O jovem Yann traz o pop melancólico para a língua portuguesa e conta com a participação de Mariana Ximenes no EP de estreia.

Adele, Sam Smith e Christina Perri são apenas alguns dos nomes mundiais do pop dramático. Já no Brasil, a sofrência musical sempre ficou a cargo dos sertanejos – e agora sertanejas – ou de pontuais cantores como Pablo. O jovem carioca Yann combinou a língua portuguesa com essa pegada sofrida que faz muito sucesso ao redor do globo e lançou o seu primeiro EP em março. A compilação, chamada “Entre o Fim e o Recomeço” é o primeiro álbum visual de um artista brasileiro e conta com 4 faixas, contando com a participação da atriz Mariana Ximenes em uma delas.

“Minha relação com a música começou com o teatro. Eu sempre quis fazer música, mas não sei por que eu tinha vergonha e preferia dizer que era ator e não cantor. Comecei no teatro musical e quando ganhei maturidade e experiência pude dizer que eu era cantor e segui o caminho que eu sempre quis”, contou Yann sobre o início da sua trajetória. “Eu queria fazer música pop porque é como eu me expresso melhor. É o gênero que mistura dança, teatro, música e um monte de outras coisas. É com o que eu consigo me identificar mais”, completou.

A empreitada de lançar um álbum visual não é pretensão ou prepotência do artista: “Sendo ou não sendo o primeiro álbum visual daqui, para mim, é um acaso. Não é a minha intenção chegar e querer colocar essa banca. O meu interesse era ser verdadeiro com quem eu sou como artista. A arte é minha maneira de me conhecer melhor e minha fuga do mundo. A arte me mostrou sempre um lado das coisas que eu não conhecia. Quando eu começo a escrever uma música, meu pensamento é ‘o que mais me incomoda e o que é mais difícil para eu falar agora?’ e eu falo disso com a música.”

Yann falou que o álbum é sobre o término de um relacionamento e que a partir das suas experiências pessoais, ele trabalhou para chegar no resultado artístico desejado: “É um pop melancólico. Não vou cantar sobre ser o rei do camarote ou estar bebendo champanhe. É mais sobre as diferentes fases de perda e as emoções que sentimos ao longo desse processo. Tudo sempre baseado em coisas que eu vivi, porque é o que eu posso falar com propriedade sobre a minha perspectiva e as coisas que eu conheço. Não foram muitas experiências, mas as que existiram foram intensas e me deram bastante material para composição.”

Foto: Thiago de Lucena

“Entre o Fim e o Recomeço” conta uma história sendo cada uma das canções um capítulo diferente. “Cada música vai levando à outra e você vai entendendo melhor cada pedacinho dessa narrativa. O EP fala sobre uma história de amor, mas ele também fala sobre a minha formação como ser humano. Algumas coisas eu trato através dos clipes e outras através das letras. Por isso eu senti a necessidade do visual também. Você consegue perceber tudo o que eu sou hoje em dia através desse trabalho. Ele é bem transparente.”

Determinado, Yann gravou todo o álbum de forma independente, mas não descarta a vontade de um dia estar em uma gravadora. O rapaz acredita que sua vontade e paixão pela música são tão grandes que a ausência de auxílio profissional especializado não seria suficiente para o impedir de realizar os seus sonhos. Trabalhando como gerente em uma loja de calças jeans no Rio de Janeiro, ele juntou o dinheiro necessário para tornar real o projeto que tanto inspirava a sua alma e o seu coração.

“Eu costumo brincar que esse álbum foi todo a base de vendas de jeans. Foi um processo muito demorado. Sem gravadora tudo demora um pouco mais. Quando você não tem aquela grana absurda para resolver tudo no minuto seguinte, você tem que optar por algum outro caminho. Eu optei pelo maior tempo, mas que eu chegasse no mesmo lugar onde chegaria se estivesse com esse apoio todo por trás. Foram dois anos e eu ainda estou gravando o volume dois”, explicou o cantor que agora larga o varejo para se dedicar exclusivamente à carreira na música.

Com uma estética semelhante ao britânico Troye Sivan, o primeiro trabalho de Yann está disponível desde o dia 17 de março de 2017 nos principais meios de streaming como Spotify, Deezer e Youtube. A todos que simpatizam com o gênero do pop dramático e não dispensam uma boa sofrência, vale a pena conferir e apoiar o trabalho desse jovem artista que perseguiu – e continua perseguindo – os seus sonhos até que eles se tornem realidade.