Obrigada a deixar o país na ditadura, Elza Soares fala: “Tive a casa metralhada e fui embora para a Itália. Quem pede a volta, não sabe o quão duro foi”


A cantora conversou com HT sentada na fila A do desfile de João Pimenta na São Paulo Fashion Week

Exilada à época da ditadura, Elza Soares é enfática a respeito do atual momento do Brasil: “Quem pede a ditadura não sabe o quão duro foi o momento. Muito triste, Deus me livre. Eu não fugi, me mandaram sair do país, tive a casa metralhada e fui embora para a Itália, com o Chico Buarque de Hollanda também. Ditadura não, democracia sim”, declarou, sentada na fila A do desfile de João Pimenta na São Paulo Fashion Week. “Achei maravilhoso. A relação entre a música e a moda é forte, o artista se veste no palco e isso faz parte da apresentação dele. Tudo é forma de arte”, explicou, no alto dos seus 85 anos e com uma carreira sólida há mais de 60. “Não conto tempo de profissão porque não conto dia, vai passando e vou além e feliz, sempre”, disse. E a atividade constante com tanta lucidez tem segredo? “Sim. É simplicidade, respeito e responsabilidade. Essas três coisas são fundamentais”, afirmou.

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(Foto: Divulgação)

O disco de inéditas “A mulher do fim do mundo”, lançado em 2015, é motivo de orgulho para a artista. “Cara, esse álbum é um sonho e uma delícia, principalmente depois de tantos anos de carreira. Só posso dizer que é lindo”, contou ela, que criou uma música para falar da violência contra a mulher. A letra de “Maria da Vila Matilde” pede socorro: “cadê meu celular? Eu vou ligar prum oito zero, vou entregar teu nome e explicar meu endereço. Aqui você não entra mais”. E como será que Elza analisa a situação da mulher no país atualmente? “A gente agora está muito mais livre. Podemos gritar”. Assim seja.