Rock In Rio Day 7: o pop good vibe do Melim e o romantismo de Lulu Santos e Silva no ‘the end’ do Palco Sunset 2019


Os portugueses Capitão Fausto e Carolina Deslandes, Priscila Tossan e King Crimson fizeram do espaço combinações inusitadas e inéditas reforçando a vocação plural ainda com mais força no festival. Que venha 2021!

Melim, em pouco tempo de carreira, conquistou uma legião de fãs, muito fiéis (Foto: divulgação)

*Por Rafael Moura

Depois de sete dias e 28 shows no Palco Sunset foi hora de apagar as luzes e se despedir com um sentimento de ‘quero mais’. E para esse último dia com um gostinho de até breve 2021, Zé Ricardo, curador da programação do palco, festival vibrou com todas as misturas de ritmos e ideias, afinal, ‘juntar pessoas’ é o objetivo principal desse que já se consagrou como um berço de shows históricos. O line up dessa última apresentação teve os encontros: O Terno e Capitão Fausto, Melim e Carolina Deslandes, Lulu Santos e Silva e King Crimson que já deixaram em nossas cabeças lembranças fortíssimas, em um domingo mais ameno. Afinal o sol só deu as caras em dois dias.

O Terno e Capitão Fausto

Sabe aquelas bandas que você não pode deixar de conhecer urgentemente? Pois é. O Terno. Com dez anos de carreira, o grupo de rock de São Paulo, formado por Tim Bernardes, Guilherme D’Almeida e Gabriel Basile começou sua apresentação no Palco Sunset, na Cidade do Rock, com um tom bem intimista. A riqueza de detalhes dos álbuns e dos show ficam quase impossíveis de serem reproduzidos em um festival do tamanho do Rock In Rio. O trio paulista surgiu em 2009, fazendo covers das bandas Os Mutantes, The Beatles e The Kinks até lançar seu primeiro álbum, ’66’, em junho de 2012, pelo selo independente RISCO, do qual é fundador.

A banda paulista  O Terno que convidou o grupo português Capitão Fausto (Foto: Vinicius Pereira)

A banda paulista  O Terno que convidou o grupo português Capitão Fausto (Foto: Vinicius Pereira)

Pedindo as bençãos de São Jorge, no dia 23 de abril de 2019, os meninos lançaram seu quarto disco de estúdio, ‘<atrás/além>’, que reflete sobre o vazio de não ser jovem e nem velho demais. Um trabalho que mostra uma força sólida e maturidade e belos arranjos de cordas. As músicas ‘Morro na praia’, ‘Pegando leve’ e ‘Tou melhor’ abriram a apresentação, seguidas por ‘Tem de ser’ e ‘Atrás/ Além’. Só o hit ‘Culpa’ fez a plateia cantar bem alto. Muitos estavam ali em estado de admiração, conhecendo ambas as bandas que passaram por um mimetismo, pois estava dispostos de uma forma tão próxima, pareciam uma só. Uma performance carregada de referências e influências psicodélicas e do rock dos anos 1960 e 1970.

Quando Capitão Fausto entrou no palco, os portugueses e os brasileiros apresentaram uma perfeita sintonia, interpretando canções umas outras encurtando as fronteiras do descobrimento. Os integrantes Tomás Wallenstein, Domingos Coimbra, Manuel Palha, Francisco Ferreira e Salvador Seabra conhecem-se desde a adolescência e é nessa fase que formaram a banda Lancelot.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Melim e Carolina Deslandes

A banda Melim é puro sucesso. O trio carioca com apenas quatro anos de carreira já arrebatou uma legião de fãs. No início do show a comoção foi geral. O grupo formado pelos irmãos Diogo, Gabi e Rodrigo, já coleciona hits queridos pelo público. Vide ‘Peça Felicidade’ que abriu a apresentação trazendo muitas good vibes. Quando veio ‘Abrigo’, a segunda música, já nos primeiros acordes, a galera entoou a letra em coro, deixando a cantora emocionada. O mesmo aconteceu com o novo single da banda, ‘Gelo’.

