Já conhece o Mescalines? O duo traz um som instrumental, com uma pegada de blues afrociganoamericano: “Gostamos de misturar”


Duo composto por Jack Rubens e Mariô Onofre mistura ritmos orientais, ciganos e africanos com samba.

 

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Mariô Onofre e Jack Rubens formam o Mescalines | Foto: Lua Wagner

Mescalina é uma substancia retirada do Peiote, um cacto natural do México, conhecida pela ação alucinógena. Daí vem o nome do Mescalines Duo, formado por Jack Rubens e Mariô Onofre. A dupla ficou conhecida por músicas que misturam o rock ao blues, com uma pegada psicodélica e surpreendente. Rubens é guitarrista e toca Shamisen, instrumento de cordas japonesas, enquanto Onofre comanda as baquetas da bateria e percussão.

Os dois se conheceram por amigos em comum, em um show da “Mustaches e os Apaches”, outro projeto de Rubens, e começaram a bater um papo e idealizaram todo o conceito de como seria o duo, que tem a mistura de muitos sons como base para composição.  “No começo, sofríamos mais influências do blues de Robert Johnson, mas isso está mudando, temos ouvido muita música japonesa, cigana, flauta, e até mesmo Luiz Gonzaga. Nos influenciamos sempre por coisas que gostamos”, contou Mariô.  Para o músico, as canções buscam despertar sentimentos de liberdade em quem ouve.

A dupla estréia com o primeiro disco, também batizado de “Mescalines” , que traz oito faixas instrumentais, gravadas instintivamente em seis horas. O resultado? Um trabalho cru, que soa como uma apresentação ao vivo dos caras. Para compor, o trabalho também funciona como um improviso. “A gente toca, e vai tomando forma, é uma coisa espontânea, memorizamos e gravamos”, comentou o baiano, “Nos deixamos levar pelo momento”.

Recentemente, os dois lançaram o clipe de “Serpente de Bronze”, incluída no primeiro CD.  Falando sobre a canção, o baterista explicou também sobre o processo de criação dos títulos: “Todas as músicas remetem a alguma referência nossa, de filmes, história, lembranças… A ‘Serpente’, por exemplo, nos lembra o deserto e o barulho de uma cobra, então acabou ficando com esse nome”.

Em bate-papo exclusivo com HT, o artista também criticou o atual mercado fonográfico. “O Brasil não está preparado para tanta banda. A mídia televisiva está repetindo uma coisa que não é muito o que precisamos. Precisamos de incentivo cultural, educação, feijão, arroz, música vem depois de tudo isso.”, disse. E ainda aplaudiu os serviços de streaming, “é bacana para democratizar a música, para que ela chegue em todo mundo de graça”.

No futuro do duo, estão planos de expansão para a América Latina. “Eles vivem tão pertinho da gente e não rola tanta comunicação. Nossa vontade é expandir nossa arte para países como Chile, Peru, Argentina”, contou o baiano. Mariô também falou da dificuldade em ser tão diferente em um mundo essencialmente careta e conservador: “É gratificante produzir um som que estimula as pessoas a saírem de seus padrões. A gente precisa mais disso, que isso sirva de lição para outras pessoas, para o mundo ficar menos careta”.