Johnny Hooker: ‘Meu novo disco é melancólico e reflexo dos artistas que sofrem sendo atacados’


Em seu terceiro disco, o cantor de Recife aposta no misto de arte e sexo. “Apesar de toda a melancolia, nós vamos continuar produzindo ações lindas, como aconteceu na época da Tropicália, e trazendo muitas questões e tabus para os debates”, frisa

“Meu novo disco é muito melancólico”, conta Johnny Hooker sobre o seu terceiro disco (Foto: Liz Donovan)

Recentemente, o site Heloisa Tolipan conversou com o cantor Johnny Hooker que nos contou sobre o DVD ‘Macumba Ao Vivo em Recife’, um registro do seu primeiro álbum ‘Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar, Maldito!’, o sucesso do single ‘Abandonada’, com Fafá de Belém e a parceria com Mart’nália, no disco ‘Sou assim até mudar’. A grande novidade é que o artista avisa que seu novo disco está pronto!

A inspiração para o trabalho veio de dois temas: sexo e sua cidade natal, Recife (PE), além da publicação ‘Orgia – Diários de Tulio Carella, Recife, 1960’. A publicação narra as aventuras sexuais do dramaturgo, ensaísta e poeta argentino Tulio Carella (1919-1972) pelo Recife na década de 1960. Foi editado no Brasil, em 1968, e rejeitado por muitos no período, se tornando um grande clássico do universo gay. O álbum é o terceiro de Hooker na trilha de ‘Coração’, lançado em 2017.

“Meu novo disco é muito melancólico. Não é aquela tristeza jogada de Eu Vou Fazer uma Macumba pra te Amarrar, Maldito! e nem aquela pulsação de vida que é o Coração. Ele é um reflexo desse desânimo que a gente fica enquanto artistas brasileiros, atacados e perseguidos por pessoas que são podres. Mas nós vamos continuar produzindo ações lindas, como aconteceu na época da Tropicália, e trazendo muitas questões e tabus para os debates”, revela Hooker.

“Percebo que o passado está desesperado, porque o mundo está mudando”, diz Johnny Hooker (Foto: Liz Donovan)

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Johnny acredita que os artistas precisam se posicionar socialmente e politicamente, funcionando como um agente transformador. Em entrevista ao canal Papo de Música, apresentado pela jornalista Fabiane Pereira, ele pontua: “Eu percebo que o passado está desesperado, porque o mundo está caminhando para mudanças”, frisa Johnny. O cantor e compositor destaca ainda a importância de nomes como Pabllo Vittar, Gloria Groove, Liniker, As Baías, responsáveis por dar força às micro-revoluções que estamos passando. “Eu vejo as pessoas querendo se encaixar e tendo medo de tocar em certos assuntos. Existem certas coisas que vão contra os princípios você ficar calado. Eu gostaria de ver mais artistas do mainstream se posicionando”, ele afirmou.

“As redes sociais servem para espalhar conscientização, mas também adoçam muito as mentes”, diz Johnny Hooker (Foto: Liz Donovan)

A arte no Brasil sempre trouxe muitas questões políticas e na música não poderia ser diferente. “As redes sociais servem para espalhar conscientização, mas também adoçam muito as mentes, os corpos. A música, no Brasil, sempre puxou a sociedade pra frente, desde o Tropicalismo, do samba, desde Chiquinha Gonzaga, sabe? As questões da sociedade brasileira foram sendo discutidas por meio da cultura. Não à toa, muitos têm tanto medo das nossas manifestações”.