A banda pop teen Melim foi sucesso total no Palco Sunset (Foto: divulgação)

A banda pop teen Melim foi sucesso total no Palco Sunset (Foto: divulgação)

Para captar todos públicos, a banda fez um combão de reggaes clássicos, como ‘Um Anjo do Céus’, do Maskavo, ‘Is This Love’, do Bob Marley, ‘Versos Simples’, do Chimarruts, ‘Vamos Fugir’, do Skank, e mais alguns sucessos. Ai o Rock In Rio foi abaixo quando vieram as primeiras notas de ‘Ouvi Dizer’, que rolou um match com o sucesso de Fugees, ‘Killing Me Softly With His Song’.

A portuguesa Carolina Deslandes chegou ‘toda toda’, dizendo que ainda não era conhecida pelos brasileiros, mas que isso era questão de tempo. Ela cantou com Diogo sua música ‘Avião de Papel’, logo depois mostrou o que veio maior estilo voz e violão com as canções como ‘Deus Amor Adeus’, ‘Inquieta’ e ‘Pra Vida Toda’. O trio da Melim retornou as homenagens desta vez com ‘Te Devoro’, de Djavan, e ‘We Will Rock You’, do Queen. Para fechar com boas energias, rolou um repeteco de ‘Ouvi Dizer’, acompanhada pela lusitana, Carolina.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Lulu Santos e Silva

E quando dois românticos se encontram? Um dos maiores hit makers do Brasil e o outro, um dos músicos mais conceituados da cena contemporânea. Assim são Lulu Santos & Silva que fizeram o terceiro show do dia no Palco Sunset. Apesar da plateia ter as letras na ponta da língua a voz de Lulu soou como “uma onda no amar”. Segundo a organização do festival, eram 100 mil pessoas vendo aquela apresentação. Dava para ouvir os gritos do público ‘puxando as orelhas’ da produção dizendo “aumenta o som”, “não estamos conseguindo ouvir”, “será que tem vizinho reclamando?” Gente, eram 100 mil pessoas, um dos maiores públicos do Sunset.

Priscila Tossan, Lulu Santos e Silva emanando amor no Palco Sunset (Foto: divulgação)

Priscila Tossan, Lulu Santos e Silva emanando amor no Palco Sunset (Foto: Vinicius Pereira)

Durante a apresentação Lulu pediu desculpas pela falta de bailarinos e brincou: “ficaram presos no BRT”. Os sucessos ‘Tempos Modernos, ‘Como uma Onda’, Toda Forma de Amor’ estavam na ponta da língua, inclusive de Clebson Teixeira, marido de Lulu, que apareceu no telão extremamente emocionado. No fim uma homenagem a Tim Maia com ‘Descobridor Dos Sete Mares’, que ele regravou em 1995. Com o Silva, o experiente cantor, dividiu a faixa ‘Noite’, um feat deles de 2015.

Este slideshow necessita de JavaScript.

King Crimson

O Sunset se despediu do público em grande estilo, com uma grande aula de música, afinal era a vez da banda King Crimson subir ao palco. Com 51 anos de carreira, esse time deveria ser tombado como patrimônio histórico da humanidade, voltou a se apresentar ao vivo em 2014, sendo muito elogiado mundo afora. Afinal, meio século de estrada, não é para qualquer um. A plateia era pequena, seleta, mas muito atenta. Alguns assistiram essa mágica performance deitados no gramado. Foi um show para ver e ouvir, diferente dos outros ao longo do festival.

O grupo musical inglês foi criado pelo guitarrista Robert Fripp e pelo baterista Michael Giles dede 1969. O estilo musical da banda é uma mix de rock progressivo com jazz, música erudita, new wave, heavy metal e folk. Vale lembrar que o único integrante da formação original é Robert Fripp, guitarrista e compositor, acompanhado do saxofonista Mel Collins, que entrou no grupo em 1970 e teve algumas passagens por ele até agora. Destaque para as três bateristas que traziam toda a força do rock progressivo, com solos arrepiantes, que quebravam todas as barreiras. Uma apresentação com sete músicas, bem longas que encerrou com ‘Epitaph’ / ’21st Century Schizoid Man’ fazendo a alegria de quem estava ali contemplando o rico espetáculo. Até 2021.

Este slideshow necessita de JavaScript.