Exclusivo! Zezé di Camargo e Luciano contam que a dupla vai ter um musical no teatro e defendem: “o sertanejo não precisa ser rotulado”


Antes de fazer sua anual apresentação na Arena Vitória, a dupla conversa com HT sobre os novos talentos, o fenômeno da “sofrência” invadindo o gênero e entregam até quando pretendem manter a dupla

Homem chorando porque foi traído, mulher lamentando amor não correspondido, e sobretudo, a ideia de que beber é o melhor remédio para esquecer os problemas do coração. Não, a gente não está falando de livro de autoajuda, e sim da nova fase do sertanejo que assumiu de vez a verve da “sofrência”, seja em duplas, ou nos galãs que surgem a cada dia com bota e chapéu. Bem diferente daquele modão antigo, das duplas oriundas do interior, onde as coisas da roça e as dores e delícias da vida dominavam as composições, o ritmo mudou os ares do gênero. E não só: uma turma sangue novo tomou de assalto a cena.

HT aproveitou que a dupla Zezé di Camargo e Luciano ainda não partiu para Vitória (ES), onde se apresentará neste fim de semana, e puxou banco e cadeira para eles analisarem essa novidade. Zezé é quem começa falando sobre esses novos rostinhos.  “A música sertaneja faz parte da cultura do país, portanto, a cada ano surgem novas duplas e compositores excelentes. O gênero sertanejo não é modismo. A nossa origem é sertaneja, nunca negamos e não acreditamos que algum dia o nosso gênero tenha morrido ou venha a morrer. Artistas como Luan Santana, João Neto e Frederico, Israel e Rodolffo, fazem sertanejo. Os leigos saem divulgando este rótulo de sertanejo universitário, como já teve forró universitário e pagode universitário. Esses novos artistas fazem o sertanejo”, defende.

(Foto: Facebook)

(Foto: Facebook)

Zezé não para por aí, e lembra que passou pela mesma coisa que a garotada. “Quando começamos, em 1991, fomos intitulados de new sertanejo e nós recusamos este rótulo. Houve uma peneira e ficaram os que tiveram o reconhecimento do público. O mesmo vai acontecer agora”, acha. Seu irmão Luciano faz eco. “Luan Santana canta desde que era criança. É um menino que eu admiro o trabalho. João Bosco & Vinícius e João Neto & Fred gostam de ZC&L desde pequenos, mas ninguém pode esquecer que eu tinha 17 anos quando comecei. Os novos artistas reforçam o gênero, só fortalece a música sertaneja, que é a paixão nacional’, disse.

Aliás, para eles o problema não está aí, e sim na diminuição do mercado. “Quando surgimos, no início do anos 90, aquele fenômeno [sertanejo] era maior do que esse, mas com menos gente dentro do movimento. Naquela época, tinha especial na Globo de música sertaneja, Leandro e Leonardo tinha um programa na emissora, havia umas cinco rádios FMs especializada. Hoje, só tem uma. As pessoas tem memória curta. O espaço era bem maior”, lembra Zezé, enquanto o irmão conclui que a temática da composição pouco importa. “O sertanejo não precisa ser rotulado. Os novos cantores estão colocando novos elementos, mas a música de raiz vai sempre existir”, defendeu Luciano.

Nosso papo continuou falando de parcerias musicais, influências no repertório, e direitos autorais. Ah, antes de partir para o bate-bola, Zezé quis mandar um recadinho para quem dissipa fofocas sobre a dupla por aí: “que cada um cuide da sua vida!”. Ui! Aos fatos!

HT: Uma ala de músicos vem discutindo sobre os direitos autorais. Uma briga com o Google já começou pelo não pagamento por reproduções de canções no YouTube e com os serviços de streaming. Qual a posição de vocês sobre o assunto? Realmente há uma falha na remuneração pela arte do músico?

ZC: Não acho que há uma falha. O YouTube é um canal de internet que ajuda muito os artistas. As novas tecnologias fazem a música chegar até as pessoas mais rápido e mais fácil. Hoje todos sabemos que CD não vende tanto quanto naquela época. As pessoas medem a divulgação pelos acessos no YouTube. E é bem bacana. Os artistas em sua maioria tem os canais que disponibilizam músicas, clipes. E muitos em primeira mão lá. A internet tem esse poder de maior alcance.

(Foto: Facebook)

HT: São recorrentes na imprensa informações de duplas sertanejas se desmembrando. Inegavelmente, vocês já tiveram e ainda terão desentendimentos. Como driblar isso?

LC: Foi como deixamos bem claro na época. Foi um desentendimento de divergência sobre atendimento. Já está mais que curado isso. Não tivemos nunca mais nenhum desentendimento. Como sempre falamos, pretendemos cantar até ser um quarteto. Eu, meu irmão e as enfermeiras.

HT: Depois de um filme, nunca pensaram em uma biografia? Alguém já procurou vocês tentando essa empreitada?

ZC:  Nós temos a biografia da nossa mãe, “Simplesmente Helena”. Foi lançada logo após o filme. Ano que vem seremos tema da escola de samba Imperatriz Leopoldinense. E em 2017, temos o projeto de musical.

HT: Tem Nando Reis e tem uma alusão a Raul Seixas no atual show de vocês. A tendência é cada vez mais beber de outras fontes dos ritmos? Como fazer isso sem perder identidade?

ZC: “Teorias de Raul” foi o nome do nosso CD anterior. Apenas uma faixa que batizamos com este nome. Nando Reis está na faixa que meu irmão agita a galera no show com “Do seu lado”. Na verdade, não temos outros ritmos, a essência é a mesma. Falamos de amor.

Show Zezé Di Camargo e Luciano na turnê “Flores Em Vida”

Dia: 08 de Maio

Local: Arena Vitória

Início do show: 23h

Vendas: http://www.blueticket.com.br/