O seriado “A Cara do Pai” ainda nem começou e já está envolvido em polêmicas. No ar a partir do dia 18 de dezembro, na Globo, a atração dominical estrelada por Leandro Hassum e Mel Maia tem passado por conflitos internos entre o posicionamento da emissora carioca e a parte criativa do programa. Faltando menos de dez dias para a estreia, o roteirista Pedro Cursino pediu demissão da trama por divergências no processo de produção do humorístico. Apesar de se tratar de um trabalho bastante autoral para Cursino, já que a história é baseada em sua vida, Daniel Adjafre, que promoveu algumas mudanças nos quatro primeiros episódios, entra como substituto. “Era um seriado autoral, mas a gente aprende a desapegar depois de um tempo. É claro que fica aquela dor de corno de ver no ar algo que é seu”, desabafou ele, ao site “Notícias da TV”.
Pedro Cursino, conhecido por levar mais de 27 milhões de brasileiros aos cinemas por emplacar sucessos de bilheterias como em “De Pernas pro Ar” e “Até que a Sorte Nos Separe”, disse que o programa foi concebido e inspirado na situação de pais separados. A trama mostra a relação entre Théo, vivido por Hassum, e a filha pré-adolescente, Duda (Mel Maia) – histórias que se confundem com a vida do criador como da criatura. Afinal, recém divorciado, o comediante de stand up comedy volta a morar com o pai (Walter Breda), e vive fazendo a filha passar vergonha na frente dos amigos do colégio.
“É a minha experiência que está ali. A minha filha é um pouquinho mais nova do que a Mel. Eu vejo minha filha todo final de semana e no meio de semana às vezes ela vem pra cá, mas a impressão é que você perde alguns detalhes do crescimento dela. É essa brincadeira de você não saber mais lidar com a filha, do jeito que você lidava antes. É um seriado muito mais carinhoso, pai e filha”, afirmou.
Mas, apesar do afeto pessoal que sente pelo trabalho, os problemas com a Globo e os desencontros nos bastidores começaram a pesar na continuidade de Cursino por trás do programa. “Na época, eu falei: ‘Eu gostaria de desenvolver mais episódios, independentemente de entrar no ar ou não’. E aí a Globo foi muito categórica, falou ‘Não, não, vamos primeiro colocar esses quatro episódios no ar, ver qual vai ser a audiência, e aí você escreve o restante’. Eu falei ‘Okay'”, lembrou ele, completando: “Isso foi em abril, entrei em outros projetos. Quando chegou agosto, a Globo me chamou e disse que tinha ‘uma oportunidade boa de botar o seriado já na grade fixa de 2017’. É tudo o que um autor gostaria de ouvir”, recordou.
No entanto essa boa notícia teria um preço. Ao mesmo tempo que a atração ficaria por mais tempo no ar, a emissora encomendou, então, 12 episódios para serem entreguem em tempo recorde. Situação inviável para o roteirista. “Eu tomei um susto. Caramba, 12 episódios de humor em três meses?”, lembrou ele, ressaltando que, a série não vinha sendo tratada com o respeito que merecia. “É um projeto do qual eu me orgulho muito, mas que passou por um processo muito atabalhoado. Por exemplo, a gente começou com o Pedro Vasconcelos como diretor, com quem tenho muita afinidade, mas que saiu, foi pra novela da Glória Perez. Num dado momento, me vi sem um diretor em quem confiava e sozinho, sem autores disponíveis para trabalhar. Me sugeriram dois ou três autores lá de dentro, com quem não estava acostumado a trabalhar, então acabei saindo”, reafirmou.
Com tudo, depois do impasse com a rede Globo, Pedro Cursino manteve as portas abertas para a emissora, mas não pretende voltar tão cedo à TV. Atualmente ele se dedica às gravações do longa “O Candidato Honesto 3”, também com Leandro Hassum, e uma cinebiografia do ex-trapalhão Mussum, ambos dirigidos, em 2017, por Roberto Santucci.
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