Red Hot Chili Peppers apimenta 30 anos de carreira carregando no tempero carioca


Com ingressos esgotados, os californianos encerraram a noite do Circuito Banco do Brasil, na Cidade do Rock

Depois de quase dois anos de ausência, os californianos da banda Red Hot Chili Peppers pisaram no Rio de Janeiro mais uma vez, neste sábado (9). Dessa vez, o motivo foi especialmente pensado: o grupo, formado em meados dos anos 1980, virou balzaca e completou 30 anos de carreira. Para comemorar em grande estilo, a banda saiu em turnê pelo Brasil – país que ama de paixão o tempero da banda – participando do Circuito Banco do Brasil. Nessa rodada de shows, os rapazes apimentaram cidades como Belo Horizonte, no sábado passado (2), e São Paulo, na última quinta-feira (7). A versão carioca, aconteceu no Parque dos Atletas, na Cidade do Rock, reunindo 40 mil espectadores de diversos estados, doidos para dar uma abocanhada nesses pimentões musicais.

Embora o foco fosse a banda internacional, o festival também contou com shows dos brasileiros Raimundos Titãs, além do indie rock gringo do grupo Yeah Yeah Yeahs – todos no palco principal, deixando bem claro que não tinham apenas um público específico, mas uma grande mélange de décadas, idades e estilos. Já no palco alternativo, durante a tarde e início da noite, o público pode conferir performances bacaninhas de Rodrigo Amarante (com participação do Tom Zé), Detonautas e Scracho, que se apresentaram com garra, mesmo sem muita empolgação da plateia, já que a rapaziada chegava aos poucos e ia se espalhando pelo espaço do evento. Aliás, os organizadores podiam ter condensado mais a área física total, colaborando para aglutinar o público, já que multidão combina com rock e, no final do show, podia se ver uma grande extensão do parque vazio.

Pontualmente, às 23h30, o quarteto apimentado composto Anthony KiedisFleaChad Smith e Josh Klinghoffer subiu ao palco e, logo de cara, promoveu uma jam session – ato em que os músicos começam a improvisar notas, sem qualquer preparação, mas servindo como um ‘esquenta’ tanto para os instrumentos, como para o público. Na sequência, os americanos abriram o show com ‘Can’t stop’, conquistando a multidão com um dos grandes hits do consagrado álbum ‘By the way’ (2002). Logo depois, vieram sucessos como ‘Otherside’, ‘Dani California’, ‘Under the brigde‘ e ‘Did I let know’, entoados em coro pela multidão.

Fotos: Vinícius Pereira

Há quem diga que o grupo não é mais o mesmo – em quesito qualidade – desde a saída do guitarrista John Frusciante, em 2007, mas, os ingressos se esgotaram três dias antes da apresentação, provando que os rapazes ainda têm grande prestígio no Brasil. Ou seja, balela de quem não pode comer pimentão e é obrigado a encarar uma dietinha musical frugal. Por volta de 15h, jovens com camisas e tatuagens de pimentas pelo corpo já aguardavam a banda no local. Os cariocas, claro, eram presença majoritária, mas também marcaram presença fãs de estados que não receberam o grupo nessa turnê, como atesta o analista de sistemas capixaba, Diogo Moura: “Consegui comprar um ingresso de um amigo de última hora e larguei tudo em Vitória para poder assistir o Red Hot.  Sou capaz de sair para comprar cigarro e voltar vinte anos depois com um CdDda banda”, brincou. E completou: “Eles são minha banda preferida! Minha vida, agora, só começa segunda-feira”. Hum e a ressaca?!

Mas, as loucuras que um fã é capaz de fazer por seu ídolo não param por aí: o jovem publicitário carioca, Daniel Mello nos contou, entre uma música e outra, que já totalizou no currículo 5 shows dos Pimentas Vermelhas com este: “Juntei todas as minhas economias e fui a todos os shows que eles fizeram no Brasil em 2011 e este ano. Passei perrengue em vários estados, comi o pão que o diabo amassou, mas valeu a pena, não deixo de acompanhar esta banda que conheci na infância e faz parte da minha vida até hoje”. Obsessão perde.

O grupo, por sua vez, parecia também extasiado. O carismático baixista Flea arriscou um “Obrigado Rio de Janeiro! Vocês são os melhores”, em português, mas preferiu para continuar o agradecimento em inglês para não pagar mico: “Estamos muito felizes de estar no país novamente! Love, love, love!”, disse, levando a platéia ao frenesi. Give it away, give it away, give it away now!

Depois de quase duas horas de um show recheado de clássicos, os quatro rapazes sairam do palco por alguns minutos, deixando o público inquieto com a escuridão. “Será que eles voltam?”, pensava a plateia. Mas era tudo truque de artista malandro, que, com anos de estrada, sabe criar histeria nos fãs. A banda rapidamente voltou o bis com a faixa ‘Suck my kiss’, do quinto disco em estúdio, ‘Blood sugar sex magik’ (1992) e ‘Meet me at the corner’, do álbum ‘I’m with you’, trabalho mais recente que intitula a turnê. Antes mesmo de a noite terminar, os fãs flamenguistas presentes na plateia provocaram o grupo, entoando um ‘mengoooooooo’ em coro e relembrando aquela polêmica de quando o baterista Chad se envolveu em um workshop que realizou em BH. Nesta ocasião, o,  músico ganhou uma camisa do Flamengo e simulou usá-la como papel higiênico, o que causou revolta nos fãs do time de futebol. Depois de deixar a torcida enfurecida, o músico boa praça desfez o acontecido ao visitar o clube, na Gávea, e ser fotografado ao lado dos jogadores vestindo a camisa.

Em clima de comemoração e êxtase, os californianos encerraram o espetáculo com ‘Give it away‘. E, nós, óbvio, vamos aproveitar o dia de hoje e encarar uma comidinha mexicana bem temperada, já aguardando a próxima passagem pelo Brasil! Confira nossa galeria com alguns dos momentos mais marcantes da edição carioca do festival.

Fotos: Vinícius Pereira