Uma batalha que vai além do próprio ofício. Geyson Luiz está em “Sintonia – O Último Baile”, que estreou na Netflix. Na produção, ele interpreta Bagre, um detento veterano que exerce um papel fundamental na comunicação dentro do presídio e se envolve em uma tentativa de fuga ao lado de Nando (Christian Malheiros). Antes de alcançar essa fase na carreira, entretanto, o caminho do artista foi marcado por desafios intensos.
Nascido em Limoeiro, na Zona da Mata pernambucana, Geyson fugiu de casa aos 13 anos para seguir o sonho de ser artista. Durante esse período, enfrentou momentos difíceis, chegando a morar nas ruas de cidades de Minas Gerais. A virada veio quando foi convidado a trabalhar no circo do ator Marcos Frota e no Le Cirque, levando alegria ao público. Posteriormente, encontrou abrigo e desenvolvimento artístico no Centro Cultural Piollin, uma ONG em João Pessoa dedicada ao crescimento infanto-juvenil através da arte, cultura e educação. Foi lá que se tornou estudante e monitor, consolidando sua formação no meio cultural.
Em “Sintonia”, o personagem de Geyson é intenso e estratégico: “Bagre desempenha um papel crucial na comunicação dentro do presídio. Uma de suas funções é articular fugas de presidiários. E Nando, o personagem central da trama, o encontra e vê nele uma possibilidade de saída. A arte acontece e resiste porque a vida não basta. E ‘Sintonia’ dialoga com todas as periferias do nosso país; sua linguagem é única e começa a partir da memória e dos sonhos do povo”, explica o ator.

Geyson acredita que esse é o momento para se divulgar a arte do Nordeste (Foto: Diogenes Mendonça)
Geyson deu seus primeiros passos na interpretação ainda na escola, em sua cidade natal. Desde então, sua trajetória tem sido marcada pela autenticidade e pela dedicação à arte. Em 2025, o ator aguarda ansiosamente o lançamento de “Maria e o Cangaço” na Disney+, uma produção que retrata a vida de Maria Bonita. Além disso, ele estará presente em festivais de cinema pelo Brasil com o filme paraibano “O Braço” e nos longas “Ao Sabor das Cinzas” e “Coração de Lona”.
A arte tem o dever não apenas de entreter, mas também de fazer o público refletir. Sou artista nordestino e meus projetos atuais são histórias nordestinas que trazem reflexões sobre política, memória e desenvolvimento cultural no cotidiano do cidadão brasileiro. Em ‘Coração de Lona’, por exemplo, o público poderá ver a história de uma família circense. Já a série ‘Maria e o Cangaço’, da Disney+, retrata o cangaço, que surgiu como uma forma de protesto contra as injustiças sociais enfrentadas pela população pobre e suas figuras históricas ainda dividem opiniões quanto ao seu caráter e aos fatos relacionados ao banditismo – Geyson Luiz
Aos 27 anos e com mais de duas décadas de carreira, Geyson Luiz alcançou projeção nacional ao protagonizar as duas temporadas (2019 e 2024) da série “Lama dos Dias”, que revive o surgimento do movimento manguebeat e retrata a efervescente cena cultural do Recife nos anos 1990. A série está disponível no Globoplay. Ele também se destacou em “Cangaço Novo”, na Prime Video, e no premiado filme pernambucano “Salomé”, vencedor de diversos prêmios no Festival de Cinema de Brasília em 2024.

Geyson Luiz morou nas ruas, em Minas, mas foi resgatado pelo circo (Foto: Diógenes Mendonça)
“Este é um momento crucial para o Nordeste e para o Brasil, que está em ascensão no cenário audiovisual latino-americano e mundial. E, sendo um ator que se preocupa com a juventude e a educação do país, sinto a necessidade de comunicar ao público, especialmente aos jovens que apreciam obras brasileiras. A função do artista é estar presente, conectado à natureza, à civilização e ao seu tempo, ocupando os espaços do entretenimento e propondo novos horizontes na construção de narrativas que abordem as extremidades do nosso país”, reflete o ator, que atualmente cursa licenciatura em teatro na UFPB (Universidade Federal da Paraíba).
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