar uma paradinha e ler uma saudação a esse criador, escritor, dramaturgo e novelista”.  Outra a marcar presença foi Lucinha Araújo, mãe de Cazuza (1957-1990). Lucinha também tem uma história curiosa com o autor. Fez parte da trilha sonora de “Água Viva“, cantando uma música de Cartola (1908-1980). Todos os presentes, tal como o Rio, dialogam com a história do homenageado.

Gilberto Braga é homenageado com uma placa, no Arpoador. Lucinha Araújo, Edgar Moura Brasil,  Rosa Maria Araújo e Fernanda Montenegro (Foto: Samuel Barcellos/Prefeitura do Rio)

Lucinha Araújo declarou, inclusive, que Cazuza tinha ciúmes de Gilberto: “Meu filho tinha o maior ciúme dele. Dizia ‘mamãe, seu namorado está ao telefone’. Após esta memória, a viúva de João Araújo (1935-2013), comentou: “Falar de Gilberto é muito difícil para mim. Era meu amigo há mais de 50 anos, além de grande autor. Quando a gente pensa que aquela cabeça parou de funcionar… Mas ele deixou uma obra que vai continuar o nome dele por muitos anos”. Ao fim, rendeu-se à emoção: “Gilberto, te amo”. Aliás, importante destacar que em seu maior sucesso teledramatúrgico, a imorredoura “Vale Tudo“, o autor lançou mão de duas músicas de Cazuza na trilha: “Brasil“, na abertura, e “Faz Parte do meu Show“, tema de Cassio Gabus Mendes e Lídia Brondi.

A cunhada de Moura Brasil destacou o amor de Gilberto pela cidade: “Essa homenagem veio a calhar, Gilberto iria gostar muito. A paixão dele pelo Rio nós víamos a cada vez que ele viajava. Ele dizia: o melhor é voltar para o Rio, voltar para casa. Foi um grande criador e um grande carioca. Agradecemos muito à Prefeitura por essa homenagem e temos certeza de que ele vai ficar aqui para sempre”, declarou.

Fernanda Montenegro e Deborah Evelyn (Foto: Samuel Barcellos/Prefeitura do Rio)

A secretária de Conservação, Anna Laura Valente Secco, ressaltou a importância de se “perpetuar a memória de Gilberto Braga em um de seus lugares preferidos”. O subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle, se disse emocionado em “estar à frente da Subprefeitura da Zona Sul no momento desta homenagem a um dos maiores nomes da teledramaturgia brasileira, que é referência mundial”.

Gilberto Tumscitz Braga tinha sobrenome austríaco, mas aprendeu a esquiar… em Ipanema! Bairro que hoje volta seu olhar para um de seus filhos ilustres. Lugar que que conheceu de perto o homem de indelével senso crítico, especialmente consigo próprio, e que dizia “envergonhar-se algumas cenas escritas em ‘Dancin’ Days” e que “não entendia o sucesso mundial de “Escrava Isaura“. Depois de haver escrito tantos capítulos, e dedicar ao Rio vários deles, chegou a vez de a própria cidade homenageá-lo.

E nós o homenageamos com a mesma palavra que título de novela que ele co-escrevera em 1975, com Janete Clair (1925-1983): Bravo!

Em 1975, Gilberto Braga foi coautor de “Bravo!”. Interjeição que a cidade parece usar em sua homenagem (Foto: Samuel Barcellos/Prefeitura do Rio)