IIly diz que não quer polemizar a descriminalização da maconha em clipe: ‘A letra fala de questão mais ampla’


A cantora enfatiza que busca estimular reflexões em torno de um tema tão complexo, por meio da suavidade de suas músicas

Taisa Machado, Illy e Camila Lucciola (Foto: Victor Curi)

*Por Fernanda Quevedo

A inovação em temas que inspiram e sugerem reflexões sociais, especialmente no que tange à nova onda do feminismo já pode ser considerada uma marca da cantora Illy. Seu público já espera letras e músicas com potencial para se tornar hits e mensagens com tons de provocação, ou de sugestão, como ela prefere dizer. A inovação está justamente em fazer isso de forma suave e doce como a sua voz e sonoridade. Mas, desta vez, em “Djanira”,  ela vai além, e aborda temas como descriminalização da maconha e conta com estética pop e inspirações em Almodóvar. Também destaca o empreendedorismo e outras pautas feministas na composição desta e em boa parte das letras do seu primeiro álbum, “Voo Longe“. “Acredito que esta é uma questão que precisa ser debatida e eu tento trazer isso de uma forma leve e sutil. No clipe, não estou incentivando que as pessoas usem droga. A letra fala de uma questão mais ampla, que envolve liberdade, política social, feminismo e empoderamento de forma sugestiva. Cada uma vai entender a música de acordo com o que está vivendo naquele momento”, explica a artista. Segundo ela, o vídeo também propõe uma reflexão voltada para o empoderamento feminino: “Usamos a dança, a moda e ‘Djanira’ para lembrar que a descriminalização funciona bem em vários países desenvolvidos e avançaria os estudos sobre a cannabis usada contra diversas doenças”, frisa. 

Illy aborda empreendedorismo feminino (Foto: Victor Curi)

O clipe conta com a direção e roteiro de Pedro Henrique França e elenco com Mart’nália, Giselle Itié, Camila Lucciola e Taisa Machado. Sobre o manifesto, Pedro também se posiciona: “Não fazemos aqui, com Djanira, apenas um ato pró-legalização da maconha, mas à liberdade. Djanira é um clipe afetivo e feminista, colorido e alegre, dentro de um Brasil que pode ser possível. É resultado de um trabalho coletivo muito bonito, que soma discursos e reúne essas mulheres tão fortes para mostrar que estamos juntos por um país mais feliz e maduro”, enfatiza o diretor. “O debate motivado pelo clipe, vem a calhar, já que em poucas semanas, o Supremo Tribunal Federal também levará a pauta para discussão”, afirma Illy.

A canção “Djanira” está no álbum de estreia da baiana radicada no Rio de Janeiro “Voo longe”, produzido por Kassin e Moreno Veloso. Apontada como uma das promessas da Nova Música Popular Brasileira, Illy também investiu bastante na estética para passar a sua mensagem no clipe, tanto que o elenco traz mulheres de diferentes estilos. “Todas têm um pouco da mulher brasileira. Quando falamos de empoderamento, não podemos deixar de citar a Martinália, por exemplo. E também pudemos contar com todo o brilho da Taísa Machado, que é uma funkeira que deu ainda mais luz ao projeto”. Taisa é a criadora do Afrofunk, um projeto que inclui aulas de funk com viés político para mulheres e que tem feito um enorme sucesso no Rio de Janeiro.  

Destemida, a cantora é tácita ao dizer que não tem receio das críticas por causa da temática do clipe. “Fiz a escolha certa, não só em “Djanira” mas em todas as outras músicas onde tento trazer mensagens positivas e reflexões. As pessoas pensam que porque a minha voz é suave e as minhas músicas são leve, talvez eu não esteja tão atenta com o que acontece no mundo. Mas sempre que possível, eu vou trazer uma proposta reflexiva na minha arte”.