Geyson Luiz, ator que já chegou a morar nas ruas, brilha em série do streaming e luta pelo protagonismo nordestino


Ator integra o elenco de “Sintonia – O Último Baile”, da Netflix, como Bagre, um detento estratégico envolvido em uma tentativa de fuga. Nascido em Limoeiro (PE), Geyson enfrentou desafios desde cedo, incluindo morar nas ruas. Sua trajetória artística começou em circos e foi consolidada no Centro Cultural Piollin, em João Pessoa. Além de “Sintonia”, ele estará em “Maria do Cangaço” (Disney+) e presente em festivais de cinema pelo Brasil com o filme paraibano “O Braço” e os longas “Ao Sabor das Cinzas” e “Coração de Lona”. Aos 27 anos, Geyson celebra a ascensão do audiovisual nordestino e cursa licenciatura em teatro na UFPB.

Uma batalha que vai além do próprio ofício. Geyson Luiz está em “Sintonia – O Último Baile”, que estreou na Netflix. Na produção, ele interpreta Bagre, um detento veterano que exerce um papel fundamental na comunicação dentro do presídio e se envolve em uma tentativa de fuga ao lado de Nando (Christian Malheiros). Antes de alcançar essa fase na carreira, entretanto, o caminho do artista foi marcado por desafios intensos.

Nascido em Limoeiro, na Zona da Mata pernambucana, Geyson fugiu de casa aos 13 anos para seguir o sonho de ser artista. Durante esse período, enfrentou momentos difíceis, chegando a morar nas ruas de cidades de Minas Gerais. A virada veio quando foi convidado a trabalhar no circo do ator Marcos Frota e no Le Cirque, levando alegria ao público. Posteriormente, encontrou abrigo e desenvolvimento artístico no Centro Cultural Piollin, uma ONG em João Pessoa dedicada ao crescimento infanto-juvenil através da arte, cultura e educação. Foi lá que se tornou estudante e monitor, consolidando sua formação no meio cultural.

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Em “Sintonia”, o personagem de Geyson é intenso e estratégico: “Bagre desempenha um papel crucial na comunicação dentro do presídio. Uma de suas funções é articular fugas de presidiários. E Nando, o personagem central da trama, o encontra e vê nele uma possibilidade de saída. A arte acontece e resiste porque a vida não basta. E ‘Sintonia’ dialoga com todas as periferias do nosso país; sua linguagem é única e começa a partir da memória e dos sonhos do povo”, explica o ator.

Geyson acredita que esse é o momento para se divulgar a arte do Nordeste (Foto: Diogenes Mendonça)

Geyson deu seus primeiros passos na interpretação ainda na escola, em sua cidade natal. Desde então, sua trajetória tem sido marcada pela autenticidade e pela dedicação à arte. Em 2025, o ator aguarda ansiosamente o lançamento de “Maria e o Cangaço” na Disney+, uma produção que retrata a vida de Maria Bonita. Além disso, ele estará presente em festivais de cinema pelo Brasil com o filme paraibano “O Braço” e nos longas “Ao Sabor das Cinzas” e “Coração de Lona”.

A arte tem o dever não apenas de entreter, mas também de fazer o público refletir. Sou artista nordestino e meus projetos atuais são histórias nordestinas que trazem reflexões sobre política, memória e desenvolvimento cultural no cotidiano do cidadão brasileiro. Em ‘Coração de Lona’, por exemplo, o público poderá ver a história de uma família circense. Já a série ‘Maria e o Cangaço’, da Disney+, retrata o cangaço, que surgiu como uma forma de protesto contra as injustiças sociais enfrentadas pela população pobre e suas figuras históricas ainda dividem opiniões quanto ao seu caráter e aos fatos relacionados ao banditismo – Geyson Luiz

Aos 27 anos e com mais de duas décadas de carreira, Geyson Luiz alcançou projeção nacional ao protagonizar as duas temporadas (2019 e 2024) da série “Lama dos Dias”, que revive o surgimento do movimento manguebeat e retrata a efervescente cena cultural do Recife nos anos 1990. A série está disponível no Globoplay. Ele também se destacou em “Cangaço Novo”, na Prime Video, e no premiado filme pernambucano “Salomé”, vencedor de diversos prêmios no Festival de Cinema de Brasília em 2024.

Geyson Luiz morou nas ruas, em Minas, mas foi resgatado pelo circo (Foto: Diógenes Mendonça)

“Este é um momento crucial para o Nordeste e para o Brasil, que está em ascensão no cenário audiovisual latino-americano e mundial. E, sendo um ator que se preocupa com a juventude e a educação do país, sinto a necessidade de comunicar ao público, especialmente aos jovens que apreciam obras brasileiras. A função do artista é estar presente, conectado à natureza, à civilização e ao seu tempo, ocupando os espaços do entretenimento e propondo novos horizontes na construção de narrativas que abordem as extremidades do nosso país”, reflete o ator, que atualmente cursa licenciatura em teatro na UFPB (Universidade Federal da Paraíba).