Rock in Rio: Gogol Bordello cria carnaval cigano em show com participação constrangedora de Lenine


Liderada pelo exótico ucraniano Eugene Hütz, banda formada em Nova York teve que colocar seu pé no freio com a chegada do pernambucano; encontro não rendeu química esperada

Por Pedro Willmersdorf

Um bloco: assim, de forma sucinta, definitiva, e divertida é possível criar um rótulo interessante para o Gogol Bordello, banda liderada pelo pitoresco ucraniano Eugene Hütz e formada em Nova York, em 1999, reunindo uma sonoridade muitas vezes entrincheirada na categoria de ‘gypsy punk’. Trocando em miúdos, uma espécie de baile cigano em que Eugene e outros oito integrantes tocam violino, sanfona e outros instrumentos que dão um toque para lá de étnico à apresentação.

Quase um carioca (Eugene tem residência fixa no Rio, vivendo aqui por temporadas), o líder do bloco emendou de forma intensa e direta nove faixas de sua história, emendando faixas mais populares, como ‘Wonderlust king’, ‘Start wearing purple’ e ‘Not a crime’, com outras mais recentes, como ‘Malandrino’, que faz referência à ‘vida boa’ dos nativos da Cidade Maravilhosa. Uma sequência frenética que acelerou as emoções da plateia, conquistada pelo confete cigano.

No entanto, o ritmo foi diminuído (quase estagnado) com a chegada de Lenine, em uma participação que, apesar de especialíssima, não rendeu a química que alguns poderiam esperar. O dueto do pernambucano com Eugene em ‘O mundo’ beirou o constrangimento. Sendo que dali em diante, somente o final com ‘Pagode Russo’, de Luiz Gonzaga, foi capaz de retomar de alguma forma a energia que o Gogol Bordello injetou no Palco Sunset antes de Lenine, que, posteriormente, voltou, sobre o mesmo palco, para uma apresentação calcada em ‘Chão’, seu mais recente e elogiadíssimo álbum.

Fotos: Vinícius Pereira