Exclusivo! Tulipa Ruiz fala sobre sua vitória no Grammy Latino e liberdade da mulher: “Quem manda no meu útero e meu peso sou eu”


A cantora bateu um papo com HT logo após a sua apresentação contagiante no palco do Natura Musical, na Praia de Copacabana

Troca de energias e admiração. É assim que o show de Tulipa Ruiz no Natura Musical, que fez a Praia de Copacabana pular e dançar ao longo de toda a tarde do último domingo, pode ser descrito. Em pouco mais de uma hora, a paulista conseguiu apresentar sucessos de sua carreira, como “Efêmera” e o mais recente, “Prumo”, ao mesmo tempo em que mostrou uma conexão incrível com a plateia, ávida pela animação da cantora, que ainda dividiu o palco com Felipe Cordeiro. Logo após sair do palco, a artista recebeu HT em seu camarim, onde comentou sobre a apresentação: “Foi balsâmico, algo para lavar a alma com água e música”.

É fácil entender por que meses antes, pouco após lançar o elogiado “Dancê”, seu terceiro álbum de estúdio, Tulipa nos contou que “se sente protegida no palco”, ainda mais na capital carioca. “O Rio sempre é muito especial para mim, tenho uma relação de muito amor com esse lugar. Aqui foi a primeira cidade em que eu me apresentei fora de São Paulo”, comenta a artista. Momentos antes, além de uma energia contagiante e vocais que superam as altas expectativas, a artista reverenciou o público – humildade demonstrada por poucos -, ao mesmo tempo em que chegava à beira do palco para se banhar de livre e espontânea vontade na tempestade torrencial que tomou seu show de surpresa. “Não esperávamos que fosse chover, mas foi muito bonito. Houve uma entrega muito forte ali”, disse.

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Mas Tulipa Ruiz está acostumada com surpresas e já tem seu próprio mecanismo de reação para elas. Foi assim, “no susto”, que ela também venceu o prêmio máximo da música mundial ainda este mês, quando recebeu o Grammy Latino de Melhor Álbum Pop Contemporâneo Brasileiro. “Sem querer soar clichê, mas eu já estava honrada só de ter sido indicada. Achei que seria simbólico eu estar lá na premiação, mas não esperava que fosse ganhar”, comenta a paulista com a voz acelerada.

Ela conta que quase não conseguiu chegar a tempo em Las Vegas, onde foi a cerimônia de entrega do prêmio. No final das contas, tudo deu certo e ela voltou radiante da terra do Tio Sam, mas sem ter deixado a realização subir à cabeça. “Eu encarei esse prêmio não como uma vitória só minha, mas como o reconhecimento de todos os artistas independentes. Esse disco não teria acontecido sem o apoio do Natura Musical, e o mais importante é que eu consegui seguir minha intuição e fazê-lo do jeito que eu queria, da forma como idealizamos o álbum desde o início”, explica.

Tulipa Ruiz durante a entrega do Grammy Latino, em Las Vegas (Foto: Divulgação)

Tulipa Ruiz durante a entrega do Grammy Latino, em Las Vegas (Foto: Divulgação)

Sem meias palavras, Tulipa está acostumada a emitir fortes opiniões sobre qualquer assunto que lhe aborreça. Foi assim há alguns meses, quando prestou sua solidariedade a Karina Buhr, quando a amiga teve a capa de seu álbum censurado nas redes sociais por aparecer com os seios expostos. Claro, as mulheres brasileiras não têm enfrentado apenas esse tipo de controle e violação dos direitos ultimamente, com projetos de lei que dificultam o atendimento às vítimas de estupro e o aborto tramitando na câmara.

Ao ser questionada em como se sente com o atual conservadorismo e a imposição de tais regulamentações à liberdade de expressão das mulheres, Tulipa Ruiz lança um olhar sério, quase fulminante, e fala com convicção: “Eu sou uma mulher que defende os meus direitos. Quem manda no meu corpo, no meu útero, no meu peito e no meu peso sou eu. E mais ninguém”, declarou. A entrevista chega ao fim e a artista então recebe mais um grupo de amigos que querem parabenizá-la pelo show e, claro, pelo prêmio, que claramente não será o seu último.

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