O Largo da Batata, em São Paulo, foi tomado por música e manifestação ontem à tarde. Por lá, artistas como Caetano Veloso, Péricles, Sônia Braga, Criolo e Maria Gadú e políticos como o deputado estadual do Rio Marcelo Freixo e o vereador de São Paulo Eduardo Suplicy se reuniram para o ato em comemoração aos 20 anos do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). O encontro, que reuniu cerca de 30 mil pessoas, de acordo com o coordenador nacional do movimento, Guilherme Boulos, ocorreu um mês após a juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública, proibir um show de Caetano em um dos assentamentos, em São Bernardo do Campo.
De acordo com Boulos, a comemoração de ontem foi uma resposta ainda maior ao veto da juíza que, em outubro, alegou que o assentamento não teria estrutura para receber uma apresentação de Caetano Veloso. “Foi a intolerância que proibiu o show do Caetano na ocupação. (…) O que eles conseguiram é que o show do Caetano, que ia ser para 7 mil pessoas em São Bernardo, virasse um show para mais de 30 mil pessoas no Largo da Batata”, disse o coordenador que também usou o microfone para criticar o governo federal e a reforma na previdência. “Não contentes com tudo que têm feito no Brasil, querem aprovar uma reforma que tira o direito à aposentadoria do povo brasileiro. E nós não podemos permitir”, completou Guilherme Boulos.
Em uma apresentação que começou com “Sampa”, sua música autoral dedicada à capital paulistana, e terminou com “Tieta”, em quase duas horas de show, Caetano Veloso mostrou através de sua arte o apoio à causa do MTST. Já Maria Gadú foi explicita e usou o microfone para ecoar um grito que se repetiu várias vezes na manifestação de ontem. Do alto, a cantora gritou “Fora Temer” duas vezes e foi acompanhada pelo público que lotou o Largo da Batata.
Nos discursos, Sônia Braga também se manifestou e leu uma carta sobre os direitos humanos, enquanto a produtora Paula Lavigne, que é do Movimento 342 Artes, um dos idealizadores do evento de ontem, agradeceu à juíza pelo veto em outubro. Para ela, a proibição do show de Caetano no assentamento em São Bernardo do Campo possibilitou involuntariamente a realização de um ato maior na capital.
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