Paula Lima reafirma suas origens no samba em novo trabalho, fala de ataques racistas e entra de cabeça no movimento feminista


A cantora falou sobre recentes ataques de racismo sofrido nas redes socais: “Eu percebo que existem pessoas que se pudessem voltar no tempo da escravidão elas voltariam. É assustador! A gente só pode mudar isso através da educação”

Paula Lima na Rio Moda Rio (Foto: Leonardo Rocha)

Paula Lima na Rio Moda Rio (Foto: Leonardo Rocha)

Com 22 anos de estrada, cinco álbuns de estúdio e diversas indicações a prêmios importantes do cenário musical, entre eles o Grammy Latino, a cantora Paula Lima está prestes a sacudir o mercado fonográfico com o EP “Samba Soul”. Desta vez, o trabalho reforça o movimento sambista na carreira da artista paulistana, que, após o sucesso do disco “O Samba É do Bem”, produzido por Leandro Sapucahy, volta a investir nesse ritmo tão brasileiro. Em entrevista exclusiva ao HT, a cantora explicou de onde veio a inspiração para o novo trabalho.

“Eu sou uma apaixonada por esse ritmo. Como paulistana, o samba faz parte da minha raiz, da essência de tudo, apesar de que, com o tempo, vários outros elementos foram fazendo parte da minha formação. Sempre fui fãzona de Arlindo Cruz e do Zeca Pagodinho, mas as mulheres, em especial, me inspiraram muito, como Clementina de Jesus, Jovelina Pérola Negra e Dona Ivone Lara. Eu escuto o samba penso ‘Uau, como você é lindo!'”, comentou ela, que também aproveitou o novo projeto para levantar questões importantes, como o feminismo.

“Meu último single é ‘Fiu Fiu’, uma parceria de Pretinho da Serrinha com Gabriel Moura e Leandro Fab, totalmente inspirado no movimento Chega de Fiu-Fiu. Eu tenho levantado a bandeira do feminismo já há algum tempo, mas essa música tem me feito repensar mais em várias questões de como ajudar, mudar e ter alguma representatividade nesse momento. Acho que tenho ajudado, mesmo que de uma maneira pequena. Não tem como a gente comparar com Think Olga, e o próprio movimento Chega de Fiu Fiu, mas as meninas têm chegado até mim e falado que a música já virou o hino delas. Isso, para mim, já é um presente incrível”, comemorou. “O mais legal disso tudo é que a música foi composta por dois homens. Achei de uma delicadeza enorme e também serve para que possamos ver que ainda existem homens evoluídos nesse mundo”, avaliou a cantora, que não fez vista grossa para mulheres que ainda não aderiram ao movimento. “Tudo isso é uma questão de transformação, de como você se vê, de sua autoestima e segurança. Até porque ainda existem mulheres que acham que homens estão certos de agirem de determinada forma. A gente não pode jogar a culpa só em um lado, né?”, questionou.

Ainda sobre assuntos mais polêmicos, assim como a jornalista Maria Júlia Coutinho, a famosa Maju, e a atriz Taís Araújo, só para citar algumas, Paula Lima também foi alvo de preconceito racial nas redes sociais. Apesar de abalada com os comentários maldosos, a cantora acredita na educação como forma de evolução para erradicar a marginalização das minorias. “Os ataques racistas também chegaram até mim, de uma forma menor, porque também tem a questão de proporção. Mas evidentemente eu fiquei revoltada com o fato. Isso é uma tremenda ignorância que acontece no mundo inteiro. Infelizmente, é triste perceber que estamos em 2016 e ainda falta tanto respeito e amor com o próximo. É preciso entender que o outro é exatamente igual a você”, contou. “Eu percebo que existem pessoas que se pudessem voltar no tempo da escravidão elas voltariam. É assustador! Não só na questão do racismo, mas também no próprio machismo e os casos de homofobia que tiram vidas. Parece que a humanidade dá cinco passos para frente e dois para trás. A gente só pode mudar isso através da educação”, avaliou.

A cantora segue engajada a favor do movimento feminista (Foto: Divulgação)

A cantora segue engajada a favor do movimento feminista (Foto: Divulgação)

A artista de 45 anos segue a todo vapor para uma turnê internacional e ainda se preapara para lançar um novo single. “A gente está preparando uma surpresinha agora com ‘Fiu-Fiu’, um projeto superbacana, que ainda não posso adiantar, mas tem todo esse viés do feminismo. E logo nessa segunda quinzena de julho eu lanço minha segunda música de trabalho, que se chama “Mil Estrelas”. Ela já está superbem nos shows e é uma música que fala sobre os apaixonados. Já dia 14 de julho eu sigo para o Japão para o Brazilian Day e outras apresentações. Já fui algumas vezes para lá e a recepção é uma das melhores”, contou ela, que mesmo tento protagonizado o musical “Cats”, em 2009, descartou uma possível volta ao teatro. “Fui protagonista do do musical, mas não tenho nenhum projeto em vista. Eu amei fazer, mas é uma rotina muito intensa”, disse.

Rodrigo Faro, Marco Camargo, Paula Lima e Luiz Calainho no programa "Ídolos" (Foto: Divulgação)

Rodrigo Faro, Marco Camargo, Paula Lima e Luiz Calainho no programa “Ídolos” (Foto: Divulgação)

Apesar de ter participado da bancada do juri do reality show musical “Ídolos”, na Record, Paula acredita que o brasileiro ainda precisa abrir mais a cabeça para apoiar a carreira dos candidatos após o fim da temporada dp  programa. “Eu acho que é uma grande vitrine, mas o Brasil não abraça essas pessoas. Aqui, a gente está mais acostumado com carreiras que são construídas gradativamente. Não acho que seja um olhar correto, porque lá fora tanta gente deu certo nesse esquema”, completou.