Isabella Taviani analisa o mainstream e fala da igreja no Congresso: “é uso da influência religiosa para favorecimento de partidos duvidosos”


A cantora, que vai comemorar 12 anos de carreira nos próximos dias 29 e 30 de agosto no Espaço Furnas Cultural, também conversou com HT sobre seu entendimento de arte: “Em cada canção há uma história pra contar e não somente belas melodias, belas vozes, belos cabelos, belos figurinos, belos cenários… isto tudo é vazio se não se tem alma”

Isabella Taviani chora quando seu carreira é atingida pelo preconceito. “A lágrima cai quando leio comentários preconcebidos sobre meu trabalho. Gente que repete frases de outros sem nunca se deixar me ouvir. Pode não gostar do meu som, claro, mas me escute. Ouça”, desabafou: “A artista aqui está em eterna mutação”. A antítese está nos sorrisos que dá quando percebe que tomou o caminho certo. “Quando subo no palco e vejo uma casa cheia e com um público caloroso, carinhoso e cantando todas as canções comigo, entendo porque escolhi essa profissão. Difícil não sorrir e agradecer”, contou. Essa amálgama de reações se dá constantemente mesmo depois de 12 anos de carreira – contados a partir do primeiro CD, em 2003. A comemoração dessa década, aliás, será nos próximos dias 29 e 30 de agosto no Espaço Furnas Cultural.

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Deixando transparecer uma vivência homossexual – não que fosse algo velado – nas canções “Estrategista” e “A Imperatriz e a Princesa” do álbum “Eu Raio X”, Isabella vê esperança numa sociedade em que se exclui, se agride e humilha o próximo por sua orientação sexual. “Acho os novos tempos muito melhores que os tempos idos. Os avanços estão acontecendo cada vez mais velozes e engajados por toda a população brasileira. O mais bonito do ser humano é quando ele luta não só por suas causas, mas  sim pelo o que ele acha que é o certo para todos”, opinou.

E é exatamente o contrário que faz boa parte da bancada evangélica no Congresso Nacional, votando pautas de acordo com preceitos religiosos, deixando à margem a laicidade do estado. “Política e religião não devem se misturar numa democracia. Sou católica, embora cada vez mais estudiosa do espiritismo, e a Igreja Católica é contrária ao envolvimento de religiosos a atividades políticas e partidárias, segundo a CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil]. Minha religião não pode interferir em leis”, disse indo além: Isabella acha que a laicidade precisa respeitar também as diferenças étnicas e sexuais. “Isso é um atraso, um verdadeiro uso da influência religiosa para favorecimento próprio e de partidos políticos duvidosos”.

Opiniões claras que refletem o esoterismo que a acompanha: a cantora tem o Sol em Libra e a ascendência em Virgem. O que isso quer dizer? “Meu ascendente em Virgem traz o lado crítico e incansável de buscar oferecer o meu melhor”. Não que ela sempre consiga. “Às vezes uma certa intransigência pode rolar, embora eu tente constantemente controlar isso”. O sétimo signo do zodíaco também reverbera o lado só love de Isabella Taviani. “Nós librianos somos românticos inveterados! Não tem jeito. É o amor pelo belo, pela harmonia, pelos amigos e pela arte”. A entrega à arte, aliás, a fez passar a máquina zero na cabeça para o lançamento de “Eu Raio X”.

Em uma entrevista à Revista IstoÉ, Isabella chegou a dizer que era porque o disco mostrava quem é ela na essência. Logo, HT quis saber: “Então por que não continuar com o visual?”. “[Porque eu] raspei para compor a personagem que cantaria as canções daquele álbum. Era um desnudar de vaidade para aflorar a essência. Uma cantora deve, em cada novo trabalho, mergulhar no universo da musicalidade que quer emanar. E se for necessário, até visualmente”, justificou. Para Isabella, uma bela melodia, um belo cabelo, figurino e cenário não é o bastante. “Isso tudo é vazio se não se tem alma”.

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Falando em alma, é ela que melhor traduz com é seu som – latente pela MPB, mas bebendo da fonte do bolero e da música folk, por exemplo. “Meu som sou eu. Apenas isso. Posso cantar tudo, desde que me comova e que seja emocionalmente verdadeiro. Não vou conseguir me fixar num só rumo musical. Posso ter uma concepção MPB nos arranjos, mas o coração livre pra satisfazer meus desejos artísticos”. Nessa lista de desejos está o lançamento de um CD em tributo à dupla americana The Carpenters, que deve sair no início de 2016. “Foi gravado em Los Angeles e teve a participação de Dionne Warwick e Monica Mancini. É um trabalho que sempre desejei fazer porque amo Karen Carpenter! Ela foi e sempre será a maior influencia musical na minha vida”, contou. Labutando há 22 anos no mercado – entre a experiência o profissionalismo, Isabella Taviani não acha difícil alcançar o mainstream musical. “Chegar é fácil, permanecer é outra história”. Ela, bom citar, continua construindo a dela.

Serviço

Show de Isabella Taviani

Onde: Espaço Furnas Cultural (Endereço: Rua Real Grandeza, 219 – Botafogo – Rio de Janeiro)

Data: 29 e 30 de agosto, sábado e domingo

Horários: sábado às 20h e domingo às 19h

Telefones:  2528-5166

Duração: 70 minutos

Classificação: livre