Do comando de Skrillex à surpresa de D2, tudo o que rolou nos palcos do primeiro dia de Lollapalooza Brasil


Festival ainda teve shows de Jack White, as ótimas apresentações de Alt-J e St. Vincent, além do final épico dos britânicos do Bastille

Com o line-up majoritariamente dividido entre música eletrônica e rock alternativo, o primeiro dia do Lollapalooza Brasil 2015 já começou com uma bomba: Marina And The Diamonds, a galesa mais queridinha do pop, cancelou sua apresentação apenas momentos antes de o festival começar, enquanto grande parte do público ainda se locomovia até o Autódromo de Interlagos. Apesar da decepção que atingiu principalmente a parcela mais jovem dos presentes, o evento ainda conseguiu se segurar com grandes nomes da cena nacional e internacional.

O primeiro show a criar comoção entre o público foi o da Banda do Mar, provando que o trio formado por Fred Pereira, Mallu Magalhães e Marcelo Camelo foi uma das novidades mais bacanas na cena do pop nacional ano passado. Sem grandes mudanças ou surpresas na setlist, o grupo mostrou sucessos do primeiro disco como “Mia”, “Mais Ninguém”e “Muitos chocolates”, além de “Velha Louca” e “Sambinha Bom”, da carreira solo de Mallu, e “Morena”, dos Los Hermanos. Fato curioso é ver o amadurecimento da menina como artista: em determinado momento da apresentação, o microfone falhou e ela nem piscou na auto-confiança, mostrando que o nervosismo marcante de sua trajetória no Planeta Terra ficou para trás.

Na sequência, a melhor opção de entretenimento veio com os britânicos do Alt-J. Mostrando a perfeita simbiose de ritmos inerentes ao festival, com produção eletrônica e arranjos voltados para o rock indie, os rapazes conseguiram tornar algo contemplativo em excitante. Sucessos como “Tesselate”, “Left Hand Free”e “Breezeblock” se mostraram ideais para um início de tarde que ainda reservava muito pela frente, mas também não abria mão de um bom som. Para os que não conheciam, a performance ao vivo fez muito bem o trabalho de cativar um possível novo público.

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Por falar em surpresas, outra que ergueu muitas sobrancelhas foi a americana Annie Clark, nome verdadeiro da St. Vincent. Ao contrário do que mostrou durante seu show esta semana no Rio de Janeiro (que você viu aqui), a artista parece ter saído de sua casca e fez uma performance visceral, sabendo como agradar o público – nada muito difícil, por sinal, bastou pendurar uma bandeira do Brasil nos ombros e se aproximar da grade – e ainda mergulhando profundamente nas músicas, chegando a lembrar a vibe de Madonna ao apresentar “Like a Virgin”no VMA de 1984 e ficar rolando pelo chão. Provavelmente o público também teve sua parcela de merecimento aqui, já que desta vez ele não estava desesperado para ver Robert Plant.

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Chegando ao lineup de última hora e substituindo a banda Kodaline, que já era uma substituição de SBTRKT, Marcelo D2 poderia ser considerado como a atração mais díspare do line-up, não caindo no rock nem na eletrônica com seu rap misturado a samba. Entretanto, ele mostrou que era a dose de brasilidade que faltava e, assim que começou a primeira “Deixa, deixa, deixa eu dizer” de “Desabafo”, foi ovacionado. Mestre em comandar multidões, o artista se apresentou “na raça”e ainda teve a brilhante sacada de trazer BeatBox ao palco, que fez aqueles malabarismos vocais incríveis, com destaque para o momento em que puxou “Seven Nation Army”, dos White Stripes (HT fica se perguntando qual foi a reação de Jack White nos bastidores ao ver a “homenagem”). Outro highlight foi o mashup entre “Quem tem seda?”e “Cadê o isqueiro?”, que levantou um mar de luzes da plateia.

Em seguida, Skrillex teve um dos momentos mais épicos e lotados do primeiro dia, comandando como poucos uma multidão incrível que se espalhava pelo gramado em frente ao Palco Onix. Apresentando músicas suas como “Summit” (sua parceria com Ellie Goulding) e “Breakin’a Sweat” (com sample de The Doors), o produtor ainda tocou faixas dos companheiros de Lolla, como “Express Yourself” (Diplo) e “Summer” (Calvin Harris). A plateia respondia obediente a qualquer comando do DJ, que ainda tocou um remix absurdo de “Circle Of Life” (“O Rei Leão”) e terminou o set com um loop infinito (e eventualmente irritante) de “Cinema”.

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Jack White fez o show mais longo do dia no Palco Skol, com 140 minutos de duração, o que lhe deu tempo suficiente para passear entre as músicas de sua nova fase solo na carreira, além de projetos anteriores como os White Stripes e The Raconteurs, este último trazendo um dos destaques da apresentação com “Steady As She Goes”. Seu maior hit, “Seven Nation Army”, serviu para segurar o público até o final – mesmo -, quando encerrou o primeiro dia de Lollapalooza com direito a fogos de artifício. Do outro lado, no Palco Axe, os britânicos do Bastille equilibravam o som mais pesado de White com seus hits de rádio, com destaque para “Pompeii” (que fechou a setlist) e os covers de “No Scrubs”(TLC), “Angels” (The xx) e “The Rhythm Of The Night” que, mostrando o caráter fanfarrão do brasileiro, acabou aparecendo na versão funkeira de “Jesus humilha o satanás”.

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