*Com Leonardo Rocha
Lindas, estilosas e magras na passarela as modelos são as responsáveis por apresentar as criações de grandes nomes do cenário da moda nacional e internacional. Esteriótipos e glamourizações à parte, engana-se quem pensa que a vida dessas profissionais é só alegria e carão. Recentemente, uma modelo de 20 anos do Ceará, Délleny Mourão, usou sua página na rede social para revelar que nos backstages dos desfiles presenciava companheiras de profissão tomando laxante e drogas para manter o peso nos “padrões aceitáveis”. Segundo a jovem, as modelos costumam passar dias sem comer ou se alimentando mal, vomitando antes de apresentações e prejudicando as respectivas saúdes em prol deste corpo considerado ideal. Contrária a essa situação, Délleny Mourão teve seu contrato rompido por não conseguir estar tão magra quanto as companheiras.
Durante os seis dias de SPFWTRANSN42, o site HT passeou pelos backstages para saber dos jovens e consagrados nomes do mundo da moda como é essa situação nos bastidores dos desfiles. A começar pela experiente Fernanda Tavares, que hoje tem 36 anos e já foi considerada uma das quatro modelos mais badaladas do mundo, ela nos contou que, de fato, essas histórias existem. Integrante do casting da Água de Coco nesta edição da SPFW, Fernanda revelou, inclusive, que já tentou medidas alternativas e erradas para a perda de peso instantânea. “Existem muitas loucuras em backstage que não vazam. Eu mesma já tomei laxante antes de um desfile. No dia seguinte, eu ia fazer uma apresentação de lingerie e tinha decidido experimentar para ver se eu dava uma secada. Só que eu achei que apenas um laxante não fosse fazer efeito e tomei logo dois. Acabou que só atrapalhou. Eu ferrei o meu estômago, passei mal o dia inteiro”, revelou.
Com o passar dos anos e o amadurecimento pessoal e profissional, Fernanda Tavares contou que deixou essas práticas prejudiciais à saúde de lado. Apesar de ainda ter maneiras para obter um resultado mais rápido, hoje, eles são mais saudáveis. “Hoje em dia, eu não faço loucuras, mas continuo tendo ações mais rápidas quando eu preciso. Atualmente, eu gosto de fazer um detox líquido com muitos sucos para conseguir secar de forma mais rápida”, disse.
Nome de peso e promissor das passarelas brasileiras e estrangeiras, Bruna Tenório disse desconhecer tais prática. A modelo, que desfilou para diversas grifes nesta edição da SPFWTRANSN42, garantiu que nunca soube de histórias como o depoimento da jovem do Ceará. “Entre as minhas amigas e as modelos que fazem parte do meu convívio, eu nunca fiquei sabendo de histórias como a de laxante ou drogas. Mas, provavelmente, devem existir casos de meninas mais desesperadas”, argumentou Bruna que não acredita na funcionalidade destes métodos. “Eu acho preocupante e não acredito que isso funcione e faça diferença da noite para o dia. Em algum momento, essas práticas vão acabar prejudicando a saúde e o próprio desempenho da modelo. Por isso não acho legal, porque quando você não é saudável e magra por natureza, acaba transparecendo na sua energia, no olhar, de alguma forma”, concluiu.
Para manter as medidas, Bruna Tenório disse que a genética é mais forte do que as preocupações e medidas diárias. “Meus pais sempre foram bem magros e eu nunca tive tendência para engordar. Inclusive, quando era mais nova, eu queria ganhar mais peso para ter curvas como minhas amigas. Hoje, o meu cuidado com o corpo é muito mais por uma questão de saúde do que de estética”, contou a modelo que reconheceu que, de fato, existem essas cobranças por corpos bem magros para as passarelas. “Existe realmente um padrão necessário para ser modelo porque os próprios estilistas, quando vão criar as coleções, imaginam aquela proporção de corpo ideal para peças. Então, como modelo a gente precisa seguir essas medidas. Mas, acima de tudo, eu acho que precisamos respeitar o nosso corpo e a nossa genética”, ressaltou.
Afastada das passarelas, mas não do mundo da moda, a top Isabella Fiorentino era figurinha carimbada por entre os desfiles da SPFWTRANSN42. Questionada sobre o assunto, a apresentadora do “Esquadrão da Moda”, no SBT, deixou claro que antes de ter certeza de investir no sonho de uma carreira nas passarelas é preciso entender que o biotipo da pessoa é muito importante, porque, segundo ela, o mercado é muito exigente.
“A indústria da moda é de fato muito dura com as meninas, mas porque tem que ser. É a mesma questão de um jogador de futebol estar fora de sua forma física: ele não vai ter uma performance adequada. Para moda é assim também, as modelos precisam entender que elas têm que se encaixar em um biotipo, por isso a carreira é muito curta. Você não consegue manter um corpo de adolescente por muitos anos. Pode ser uma carreira meteórica, mas curta. É um preço que se paga. Por isso costumo dizer que modelo nasce modelo. Você tem que ter o biotipo e não dá pra você lutar muito contra sua genética, porque se você não se encaixa, acaba agregando coisas que não vão lhe fazer bem”, ressaltou Isabella.
E sobre o assunto ela entende, já que quando começou a ganhar corpo, a ex-modelo passou a sofreu de anorexia para manter o corpo magro e esbelto. Um guerra pela qual ela luta até os dias de hoje. “Nos anos 90, era bem mais complicado, tanto que quando fui ganhando mais peso e um corpo de mulher, acabei ficando doente e tendo anorexia decorrente da carreira. Apesar de na época eu ter sido muito magra, lá pelos meus vinte e poucos anos eu já começava a ter um corpo de mulher com curvas e tal. Lembro que foi bem na época de 90, que se exigia aquele beleza esquálida mais magra e então eu tinha que em enquadrar naquele perfil e acabei ficando doente. Os remédios nunca são opção. É um quadro muito triste”, disse ela, que, no entanto, destacou que as novas gerações de modelo se apresentam bem mais saudáveis que em sua época. “Depois graças a Deus veio Gisele Bündchen com toda aquela brasilidade feminina e os padrões se modificaram um pouco mais”, relembrou.
Com um ponto de vista diferente, Renata Kuerten, que desfilou pela Água de Coco e pela Memo + Lolitta nesta edição do evento, destacou que, apesar dos esteriótipos, nem todas as modelos passam por grandes pressões para manter as medidas exigidas pelo mercado. E ela ainda foi capaz de ressaltar que é apaixonada pela profissão. “Eu nunca sofri com isso. Eu sempre gostei malhar e me cuidar. Nunca tive contato com meninas que precisassem se maltratar tanto para desfilar. A nossa carreira é muito boa. Só de você ter a oportunidade de viajar o mundo e conhecer novas culturas é perfeito. É uma bagagem que colégio nenhum pode te dar”, avaliou.
Outra veterana do mundo fashion que condenou o uso de remédio foi Ana Hickmann. Atualmente no comando do programa “Hoje em Dia”, da Record, a modelo famosa por ostentar seus 1,20m só de perna disse que a medicina preventiva tem avançado muito. Ainda assim, ela prefere manter um corpo mais curvilíneo. “Quando comecei, a gente sabia que para ingressar nessa carreira era preciso ter um padrão. Mas acho que usar remédios e outras drogas para emagrecer é muito perigoso. Existem tantas alternativas mais saudáveis para se conquistar um objetivo como com nutricionistas, exercícios, endocrinologistas… e a idade também ajuda muito, porque a carreira termina cedo. Graças a Deus nunca precisei disso, mas quando me aposentei me permiti ter um pouco mais de curvas. É muito sacrificante”, completou.
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