Dandara Manoela: ‘Música ‘Pretas Yabás’ aborda saída das mulheres negras da base da pirâmide social para o foco’


A cantora e compositora une força e poesia e evoca orixás femininas no single. “A canção é uma grande exaltação à potência e ao protagonismo da mulher negra. De forma poética exalta resistência e ancestralidade, reafirmados em clipe que evidencia mulheres unidas”, revela

Dandara Manoela: 'Música ‘Pretas Yabás’ aborda saída das mulheres negras da base da pirâmide social para o foco'

*Por Rafael Moura

Mãe Rainha esse é o significado do termo Yabá. Uma referência aos orixás femininos como Oxum (amor), Oyá (tempo), Obá (verdade), Iansã (tempestade) Yewá (equilíbrio), Iemanjá (Rainha do Mar), Nanã (anciã) e Egunitá (cósmica). Reverenciando essas deusas, a cantora e compositora catarinense Dandara Manoela convocou forças para o single ‘Pretas Yabás’. “A canção é uma grande exaltação à potência e ao protagonismo da mulher negra. De forma poética exalta sua resistência e ancestralidade, reafirmado em clipe que evidencia mulheres unidas”, revela.

A cantora afirma que a música ‘Pretas Yabás’ aborda o deslocamento simbólico das mulheres negras da base da pirâmide social, do lugar mais silenciado e negligenciado, para o centro, o foco. “Faz menção ao espaço que elas vêm ocupando, com muito esforço e luta diária, para serem ouvidas, terem mais acessos e direitos garantidos”, explica a artista. “A música é um lembrete de que todas as mulheres negras são rainhas. Eram na África e continuam sendo aqui”, complementa Renata Schlickmann, produtora executiva do projeto.

A produção musical é assinada por Érica Silva, da banda Mulamba que revelou imensa felicidade com esse projeto. “‘Pretas Yabás‘ foi um presente. Nela eu entendi que a produtora que há em mim pode realizar muitos trabalhos. E eu não vou parar. A música preta brasileira produzida por mulheres pretas vai rasgar o mercado musical”. E Dandara Manoela acrescenta: “O clipe é uma provocação da norma. O tremor simboliza deslocamento. Mulheres negras sendo vistas e ouvidas, ocupando nosso lugar”.

Com direção de Elisa Schmidt, a obra audiovisual foi gravada no centro de Florianópolis (SC) e ilustra a poesia da potência de mulheres pretas reunidas. “Para mim, Dandara Manoela é uma personalidade representativa para as lutas sociais da mulher negra, uma vez que se posicione de maneira cuidadosa e a fim de incluir, bem como valorizar, todas as mulheres. Sua voz traz expressividade aos anseios da pele e da alma para fazer tremer a base da pirâmide social”, reforça.

O clipe é uma produção da Kriya Films e contou com uma super time de mulheres Addia Furtado, ANIS, Andréia Zaida, Azânia Mahin Romão Nogueira, Bruna Barreto, Carla Luz, Cauane Maia, Eli de Paula Pereira, Jhu Florinho, Julia Milan, Laila Dominique, Lais Costa, Mariah Mendonça, Marissol Mwaba, Nattana Marques, Tata Mendonça e Zâmbia Osório.

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Dandara que é natural Campinas, se mudou e sua pluralidade musical representa um símbolo de resistência das manifestações culturais afro-brasileiras e de afirmação da mulher negra e lésbica no campo artístico. Transitando pelo samba e pela MPB, a artista traz à tona lutas e afetos subjetivos que encontram espaço na multidão.

Em 2017, ela ganhou o Prêmio da Música Catarinense na categoria Melhor Cantora. No ano seguinte, lançou o primeiro álbum, Retrato Falado, e, na sequência, levou para casa o Prêmio da Música Catarinense na categoria Melhor Álbum. Em 2019, Dandara Manoela lançou o single ‘Meu Canto’, gravado em colaboração com grandes músicos de São Paulo. E, no ano passado, o single ‘Raiz Forte’. Já abriu shows de Luedji Luna, Liniker e os Caramelows e Francisco El Hombre. Também participou dos shows da Tuyo (na Casa Natura Musical – SP), Mart’nália, Ekena, Francisco El Hombre e Luedji Luna. E marcou presença em festivais de música e eventos internacionais como: SESC na FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty (RJ), FIMS – Feira de Música do Sul (PR); Morrostock (RS), Libélula Festival de Carnaval (PR), Bradamundo (SC), Heineken Urban Jungle (RS), entre outros.