Exclusivo! Milton Nascimento faz balanço de sua carreira, fala dos sangues novos da música e diz: “Estou mais preocupado com o Rio Doce”


Milton conversou com HT antes de apresentar o show “Tarde” nesta quinta-feira no Teatro Bradesco Rio, a partir dos violões sete cordas do duo mineiro formado pelos irmãos Wilson e Beto Lopes e pelo contrabaixo de Alexandre Ito

Milton Nascimento posa em sua casa no Itanhangá (Foto: Pedro David)

Milton Nascimento posa em sua casa no Itanhangá (Foto: Pedro David)

Direitos autorais, show cancelado por falta de público, preço elevado de ingressos e a arte refém da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Estes assuntos, por mais que abordados, não estão no exato momento nos holofotes de Milton Nascimento. “Minhas preocupações são outras”, afirma ele em entrevista exclusiva. “Não que questões como teatros vazios também não sejam. Mas, nesse instante, eu estou mais preocupado com o Rio Doce (que teve sua biodiversidade afetada após ser atingido pelo mar de lama oriundo da barragem da mineradora Samarco, em Mariana, MG) com o Brasil, com o mundo e, principalmente, em dar meu apoio para fazer as pessoas felizes”, explica. Para mostrar sua solidariedade, bebe da fonte musical. “Esta é a minha forma de contribuição. E os negócios, deixem que os negociantes se encarreguem disso. Eu quero é cuidar dos meus amigos, pensar na vida das pessoas com otimismo, saber de música, conhecer coisas novas, seguir em frente”, continua.

É de amigos, aliás, que ele volta e meia gosta de falar durante a entrevista. Também pudera: Milton apresentará releituras de seus clássicos com o show “Tarde” nesta quinta-feira no Teatro Bradesco Rio, a partir dos violões sete cordas do duo mineiro formado pelos irmãos Wilson e Beto Lopes e pelo contrabaixo de Alexandre Ito. “Este show é um encontro entre amigos. Conheço os irmãos Wilson e Beto Lopes tem mais de 30 anos. Wilson é o diretor musical da minha banda desde 1993 e o Beto já tocou com todo mundo que você possa imaginar, de Lô Borges a Andy Summers. A gente se encontrou algumas vezes para tocar sem muita pretensão, e como a sintonia foi boa decidimos continuar. A única alteração foi a presença do baixista Alexandre Ito, outro grande amigo”, conta.

A amizade continua no centro da conversa quando o assunto é uma avaliação dos 50 anos de carreira comemorados em 2012 (além dessa, outras datas são lembradas de alguma forma neste concerto como os 45 anos da música que o consagrou, “Travessia”, e os 40 anos do disco Clube da Esquina). “O balanço que eu tiro disso tudo é a sorte de ter feito grandes amigos por aí. Não penso em momentos ruins. Para mim só ficam os bons. Qual o motivo de guardar as coisas ruins? Não tem lógica. Fiz grandes amigos, continuo fazendo, e não vou parar tão cedo”, se orgulha aos 73 anos. E o que tem escutado, Milton Nascimento de boa música? “Exemplo? “Ouvir um disco do Lenine, do Hamilton de Holanda, da Esperanza Spalding, do Criolo, ir ao show dos Racionais, da Laila Garin, escutar a voz da Carminho, assim como os projetos do André Marques e sua Vintena Brasileira. Isso, sim, me interessa”. E a nós também, pode crer.

Serviço

Milton Nascimento – “Tarde”

Quando: dia 04 de fevereiro – Quinta-feira, às 21h
Onde: Teatro Bradesco Rio (Avenida das Américas, 3900 – loja 160 do Shopping VillageMall – Barra da Tijuca)
Venda de ingressos: Bilheteria do teatro e www.ingressorapido.com.br
Informações: www.teatrobradescorio.com.br