Diretor artístico do Palco Sunset, Zé Ricardo faz balanço do festival, manifestações nos shows e explica conceito para os encontros musicais: “A intuição é o que mais conta”


Com a manifestação de “Fora Temer” quase como repertório comum às apresentações, o Sunset viveu momentos de exaltação da Amazônia e representatividade de todos os tipos. “É muito importante a gente trocar mais do que música com as pessoas”

Em uma Cidade do Rock com oito palcos, milhares de pessoas e música por todo lado, ele é o espaço dedicado aos encontros. Por lá, todos os estilos têm vez e público. Também foi neste palco que tivemos um dos momentos mais históricos do primeiro fim de semana de Rock in Rio 2017, com o show de manifestação e representatividade protagonizado por Johnny Hooker, Linikier e Almério. O Palco Sunset é um a espaço especial em meio a enorme Cidade do Rock. Com a proposta de provocar os amantes da música, por lá, acompanhamos ode ao samba em um festival de rock, mistura de gerações do pop-funk e mais.

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Para que essa mistura de ritmos e comportamentos seja o sucesso acompanhamos, um nome fica responsável por este trabalho de pesquisa, intuição, risco e euforia: Zé Ricardo. Diretor artístico do Palco Sunset, o agitador cultural – como ele se define em sua biografia virtual – é quem organiza, manda e desmanda no espaço dedicado aos encontros do Rock in Rio. Desde 2008 na função que vai além da curadoria, Zé Ricardo explicou como chega ao combinado de shows incríveis que apresenta a cada edição. De acordo com ele, a principal estratégia é a intuição. “A parte musical e de pesquisa, em que eu analiso quem vai estar bombando e o trabalho de determinado artista, é mais simples. A intuição é o que mais conta. Para o Palco Sunset, eu escolho as atrações pelas pessoas que elas são. Às vezes, o cara tem uma música maravilhosa, mas é complicado, não é generoso e não gosta de desafios e misturas. Por outro lado, o cara que tem a ver com o Sunset é aquele que se entrega à arte e se joga com vontade”, explicou.

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Zé Ricardo é o diretor artístico e responsável pelas apresentações do Palco Sunset no Rock in Rio (Foto: Divulgação)

E é isso o que vimos. No Palco Sunset, a maioria dos artistas se entregaram a shows que foram além da música. Com a manifestação de “Fora Temer” quase como repertório comum às apresentações, o Sunset viveu momentos de exaltação da Amazônia e representatividade de todos os tipos. “É muito importante a gente trocar mais do que música com as pessoas. No Rock in Rio, queremos levar comportamentos, ideias e novos conceitos para que, realmente, a gente faça um mundo melhor. Quando dizemos isso no festival, não é para ser só um slogan de publicidade. A nossa intenção é propor iniciativas individuais que façam deste mundo um lugar melhor para a gente viver”, disse Zé que acredita está cumprindo seu papel no momento em que propõe e provoca estes pensamentos contemporâneos através da arte. “A gente tenta mudar um pouco a maneira das pessoas pensarem em relação ao reflorestamento, reciclagem e a forma com que encaramos a nossa vida no planeta hoje. Então, a gente tenta fazer a nossa parte em pequenas atitudes”, afirmou.

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Como resposta, Zé Ricardo acompanhou verdadeiras legiões no Palco Sunset. Mais do que fãs musicalmente das atrações que se apresentaram, as pessoas estão em busca de representatividade em um evento com a importância do Rock in Rio. Sobre esta troca de energia com o público, Zé Ricardo comemorou o sucesso de seu trabalho. Para ele, o resultado é uma prova de que seu trabalho no festival vai além de organizar shows. “Eu me sinto com ainda mais responsabilidade. O orgulho é imenso em ver que o que eu pensei está sendo bem aceito. O meu trabalho no Rock in Rio vai além de curadoria. Aqui, eu digo que faço direção artística porque, para mim, isso é muito mais do que você escolher e contratar quem vai cantar no Palco Sunset. Nós queremos provocar o público e os artistas”, contou.

Além da curadoria do festival, Zé Ricardo também é músico e compositor (Foto: Divulgação)

Neste clima, Zé Ricardo já começa a pensar nos próximos shows no Palco Sunset. “O meu balanço é que o festival foi um sucesso. Essa é uma Cidade do Rock que nem nós mesmos conhecíamos e sabíamos como seria a operação. E tudo funcionou. Então, eu não poderia estar mais feliz. Que venham os próximos”, disse animado. Até 2019!