Autora fala sobre retorno de “Esplendor” ao Globoplay, novela com Letícia Spiller que era para ser um tapa-buraco e virou um sucesso


Com Letícia Spiller e Floriano Peixoto como protagonistas, a novela “Esplendor” acaba de entrar no catálogo do Globoplay, gerando polêmica, inclusive com reclamações da autora Ana Maria Moretzsohn. “Essas são decisões da Globo que a gente não entende… “Estrela-Guia” foi reprisada [no Viva], mas “Esplendor”, que era tão inspiradora, não foi”, frisa. Ela contou que a trama surgiu após um pedido urgente de Daniel Filho para uma novela curta, mas acabou tendo 125 capítulos. Ana Maria destacou ainda que “Esplendor” era romântica e folhetinesca, ideal para o público da tarde, e lamentou que nunca tenha sido reprisada na Globo. Em 2000, durante a exibição, precisou transformar a personagem de Christine Fernandes na grande vilã da trama para estender a história. A produção recriou uma cidade dos anos 1950 e contou com veículos de época, incluindo um Mercury 53 e um avião Cessna, utilizado na impactante cena de acidente do primeiro capítulo.

*por Vítor Antunes

Na última semana de janeiro a novela “Esplendor” entrou para o Globoplay. E a chegada dela ao player global foi controversa, contou, inclusive, com a reclamação da própria autora, Ana Maria Moretzsohn, nas redes sociais. À parte da gafe, Ana contou-nos sobre como a ideia de fazer a trama surgiu e os contextos que a levaram ao ar. “Daniel Filho, diretor da Globo, me ligou dizendo que precisava de uma novela para “tapar buraco”, mas que deveria ter apenas 80 capítulos. Pelo que entendi, alguma novela não estava conseguindo entrar na grade, e ele queria algo rápido. Respondi que, nos últimos três anos, estive na Bandeirantes fazendo uma novela por ano e não tive tempo de pensar em mais nada. Ele, então, insistiu e eu apresentei uma página e meia. Menos de uma hora depois, ele me ligou novamente e disse: “Pode começar a escrever!” E assim nasceu “Esplendor”, que no fim das contas, não teve 80 capítulos, mas sim 125.

Inclusive, como não conseguiu cumprir aos objetivos iniciais das “Novelas de Verão“, mais curtas, a sucessora de “Esplendor“, teve a missão de tentar manter esse propósito… que naufragou ainda mais! No lugar de “Esplendor” veio “O Cravo e a Rosa“, um arrasa-quarteirão que teve uma escandalosa audiência e mais de 200 capítulos. 221, para ser mais exato.

Letícia Spiller e Floriano Peixoto foram os protagonistas de “Esplendor” (Foto: Divulgação/Globo)

Ana Maria cita também, não ambicionar naquele momento, escrever novelas das oito. Após seu retorno da Band, fez apenas novelas das seis da Globo. “Essas tramas são sempre muito tranquilas. “Esplendor” era uma novela muito romântica, bem folhetinesca, com aquele charme dos anos 50, que o público da tarde adora. Eu gosto muito de “Esplendor”, claro! E, se reprisassem, com certeza eu assistiria. Para falar a verdade, este é o tipo de novela que gosto de contar. Sempre achei uma pena que nunca tenha sido reprisada, ainda mais sendo uma novela curta.

 Essas são decisões da Globo que a gente não entende… “Estrela-Guia” foi reprisada [no Viva], mas “Esplendor”, que era tão inspiradora, não foi – Ana Maria Moretzsohn

Esplendor foi exibida em 2000 (Foto: reprodução/Globo)

A extensão da novela fez com que Ana Maria revisse a trajetória da novela. “Eu tinha planejado deixar a personagem da Christine Fernandes de castigo, em coma, porque tinha certeza de que algo assim aconteceria. E, de fato, quando cheguei no capítulo 60, me avisaram que a novela aumentaria em mais 60 ou 70 capítulos. Foi então que tirei a Cris do coma e transformei sua personagem numa grande vilã, que passou a chantagear a personagem da Letícia Spiller, que tinha roubado sua identidade e conseguido um emprego”.

Segundo o Site Teledramaturgia, a produção de época foi cuidadosamente elaborada para recriar uma cidade do interior da região sul do Brasil nos anos 1950. Aproximadamente 80 profissionais integraram a equipe, com os principais membros sendo os mesmos da minissérie Hilda Furacão (1998), também sob a direção-geral de Wolf Maya. Essa continuidade garantiu um bom entrosamento e permitiu que a novela fosse realizada em menos de um mês.

Christine Fernandes e Letícia Spiller em “Esplendor” (Foto: Divulgação/Globo)

Um dos destaques ficou por conta dos veículos de época utilizados nas cenas. Entre eles, um Mercury 53, conduzido pelo personagem Cristóvão (Murilo Benício). No total, foram usados seis automóveis, dois táxis, um ônibus, uma ambulância estilo furgão, onze lambretas, dois caminhões e um avião Cessna, que protagonizou a cena do acidente envolvendo Frederico e Elisa (Floriano Peixoto e Ângela Figueiredo) logo no primeiro capítulo.