Mariana Aydar faz show referencial sem deixar de mirar no futuro na reta final da comemoração dos 83 anos do Teatro Rival. A gente conta – e mostra – como foi!


A paulistana se apresentou pela primeira vez na lendária casa de espetáculos da Cinelândia e afirmou que o público carioca é o mais sincero: “Na hora, você consegue perceber se está rolando ou não está rolando a conexão”

Foto: Leonardo Nunes

*Com Junior de Paula

Mariana Aydar nunca esteve tão senhora do seu destino. Dona de uma personalidade cativante e uma voz forte que serve como trilha sonora para qualquer momento, a paulistana fez um show super referencial nessa quinta-feira, 30 de março, no Teatro Rival, no Rio de Janeiro, no qual passeou pelos seus quatro álbuns lançados e os 10 anos de carreira. Mas mais do que isso, a artista, além de cantar clássicos do seu repertório como “Preciso do Teu Sorriso”, “Palavras não Falam”, “Te Faço um Cafuné”, “Vai Vadiar”, “Zé do Caroço” – que terminou com um coro de “Fora, Temer” – e “Minha Missão“, entre outras, mirou no futuro e apresentou três músicas inéditas.

Com uma levada que mistura samba reggae, carimbó e outros ritmos do norte-nordeste, ela contou que resolveu se aventurar mais pelo universo da composição. “E vocês vão ser minhas cobaias”, brincou, antes de apresentar três delas: uma em parceria com Arnaldo Antunes, “Dias Dou”, a chiclete “Você”, e outra com Duani, pai de sua filha, composta em Caraíva,  depois de um show de Elba Ramalho, no qual ela falou que tinha visto um disco voador na cidade. O nome?  “Axé do ET”.

“Cantei canções que nunca mostrei antes e que estou testando para o meu novo disco. As músicas para mim nascem muito no palco. Eu sou um bicho do palco. Eu amo o palco. Para mim, é ali que tudo acontece. Eu queria sentir essas músicas com o público e fico muito feliz que isso possa ser feito no Rio”. O novo álbum está em processo embrionário ainda e Mariana não pode falar muita coisa, mas os planos são para gravar ainda esse ano. “São minhas composições. Todas as músicas estão saindo de dentro de mim e elas tem um DNA super influenciado pela música afro nordestina, tem uns tons forrezeados, mas é um passeio pelos vários nordestes. Vem tudo a partir de uma escola que eu tive mesmo já que eu comecei cantando forró, passei muito no carnaval da Bahia, já fui backing vocal da Daniela (Mercury). Gosto muito da Bahia e minha intenção é um dia morar lá. E muitas dessas músicas foram compostas em Trancoso e Caraíva, então elas vem bastante com esse DNA e eu estou respeitando tudo o que está surgindo”, explicou Aydar sobre o processo do disco.

Com pouco mais de 1h30 de show, Mariana teve de voltar para o bis três vezes, e se mostrou feliz, cantando com o sorriso no rosto o show inteiro, com um vestido branco e de pés descalços, já que os sapatos foram tirados ainda no começo da primeira música. “Eu amo cantar no Rio porque eu entendo o público carioca como o mais sincero que existe. Na hora, você consegue perceber se está rolando ou não está rolando a conexão. Sempre sou muito acolhida aqui e minha música é sempre muito bem entendida. Acho que tem muito a ver da ligação da cidade com o samba também”, contou.

Foto: Frederico Mendelski

O Teatro Rival celebra seu aniversário de 83 anos este mês e a cantora se mostrou ainda mais emocionada – e cheia de amor – por cantar pela primeira vez naquele palco. “Eu nunca cantei no Rival que é um dos lendários palcos do Rio. Fico muito feliz de poder estar aqui, principalmente nesse momento especial. Sempre bate aquele friozinho na barriga, mas acho que agora estou mais segura e com controle da minha voz. Antes eu ficava muito nervosa e agora quero aproveitar esses momentos e curtir mais junto com todo mundo. Eu me inspiro em todo mundo que é sincero e mostra a música como seu único instrumento, sem muitas caras e bocas”, ressaltou Mariana, que ainda destacou Elis Regina como a sua maior ídola e uma das maiores inspirações para toda a sua carreira.

Quando fala sobre um ídolo que gostaria de cantar junto, Mariana comemora a realização de um sonho: “Sempre respondi essa pergunta falando do Lenine porque foi por ele que eu comecei a cantar, mas eu tive essa conquista no ano passado e foi maravilhoso. Hoje, eu deixo a vida me levar. Todas as pessoas que eu cantei me ensinaram muito. Sou muito grata a todas as oportunidades que eu já tive. Cantei com o Zeca Pagodinho, de quem eu sou bem fã, e com a Alcione, que eu acho a maior cantora do mundo. Então, hoje fica muito difícil pensar em um nome”