Direto de Las Vegas: Love, uma ode do Cirque du Soleil, uma espécie de reverência visual às canções dos Beatles


O dramaturgo e jornalista Junior de Paula nos conta suas impressões sobre o espetáculo em cartaz no Hotel Mirage

* Por Junior de Paula, de Las Vegas

Love, o espetáculo do Cirque du Soleil criado a partir de canções dos Beatles, está em cartaz há sete anos em Las Vegas, com sessões duplas diárias lotadas e nenhum sinal de que a força do grupo canadense, unida à potência do grupo de Liverpool, vai diminuir tão cedo. A gente, de passagem pela cidade, foi conferir de perto.

Em cartaz no Hotel Mirage, Love é mais do que um tributo aos Beatles: trata-se de uma ode, uma espécie de reverência visual à musicalidade deste que é, certamente, o maior grupo musical de todos os tempos.

Tudo ali foi pensado para que a música seja o elemento principal. Nada de números exagerados, grandiosos ou próximo daquela imagem construída pelo Cirque du Soleil. Todos os detalhes deste espetáculo nos fazem lembrar a importância que a música pode ter em nossas vidas.

Mais próximo da Broadway do que da origem do Cirque, Love foi idealizado por Domenique Champagne e com o aval da empresa que administra o legado dos Beatles. Tudo acompanhado de perto por George Martin, produtor que remonta às origens da banda de John, Paul, Ringo e George Harrison.

Tudo começa no escuro, no silêncio, com a trupe que vai se exibir pelos próximos 90 minutos atravessando o palco em procissão. Quase uma poesia visual sob os versos de Because, com as vozes originais a capella. Depois, corta para Londres, onde se recria no palco a última apresentação dos Beatles no terraço de um prédio em Londres ao som Help e gritos histéricos das fãs.

Tem ainda “Let It Be”, “Get Back”, que aumenta o ritmo do espetáculo com muitos elementos no palco, bungee jumping, acrobacias aéreas e terrestres e muita, muita coreografia e cores.  Depois surge um medley de “I Want to Hold Your Hand,” “Drive My Car,” “What You’re Doing” e “The Word”, com direito a fuscas no palco e os personagens das canções dos Beatles tomando vida como   Dr. Robert, Sgt. Pepper e Nowhere Men.

Uma das partes mais lindas e emocionantes é “Lucy in the Sky With Diamonds”, quando fios de luzes caem do teto, acompanhados da entrada de uma acrobata voando por cima da plateia com um figurino que mimetiza um diamante. “Octopus’s Garden” é tocada com um grande tecido que se abre sobre as cabeças da plateia e “Here Comes the Sun” segue por uma linha mais literal, com um grande sol nascendo do centro do palco até se por do outro lado do palco.

Tudo, claro, termina com Love, com todo o elenco no palco, recebendo os aplausos e fazendo todo mundo levantar e cantar junto o mantra que diz que tudo o que gente precisa na vida é de amor. E é exatamente essa a sensação com a qual a gente deixa o teatro: a de que quando as coisas são feitas com amor, tudo fica mais especial e mais emocionante. E dá pra gente sentir o amor no ar neste espetáculo do Cirque du Soleil que é tão poético e melancólico quanto um bom amor.

Este slideshow necessita de JavaScript.

 

 

* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura