Nome forte na nova geração da música brasileira, Mosquito acredita que o gênero centenário nunca deverá acabar: “O samba agoniza, mas não morre”


Com um disco lançado na carreira e novos e misteriosos projetos para este ano, o sambista contou que tem se dedicado à carreira de compositor. Na função, ele já teve músicas gravadas por Mart’nália e Teresa Cristina. “Eu sou louco para ser um grande compositor”

Um dos nomes mais comentados da nova geração do samba, Mosquito é a tradução do partideiro carioca. Engraçado, talentoso e divertidíssimo, o jovem músico está escrevendo sua história na tradição do samba nacional. Ele, que já querido de grandes mestres da música brasileira, como Zeca Pagodinho e Caetano Veloso, não sente medo de toda a pressão que circunda sua careira. Com a missão de representar e responder à altura todos os votos e expectativas que são colocadas sobre ele, Mosquito se diverte com a profissão e garante que tudo isso só o encoraja para seguir em frente. “Tem outros diversos nomes que também são considerados revelações. Eu acho que tem uma geração boazona vindo aí e eu gosto de me sentir parte. Nós estamos aí para buscar essa responsabilidade mesmo. Isso não assusta”, disse.

Dono de um humor leve e uma energia sensacional, Mosquito contou que gosta de transmitir sua felicidade através das músicas. Além de cantor e versador, ele também se dedica ao lado compositor. Sobre suas letras, o sambista carioca disse que a graça do cotidiano é a sua principal inspiração. “Eu gosto de falar sobre o dia a dia e escrever de forma com que as pessoas riam quando ouvir. Mas também escrevo sobre amor e outros temas. Eu gosto de tudo e agora estou começando essa carreira paralela de compositor para outros artistas”, contou Mosquito, que já teve uma de suas letras gravadas por Mart’nália e Teresa Cristina. “Eu acho lindo quando alguém interpreta uma música minha. Tem uma sensação completamente diferente porque cada um escuta e sente a letra de um jeito. Por mais que a ideia e a melodia não mudem, a energia é outra. Eu sou louco para ser um grande compositor, além de músico”, idealizou.

Além de cantor, Mosquito também se dedica à carreira de compositor (Foto: Felipe Panfili)

Ainda no assunto criatividade musical, Mosquito também é famoso por sua agilidade na hora de versar. Para quem não conhece, a arte consiste em combinar ideias e palavras de forma espontânea e criar uma música a partir de algo que esteja acontecendo. Nesta prática, o sambista disse que passou a se dedicar aos versos depois que os conheceu pela voz de grandes nomes, como Zeca Pagodinho. Para isso, Mosquito contou que lê bastante para conseguir ter um rico dicionário decorado. No entanto, ele aponta outra aliada para a hora das rimas. “Eu leio muito e acho que isso ajuda. Mas a principal ferramenta é a prática. Conforme eu vou exercitando a métrica e encaixando as palavras em versos, eu vou pegando mais habilidade. É meio coisa de maluco, mas eu gosto”, brincou.

O fato é que, seja como cantor, compositor ou versador, Mosquito está deixando sua marca no samba nacional. Sobre o ritmo, que em 2016 completou 100 anos, o jovem carioca contou que conheceu já na adolescência. Ele, que hoje tem 28 anos, lembrou que passou a ouvir clássicos do samba aos 15 na casa de um amigo. “Eu ia muito para a casa de um colega e ele ouvia samba e música brasileira. Na época, eu não era muito ligado aos sons. Mas eu fui ouvindo as letras do Zeca (Pagodinho) e do Bezerra, que eram mais engraçadas, e comecei a querer fazer também. Quando eu vi, já estava nas ruas como sambista”, disse Mosquito que hoje divide os palcos e os encontros musicais com seus mestres. “É muito bom ver que quem te inspirou a ser o que você é hoje também torce pelo seu trabalho e te recomenda para os outros. Para mim, a grande recompensa da minha profissão sou eu poder ter virado colega de trabalho dos meus ídolos”, comemorou.

O sambista contou que só conheceu o gênero centenário aos 15 anos na casa de um amigo (Foto: Felipe Panfili)

Talvez, por essa inspiração mais antiga do gênero centenário, Mosquito preserva em sua carreira as características mais essenciais do samba. Apesar de ser um dos símbolos da geração mais jovem da música, ele nos disse que prefere seguir com a tradição do ritmo. “Eu sou meio romântico do samba. Eu gosto de cultivar aquele gênero da moda antiga, que tinha outros formatos. E hoje, nós temos uma geração de sambistas muito boa que faz música desse jeito antigo, lá dos anos 1940, com a receita original”, analisou Mosquito que acredita que o gênero não deverá morrer e nem acabar. “Para mim, o samba agoniza, mas não morre. Às vezes, ele até sai de moda um pouquinho, mas está sempre vivo”, brincou. Que assim seja!

Pertencente à geração que já traz o DNA do digital em sua trajetória, Mosquito confessou que não possui a relação que gostaria com a internet. Embora se dedique à troca de informações com seu público pelas plataformas online, o músico reconheceu que nem sempre é possível. “Eu tento estar ligado o tempo todo e responder todos os meus seguidores, mas nem sempre dá. Eu gosto da internet e acho que ajuda muito na divulgação do meu trabalho”, disse Mosquito, que acredita que a função dessas plataformas seja mais para divulgar o trabalho do que para monetizar carreiras. “Não dá dinheiro nenhum a internet. Mas eu acho que é uma forma do músico conseguir mostrar o seu trabalho entre tantos outros. Quando a arte é boa ou curiosa, alcança o grande público”, apontou.

Mosquito brincou ao responder o porquê de seu apelido (Foto: Felipe Panfili)

E por falar em curiosa, só para completar a entrevista, perguntamos o por que do nome Mosquito. Com o seu clássico e divertido bom humor, o sambista contou que este é o seu apelido desde a infância. A justificativa? “Olha bem para a minha carcaça e elabore você mesmo a resposta”, respondeu aos risos. “Eu tenho esse corpitcho desde os sete anos. Não poderiam me dar outro apelido, né?”, questionou.