All that jazz! Em ano pródigo em eventos, o gênero domina a cena musical no Rio!


Em dois dias de evento, festival Tudo é Jazz no Porto recebeu centenas de cariocas apaixonados pela mistura de ritmos temperados com jazz!

Quem tem mais de quarenta anos certamente se lembra do burburinho que o antigo Free Jazz causava no Rio de Janeiro. Palco de todas as vertentes do gênero e até de outros ritmos, o evento primava pela diversidade. Agora, de uns tempos para cá, fica cada vez mais claro que o hiato deixado por esse tipo de programação na cidade volta, aos poucos, a ser ocupado. Afinal, para os amantes da música faz sentido a popularização do jazz no Brasil, principalmente na Cidade-Maravilha, raiz do batuque. Jazz e samba representam, de alguma forma,  movimentos que andaram em paralelo na direção do mundo cosmopolita pós-Primeira Guerra Mundial, quando o ritmo frenético das grandes cidades clamava por novos gêneros musicais, em afinação com os novos estilos de vida.

Neste ano, o Rio de Janeiro recebeu festivais de jazz em diferentes formatos, provando que o cenário carioca continua perfeito para oferecer ao público aquela levada que é, em suma, o grande carro-chefe da música negra americana, assim como o samba é nossa praia. Em novembro passado, o Parque dos Patins, na Lagoa, sediou o Sesc Amplifica – Bossa & Jazz, trazendo no seu line up  atrações internacionais do porte do saxofonista Branford Marsalis e de Stanley Clarke, além da brasileira Rosa Passos. No mesmo mês, o Back2Black possibilitou a degustação de outra iguaria fina: Al Jarreau. E, na virada de dezembro, nos dias 2 e 3, ainda rolou balanço no Studio RJ, que se transformou em um grande salão de baile, ao som de Marcio Tubino e João Donato Trio com o Jazzmania.

Nessa mesma onda, 2013 fecha com chave de ouro e eventos recheados de ótimas apresentações jazzísticas, todos com repertório de alto nível. Para se ter uma ideia, somente neste último final de semana, os cariocas puderam se dividir entre dois simultâneos festivais de jazz contemporâneo, confirmação de que o gênero tem mesmo andado a todo vapor por aqui. Enquanto, no dia 12, o Lapa Jazz Festival já preparava o terreno para o final de semana, esquentando a Fundição Progresso com o grupo Nova Lapa Jazz e a big band Ouro Negro, o Festival Tudo É Jazz se sobressaía – pela qualidade e tamanho – na região portuária. Em dois dias, sábado e domingo, os organizadores levaram centenas de pessoas ao Armazém da Utopia, no charmoso Cais do Porto carioca. Tudo a ver, já que o cais carioca, dentro do processo de revitalização, já conta com um evento de moda (Fashion Rio), outro de cinema (Festival do Rio) e, ainda, um de arte (Art Rio)> Faltava um de boa música.

O evento, cuja curadoria ficou a cargo de Maria Alice Martins, misturou atrações nacionais com a presença emblemática do americano José James. Abrindo a primeira noite, o quarteto Cobra Coral foi a primeira atração e emocionou o público ao cantar as músicas ‘Lágrima do sul‘, de Milton Nascimento, e ‘Ebony and Ivory‘, de Paul McCartney, em homenagem a Nelson Mandela.

Em seguida, a atriz e cantora Alessandra Maestrini marcou presença em show, com a apresentação da turnê ‘Drama’n Jazz’, munida de um repertório repleto de clássicos do gênero e canções de sua autoria. O grande destaque da noite, entretanto, foi o cantor e compositor americano José James que, graças ao som diferenciado que mistura jazz, hip hop, R&B e música eletrônica, colocou a multidão para sacolejar na pista. A rapaziada não parou mais de dançar, continuando o embalo até o final do último show, quando o grupo Afro Jazz entrou em cena com seu mix de groove, reggae e afrobeat. E, entre um atração e outra, o DJ nova-iorquino Greg Caz – conhecido por sua afeição à música brasileira – se encarregava de agitar o ambiente.

Confira as fotos do primeiro dia:

Fotos: Divulgação

Já no dia seguinte, o evento foi transformado no Itália Jazz Brasil, chancela que promove a troca de artistas entre os dois países e que já se apresentou em outras cidades brasileiras. Dessa vez, foi a vez da cantora paraense Rita Lima soltar o gogó. Ela é muito famosíssima na Europa, especialmente na Polônia e em Portugal e mandou ver. Em seguida, dando continuidade ao seu show, o saxofonista Leo Gandelman mostrou ao público seu mais recente trabalho, ‘Vip Vop‘, no qual resgata o melhor da música brasileira das décadas de 1950 e 1960. E, para fechar a noite em clímax absoluto, o festival contou ainda com a percussão cheia de bossa do jovem baterista italiano Gianluca Pellerito, que fez um emocionante tributo ao pianista Herbie Hancock, considerado um dos maiores gênios do jazz. O público ficou com gostinho de quero mais

Confira as fotos do último dia:

Fotos: Divulgação