Rock in Rio: no picadeiro do 30 Seconds To Mars, pouca música e muita performance para conquistar o público


Jared Leto faz declarações ao Brasil, canta ao lado de fãs, desce de tirolesa sobre o público, mas fica devendo em show marcado por séries de clichês

Por Pedro Willmersdorf

Não é possível afirmar que a influência de sua verve de ator seria uma justificativa plausível (afinal de contas, em cena nunca foi dos mais versáteis), mas a verdade é que, no palco, à frente de sua banda 30 Seconds to Mars, Jared Leto parece estar sempre empenhado em vestir um personagem que incomoda pela repetição de clichês.

As bandeiras do Brasil permeando a apresentação, os fãs convocados ao palco para cantarem junto a seu ídolo, as declarações de amor ao nosso país, a camiseta com os escritos ‘I Love Rio’ ou a execução de ‘Hurricane’ sobre a plataforma da tirolesa dizendo que ‘aquele estava sendo o show mais maravilhoso de todos’: elementos trazidos por Leto a este Rock in Rio que davam a impressão de tentar mascarar o calcanhar de Aquiles do grupo. A sua música.

Inegável a capacidade que Jared tem de incendiar seus fãs (e não são poucos, diga-se de passagem), principalmente com faixas como ‘Do or Die’, ‘City of Angels’ e ‘Night of the Hunter’. No entanto, o que poderia jogar a favor da performance da banda, transparece a ideia de um grande picadeiro em que tantos atrativos ocupam a função de esconder o número principal. Por mais que Jared consiga entreter o respeitável público, o rapaz, por não ser mágico, não tira coelhos da cartola para nos brindar com um vocal seguro ou uma banda eficiente. A lona não se sustenta por si só.

Jared Leto desce de tirolesa sobre plateia do Rock in Rio (Foto: Divulgação/Rock in Rio)

Jared Leto desce de tirolesa sobre plateia do Rock in Rio (Foto: Divulgação/Rock in Rio)