Vinicius de Moraes: a chancela de um poeta imortal


Por conta das comemorações do centenário de nascimento do Poetinha, o SESI lança exposição sobre o artista e nós aproveitamos para homenageá-lo com vídeo

A poucos dias do centenário de nascimento de Vinicius de Moraes, dia 19 de outubro, o Brasil se prepara para as homenagens ao Poetinha. Carioca, nascido no bairro do Jardim Botânico, foi diplomata de carreira e atuou como poeta, autor de peças teatrais, escritor e compositor de mais de 250 músicas. Vinicius viveu em uma época mais simples, em que a dialética de quem estudou em colégio de padre e a retórica de quem pertenceu aos quadros do Itamaraty podiam perfeitamente conviver com a boemia notívaga em uma mesa de bar, num período menos politicamente correto, mas muito mais criativo, em que encher a cara e dar baforadas de cigarro era coisa de intelectual descolado. Também era época em que se batia no peito de orgulho por ser amante de muitas mulheres, chegando do badalo com marca de batom na camisa. Em relação às mulheres, o poeta colecionou afetos, casou nove vezes, teve cinco filhos e amou muitas – física ou platonicamente – entre Gildas, Lucianas e Garotas de Ipanema. Com seu parceiro de todas as horas, Tom Jobim, criou a bossa nova e desviou a bússola do mainstream para o Rio de Janeiro.

Com a peça Orfeu da Conceição, Vinicius de Moraes deslocou de mala e cuia o velho mito grego para a favela carioca, colocando os negros no centro do universo antes mesmo de Martin Luther King e sua moçada pavimentarem os canyons da intolerância racial no árido ambiente social norte-americano. E anos-luz à frente de a Motown de James Brown, The Supremes e Jackson Five democratizar a música pop sem as fronteiras da cútis. Como compositor, soube trazer água de beber aos corações mais empedernidos, se revelando estupefato com crianças mudas telepáticas de Hiroshima ou cheio de preguiça no corpo em uma agradável tarde em Itapoã. Ao falecer em 9 de julho de 1980, deixou saudade, mas não quis saber nem de choro, nem vela.

Para marcar essa data especial (o artista nasceu no dia 19 de outubro de 1913), o Teatro SESI celebra, a partir desta terça feira, às 19h, Vinicius de Moares em exposição gratuita do acervo sobre sua vida e obra. A mostra Vinicius – 100 anos é uma coletânea de cerca de 200 itens, entre obras e curiosidades do homenageado. Estão expostas, entre outras relíquias, fotos de várias fases do artista, poesias, máximas notórias (tipo “o amor é infinito enquanto dura” ou “as feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”), os figurinos criados por ele mesmo e diplomas com notas em diversas disciplinas escolares.  Em um país onde o registro para posteridade da prata da casa muitas vezes é relegado a segundo plano e a propagação de sua história cultural costuma sucumbir a modismos imediatistas, chega a ser louvável a iniciativa.

Na ocasião haverá também um debate sobre a vida e carreira de Vinicius de Moraes, além do show Tempo de amor – Vinicius e os afro-sambas, com José Staneck e Zé Neto. Afinal, apesar de branco de olhos azuis, o poeta sempre flertou com a umbanda e se descobriu filho de santo.

Nós, do site, aproveitamos o ensejo e homenageamos o poeta com um vídeo de outro Vinícius, nosso editor de fotografia e videomaker, Vinícius Pereira, que criou uma colagem de imagens icônicas a partir da voz do eterno companheiro de aventuras, Tom Jobim, em Carta ao Tom.

 


Serviço:

Lançamento da exposição Vinicius – 100 anos

Data: de 15/10/13 a 7/12/13 de segunda a sexta das 10h às 20h e aos sábados de 16h às 20h

Local: Teatro SESI (Av. Graça Aranha, nº 1)

Entrada gratuita e classificação: Livre

Mais informações: 2563-2506 / [email protected]