Saiba quem é Jéssica Mara, a modelo que chamou atenção no Rio Moda Rio: “Já ouvi: ‘não aceito negras no meu casting’ e sou comparada a Jorge Lafond”


Modelo, que também investe na carreira de atriz, contou que não se incomoda com as comparações ao humorista Jorge
Lafond. “Hoje as pessoas ficam brincando comigo e me chamando de Vera Verão e gritando “Êpa” (bordão do personagem) nas ruas, mas eu nem ligo”

O tropical e colorido desfile da Blue Man, no Rio Moda Rio, tinha tudo para ser apenas mais um grande trabalho no currículo da modelo Jéssica Mara, de 24 anos. Natural de Volta Redonda, no sul do estado do Rio, a morena já foi capa da revista “Vogue” e modelou para grifes como Helena Pontes, Guilherme Tavares, Bo.Bô e Lenny Niemeyer – só para citar algumas. A apresentação da coleção de verão da marca de moda-praia seguiu impecável aos olhos dos convidados, mas a estilista Sharon Azulay ainda tinha uma animada carta na manga: ao final do desfile, a passarela foi tomada pelo ritmo do funk com o Dream Team do Passinho  pegando todos os presentes de surpresa. Mas, afinal, o que Jéssica Mara tem a ver com toda essa história? Acontece que no meio do show, a modelo invadiu o palco e se jogou na dança do passinho juntamente com o grupo. E ela manda muito bem!

Jéssica Mara (Foto: Divulgação)

Jéssica Mara (Foto: Divulgação)

Ficou curioso? Nós do HT também e, por isso, fomos atrás dela para saber, na real, quem é esta mulher. “No final das contas, eu não sei o que me deu. Estava tudo programado para os modelos dançarem um pouquinho nos seus lugares, mas eu acabei me empolgando demais com a música deles. A batida do funk bateu forte e eu senti a necessidade de ir para o meio da passarela requebrar. Dançar com o Dream Team do Passinho foi muito divertido. Eles são uns queridos”, disse ela aos risos, que revelou ter uma ligação de amizade com o grupo. “Eu acabei de gravar um clipe da música “Vai Dar Ruim”, que eles vão lançar agora. Admiro a garra e o trabalho desses meninos tão queridos”, disse.

Apesar do extenso currículo, Jéssica contou que nem sempre as coisas foram tão fáceis assim. Para poder seguir
com a carreira de modelo, ela teve que trabalhar como barwoman em um pub de sua cidade. “Trabalho com moda já há algum tempo e hoje faço teatro contemporâneo paralelamente. Sempre tive o objetivo de desfilar pela Blue Man e, agora, fiz essa campanha maravilhosa com a Sharon, mas o início foi bastante complicado. Eu comecei com 15 para 16 anos, lá no interior do Rio, e só me considerei profissional quando fiz o meu primeiro Fashion Rio, em 2012″, contou. “Eu sempre achei tudo muito difícil por conta dos diversos “nãos” que a gente leva nesse meio. Antes. eu tinha cabelo comprido, agora raspei, mas já existiam diversas negras carecas no mercado. Como nada é impossível nessa vida, aos pouquinhos a gente vai chegando lá”, comentou ela.

Dream Team do Passinho no desfile da Blue Man com uma modelo da marca (Foto: AgNews)

A modelo se arriscando no funk junto com o Drem Team do Passinho (Foto: AgNews)

Falando em aparência, Jéssica ainda garantiu que leva na esportiva as comparações com o humorista Jorge  Lafond, morto em 2004. “Eu tive que raspar o cabelo por causa da agência. O meu cabelo era enorme e eu alisava sempre. Quando tive que fazer esse processo de desapego, eu não sabia se iria dar certo. O primeiro ano foi muito complicado pra mim. Eu sofri muito, porque o cabelo é a base da autoestima da mulher, né? Eu demorei um ano para me acostumar com a careca” disse, acrescentando: “Hoje, as pessoas ficam brincando comigo e me chamando de Vera Verão e gritando “Êpa” (bordão do personagem) nas ruas, mas eu nem ligo. Esse visual acabou me deixando mais confiante e bonita”, contou aos risos.

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Apesar dos traços fortes, dos 56 quilos bem distribuídos por 1,82 metros de altura, características perfeitas
para uma modelo de sucesso, a moça também foi vítima de preconceito racial por diversas agências por onde tentou ingressar. “Olha, existe um pouco de racismo, mas já foi bem mais difícil. Antigamente eu escutava das pessoas:
‘eu não aceito negra no meu casting’. O que para mim era muito difícil de engolir. Eu nunca entendi por que as
pessoas agem dessa forma. Acho que somos todos iguais, sabe? Mas eu tentei sempre levar pelo lado positivo e
pensar que alguém, um dia, iria gostar do meu trabalho e me aceitar do jeito que eu sou: careca e negra. Hoje,
eu estou aqui, né?”, comentou ela, que aproveitou para reafirmar o movimento feminista.

“Eu acho maravilhoso. As mulheres estão tomando coragem para falar e fazer aquilo o que querem. As mulheres hoje não estão preocupadas com a opinião alheia, elas estão voltadas para elas mesmas. É lindo ver as mulheres se
emponderando e se embelezando cada dia mais”, completou.

Modelo no desfile da Blue Man, na Rio Moda Rio (Foto: AgNews)

Modelo no desfile da Blue Man, na Rio Moda Rio (Foto: AgNews)

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