Com direção de Jorge Bispo, Laila Garin e A ROda lançam clipe de música de Roberto Carlos sob a ótica do eu lírico feminino: “Um rasgo de emoção e exposição”


A faixa “As Curvas da Estrada de Santos” já havia sido interpretada por Elis Regina em 1970. Na época, Laila destacou a força da cantora ao interpretar a letra em um meio tão masculino. Hoje, sem pensar em feminismo ou empoderamento, a atriz acredita que o vídeo seja uma vitrine de sentimentos. “Eu acho que nós mulheres somos condenadas pela sociedade por sermos emocionais e expormos isso. Às vezes parece que temos que ser blasé”

Em 1970, Elis Regina emprestou sua voz e força para a interpretação de “As Curvas da Estrada de Santos”, música de Roberto Carlos do ano anterior. Quase 50 anos depois, é a vez de Laila Garin resgatar o clássico sob o ponto de vista feminino. A atriz e cantora lança nesta quarta-feira, 14, o clipe de “As Curvas da Estrada de Santos” com sua banda A ROda. “Essa faixa é uma homenagem à Elis Regina. É uma música que foi produzida por Nelson Motta e tem tudo a ver com ela. Para mim, escolher essa faixa para fazer o clipe traz outra energia. É um clássico, é visceral”, disse.

Para organizar tanta força por trás da letra e de tudo o que a música representa sob a ótica feminina, Laila Garin convocou Jorge Bispo para a direção. Ainda sem se conhecerem pessoalmente, a atriz e cantora explicou que sempre viu no fotógrafo um olhar diferente sobre a mulher. E, de acordo com ela, era isso o que o clipe de “As Curvas da Estrada de Santos” deveria passar. “Eu já tinha vontade de ser fotografada por ele porque acho que o Bispo torna as mulheres belas. E como a nossa versão dessa música traz uma mulher cantando, no caso eu, achei interessante ter um olhar especial do homem sobre a mulher”, explicou Laila que, na hora da gravação, teve a certeza de uma boa parceria. “A primeira coisa que o Bispo falou sobre o clipe foi usar a banda toda. Foi aí que percebemos que estávamos conectados. Esse, de fato, é um projeto de banda. O clipe faz parte do disco de um grupo que tem a minha imagem como comissão de frente”, destacou.

Jorge Bispo é o diretor do clipe de Laila Garin e A ROda (Foto: Isabel Scorza)

Ao lado de Ricco Viana, Marcelo Müller e Rick De La Torre, então, a atriz e cantora estreia o clipe de “As Curvas da Estrada de Santos” como parte do trabalho recente de Laila Garin e A ROda. “É uma música que representa bem a pegada da banda. A gente tem um som mais rock’n roll”, explicou Laila que emprestou sua visão de atriz para a interpretação da letra de Roberto Carlos. “Eu fiquei pensando no que essa música queria dizer do eu lírico, no nosso caso, uma mulher, que vive perigosamente nas curvas da estrada de Santos. No fim, eu acredito que o clipe represente bem tudo isso”, adiantou Laila sobre o vídeo feito em plano sequência e todo em preto e branco.

E, assim como Elis Regina agitou a cena artística em 1970 quando interpretou a canção de Roberto Carlos, Laila Garin espera ter uma reação quente em 2018. Para a atriz e cantora, trazer o eu lírico desta música na figura feminina é ir na contramão de uma ideia de que não temos emoções e sentimentos. “Lá atrás a Elis já tinha trazido a letra sobre a ótica feminina e fez isso de maneira muito agressiva, até porque precisava ser assim em um meio que era tão dominado pelos homens. Hoje, a força é diferente. Quando eu fiz o clipe, não pensei em feminismo e nem empoderamento e, sim, em uma vontade de ser quem a gente é. Eu acho que nós mulheres somos condenadas pela sociedade por sermos emocionais e expormos isso. Às vezes parece que temos que ser blasé porque existe uma hipocrisia geral de que não podemos sentir nada. O clipe é um rasgo de emoção e exposição para mim”, disse.

Enquanto não somos atingidos por essa flecha de Laila Garin, seguimos para além do vídeo dirigido por Jorge Bispo. Ainda na música, a atriz e cantora contou que em breve irá lançar o DVD do show do lançamento do disco com A ROda. O trabalho teve direção de Ney Matogrosso e vai estrear pelo Canal Brasil. No cinema, Laila estreia no segundo semestre o filme sobre Chacrinha no qual interpretou Clara Nunes. “Para a televisão, eu estou gravando a série “Carcereiros” e a segunda temporada de “3%”, da Netflix”, adiantou.