Diogo Nogueira sobre cenário da música: “Parece que o valor da poesia e da melodia elaborada foi descartado”


Na carreira há 12 anos, o cantor lançou seu primeiro EP “Meu Instinto” com 4 músicas inéditas e dá algumas dicas para quem está começando na carreira de músico: “Façam músicas que toquem o coração das pessoas e que traduzam a verdade de vocês e não aquilo que vai fazer sucesso mais facilmente. O que é bom dura a vida inteira e o que é raso dura no máximo alguns verões”

Diogo Nogueira (Foto: Guto Costa)

*Por Domênica Soares

Com a música sempre presente em sua vida, Diogo Nogueira em seus 12 anos de carreira conquistou fãs de todas as idades. Desde aqueles que foram herdados de seu pai, grande cantor e compositor, João Nogueira (1941-2000), até os mais jovens, que curtem diferentes tipos de música. O fato é que o artista está sempre acompanhando as novidades e atualizações do mercado. Fruto disso é o primeiro EP do cantor, “Meu Instinto”, que traz quatro músicas inéditas de compositores da nova geração do samba. “Desde o início da minha carreira, sempre busquei gravar compositores novos e, no meu último álbum ‘Munduê’, resolvi produzir apenas músicas minhas em parceria com diversos compositores dessa nova geração. Nesse EP que acabamos de lançar, trazemos essas quatro músicas novas com essência jovem, mas que fazem um samba da melhor qualidade. O resultado está sendo incrível”, conta.

Diogo Nogueira fala sobre mudanças no cenário da música (Foto: Guto Costa)

“Meu Instinto” foi produzido por Rafael dos Anjos e Alessandro Cardozo, que são os mesmos do aclamado álbum “Munduê”, o CD autoral de Diogo lançado em 2017, que fez um super sucesso com a crítica e o público. Desta vez não foi diferente e a equipe trouxe um trabalho repleto de referências que compõem o artista e caminham à frente nessa longa jornada, que continua sempre atual. Além disso, esse é o primeiro trabalho independente do cantor, mostrando que Diogo acompanha e usa as novas ferramentas que o mundo da música está oferecendo. “Estamos atentos a todos os movimentos do mercado atualmente. Quando decidi fazer trabalhos de forma independente foi uma opção que me deu mais velocidade, autonomia e que estão me possibilitando estar mais perto do meu público.Também me oferece a chance de monitorar mais de perto meus resultados. O ano de 2019 foi um dos melhores da minha carreira”, compartilha.

Capa do EP “Meu Instinto”

A música “Meu Instinto”, que abriu a sessão de lançamento e foi disponibilizada como single a parte antes do EP, nasceu do encontro entre Diogo, Bruno Castro, André Lara e Claudemir Rastafari. A prova de que as parcerias são grandes sucessos começa pela história de vida de cada um desses três. André é neto de Dona Ivone Lara (1922-2018), Bruno Castro foi o último grande parceiro da Dama do Samba e Claudemir têm em seu currículo grandes sucessos como “Ogum” e “Ser Humano”. O arranjo de toda essa produção é assinado por Jota Moraes e traz um resultado incrível que promete suceder “Pé na Areia”, uma das composições de Diogo que se tornou um dos hits mais cantados da década nos pagodes no Brasil e no mundo.

A faixa “Embolaê”, reafirma o lado romântico do cantor. A parceria, dessa vez é entre o hit-maker Claudemir, junto com dois grandes sucessos da nova geração, Tiêe, que com pouco tempo de carreira já tem mais de 200 canções gravadas e milhões de plays nas plataformas de streamming, junto de Gusttavo Clarão, que é aclamado no carnaval carioca, conhecido pelos recordes ao vencer por sete anos consecutivos a disputa dos sambas-enredo da escola Unidos do Viradouro.

O single “Forte Leão de Judá” passa a mensagem sobre os inúmeros conflitos que tomam conta do país. Quem assina é Inácio Rios, amigo de longa data de Diogo, em parceria com Ramon Ramos. Na última faixa “O Pacto”, a parceria surge com João Martins e Fred Camacho.

 Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, o cantor diz que a essência do novo álbum surge dos aspectos que o cativaram desde a primeira vez que ouviu as músicas e que, por sinal, estão sendo muito bem aceitas pelo seu público. “São canções alto astral, samba que fala de fé, de amor e da vida. Sou compositor de uma dessas quatro músicas, ‘Meu Instinto’ e as outras composições foram selecionadas por mim junto com meus parceiros e produtores do EP, Rafael dos Anjos e Alessandro Cardozo”. 

O cantor que já está na carreira há mais de 12 anos busca sempre inovar em suas produções (Foto: Guto Costa)

Sobre as transformações pelas quais o cenário da música vem passando, Diogo relata que em sua visão, parece que o valor da poesia e da melodia elaborada foi descartado e o que é mais raso, descartável e que tenha apelo popular de forma mais fácil ganha espaço na mídia e chega aos ouvidos das pessoas. “O povo gosta de música boa também. Basta ter acesso. O cenário está complicado, não me identifico com quase nada que vem fazendo ‘sucesso’ hoje em dia no Brasil”, desabafa.

Sincero, amigo e lutador, Diego sonha em ver o Brasil erradicar a fome, além de conquistar acesso à educação de qualidade. O cantor dá algumas dicas para quem está começando na carreira de músico: “Façam músicas que toquem o coração das pessoas e que traduzam a verdade de vocês e não aquilo que vai fazer sucesso mais facilmente. O que é bom dura a vida inteira e o que é raso dura no máximo alguns verões”, frisa.