Não é sempre que uma estilista brasileira consegue ter seu espaço no mercado e cair nas graças das maiores celebridades internacionais. Mas essa foi a história de Daniella Helayel, idealizadora da Issa, marca responsável pelo vestido que Kate Middleton vestiu na entrevista na qual o casal real anunciava o seu noivado ao mundo todo. Apesar de todo o prestígio conquistado, o império, que chegou a valer 24 milhões de euros ao longo dos 13 anos, chegou ao fim. Agora, a designer se prepara para lançar sua mais nova grife, a Dhela, e desabafa sobre todo o sucesso ter sido um tiro pela culatra.
Em entrevista ao Daily Mail, a brasileira, que reside no Reino Unido desde 2000 se recorda do que aconteceu no momento em que a atual Duquesa de Cambridge apareceu em público usando o seu vestido. “Eu não tinha a menor ideia que Kate iria usá-lo. Ela apareceu no estúdio ocasionalmente, mas também foi na Fenwick, e eu acho que foi lá que comprou o famoso modelo azul. Na manhã da entrevista, eu recebi uma ligação de um amigo me avisando sobre o noivado real, e fiquei muito animada!”, lembrou. Na ocasião, a duquesa usava um vestido baseado em um modelo que a avó de Daniella, que era costureira, costumava vestir, e que não tinha nem um nome específico. “Não tínhamos TV no ateliê e isso foi antes do Instagram existir, mas logo que ficamos sabendo que ela estava vestindo Issa os telefones começaram a tocar e não pararam mais. Foi muito louco”, relembra Daniella.
O resultado? Todas as peças do vestido que, segundo a estilista, é o vestido autêntico da marca,foram vendidas em cinco minutos e encomendadas novamente por várias outras vezes. “A Kate vestiu Issa por muitos anos e era uma ótima cliente, os vestidos ficavam ótimos nela”, reconhece Daniella. Apesar da explosão que se sucedeu após o uso da Duquesa, a marca já tinha conquistado os corações das estrelas de Hollywood. “Madonna tinha um guarda-roupa cheio de vestidos nossos, e mandava suas assistentes comprarem pilhas de roupas. Ela era muito leal e contou a todos sobre a minha marca”, confessou. Outras estrelas como Kylie Minogue, Jennifer Lopez e Eva Mendes também viraram fãs da marca.
Entretanto, o sucesso abrupto que fez a grife ficar conhecida após a transmissão do noivado real não foi tão bem vindo assim. Ironicamente, ele piorou o estado no qual a marca se encontrava. “Desde o dia do anúncio do casamento real, nossas vendas duplicaram. Não tínhamos o dinheiro para financiar a produção nessa escala. O banco se recusou a me dar crédito, e a fábrica estava gritando para eu pagar minhas dívidas, então eu precisava de um investimento”, explicou. A essa altura, e com muitas contas a pagar, a estilista vendeu mais da metade de sua empresa para Camila Al-Fayed, filha do magnata egípcio Mohamed Al-Fayed. O que parecia ser um alívio para a empresa resultou na saída da fundadora da direção criativa, dois anos depois de terem começado a sociedade.
Depois do passado conturbado, Helayel decidiu parar de desenhar por um tempo, devido à forma dolorosa como a marca que fundou e trabalhou por 10 anos tinha acabado. “Eu tinha uma ótima companhia, que eu construí sozinha por uma década, e olhar pra ela se esvaindo acabou comigo. Eu fiquei dois anos sem desenhar mais nada, porque era doloroso demais, e eu tenho certeza de que ninguém sabe o quanto eu sofri, mas eu sempre acreditei que o que não te mata, te fortalece. Então eu viajei, fiz yoga, e visitei minha família no Brasil“, desabafa.
E foi durante uma das viagens que a designer cogitou a possibilidade de começar a desenhar novamente. Ela conta que sua nova grife começou após uma visita ao Japão para visitar um de seus distribuidores. “Fui visitar um dos meus parceiros ano passado, e ele me ofereceu a oportunidade de começar uma linha nova. Então eu me senti como se pudesse criar de novo, e foi libertador.” Assim nasceu a Dhela, cujo nome é um trocadilho entre seu nome e o pronome possessivo, dela. “A marca é uma representação real de mim e do meu trabalho”, revelou.
Dhela tem suas roupas produzidas na China, e conta com 80 peças na coleção primavera/verão, e 100 para a coleção de outono/inverno. “Fazer todas essas novas roupas foi como um processo de cura, e ainda existem trejeitos da Issa nesse novo trabalho, mas são remanejados e com uma nova cara. Os vestidos sempre vão fazer parte das minhas coleções, mas agora o interesse principal é a malha e eu estou muito contente com essa nova linha”, comemora. “Voltar a fazer o que eu amo tem sido uma experiência maravilhosa que só me mostrou o quanto eu sentia falta de criar”.
As peças da Dhela ainda não tem previsão de venda no Brasil e, por enquanto, as peças só estão disponíveis a venda no Reino Unido através do site, www.dhela.com.
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