Com bastante fôlego e coreografias, Backstreet Boys lotam show no Rio de Janeiro e Nick Carter pede: “Ajam como se tivessem 15 anos”


A boyband mais lucrativa da história se apresentou nesta segunda no Citibank Hall, em um espetáculo que deixa muitos grupos atuais no chinelo

Mesmo 20 anos e algumas passagens pelo Brasil depois, os Backstreet Boys ainda conservam o poder de arrastar uma multidão de garotas, que lotou o Citibank Hall na noite desta segunda (8/6), quando se apresentaram com a turnê “In A World Like This”. Com uma fila quilométrica do lado de fora e uns bons 30 minutos de atraso, os cinco rapazes que criaram a boyband mais lucrativa da história apresentaram um show que passeou pelo catálogo completo de hits ao longo dessas duas décadas de carreira.

É preciso frisar: mesmo que todos os seus integrantes já estejam entre seus 30 e muitos/40 e poucos anos – o mais jovem é Nick Carter, com 35 -, os Backstreet Boys ainda têm fôlego para superar as boybands de hoje em dia, cantando sem playback, fazendo coreografias impecavelmente sincronizadas – pelo menos no início do show – e fazendo um ótimo espetáculo para o seu público. Plateia essa que constituía-se majoritariamente de garotas na casa dos seus 20 anos, que viram o sucesso do grupo em seu age, durante os anos 1990, com hits como “Everybody” e “I Want It That Way”.

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É o caso de Francine Oliveira (25), advogada carioca que foi ao seu primeiro show dos ídolos na noite de ontem. “Me considero uma fã normal, não sou de ficar fazendo escândalo”, comenta com HT, reiterando que admira o grupo desde “1900 e bolinha”. Quando perguntada sobre o segredo da longevidade do grupo – os rapazes integram a boyband com a carreira mais duradoura da história, se mantendo na indústria por 22 anos -, ela acredita que a qualidade musical seja a chave. “Apesar de elas serem antigas, continuam boas e tocando na rádio”, aponta.

A fisioterapeuta Natália Borges (27), que arrastou o marido, João Otávio (28), para o show, já acredita que o segredo esteja no carisma dos integrantes. “Cada um tem uma personalidade muito diferente do outro, assim eles conseguem atingir os grupos diferentes de fãs. Tem o engraçado, o mais rebelde, o sério…”, diz a fã que coleciona CD’s do grupo desde os 17 anos e foi uma das 70 mil fãs que os viu se apresentando no Maracanã em 2001. “Mas dessa vez vai ser muito melhor, porque eu estou mais perto do palco!”, comentou empolgada.

Natália Borges, João Otávio e Francine Oliveira durante o show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro (Foto: João Ker)

Natália Borges, João Otávio e Francine Oliveira durante o show dos Backstreet Boys no Rio de Janeiro (Foto: João Ker)

Realmente, é possível entender o apelo de cada um dos integrantes dos Backstreet Boys a partir do momento que eles sobem ao palco, ao som de “The Call”, sucesso do grupo lançado em 2000. Quando aparecem vestidos de terno pela primeira vez, sob um mar de gritos ensurdecedores da plateia, o clima da noite já está definido: apostando no combo sex appeal + simpatia, AJ McLean, Brian Littrell, Nick Carter, Howie D e Kevin Richardson brincam entre si e com as meninas, enquanto cantam seu repertório que se divide entre o pop chiclete de coreografias e as canções de amor melosas, mas que são um guilty pleasure irresistível.

Brian é o estereótipo perfeito do rapaz brincalhão e de bem com a vida, mesmo que pareça forçado de vez em quando; Howie traz um certo tipo de apelo nerd; Kevin faz a linha calado e sério em meio à histeria alheia; e Nick Carter, talvez o membro que mais se leve a sério dali – e isso está longe de ser um elogio – aposta tanto no sex appeal que certas vezes chega a parecer cômico entre os outros integrantes, enquanto AJ consegue dosar muito bem uma sensualidade menos explícita com os passos de dança.

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Nick, por sinal, tenta brilhar mais do que os outros a qualquer custo: se os cinco integrantes estão cantando no mesmo degrau da estrutura de palco, ele dá um jeito de descer e se colocar mais em evidência rodopiando em volta de si mesmo; enquanto todos ali tentavam se unir, ele era o único que se desvencilhava dos colegas, preferindo rebolar lentamente em algum canto do palco. É ele também quem dá as ‘regras’ do show: 1) “Eu quero que você enlouqueçam durante a noite”; 2) “O que acontece em um show dos Backstreet Boys, fica no show”; e, a mais coerente, 3) “Eu quero que todo mundo aqui aja como se tivesse 15 anos!”, gritou, enfatizando a regra que mais se aplicava a ele mesmo.

Para manter o público brasileiro cativo, os rapazes não dispensaram os artifícios de praxe: levaram a bandeira do país para o palco, disseram que o Rio é a cidade mais louca, amada e preferida por eles e que nós temos as mulheres mais gostosas do mundo. Isso tudo, claro, levantava gritos histéricos da plateia. Após uma sequência de cinco músicas, eles dão uma pausa no espetáculo para trocar de roupa e o figurino sério dos ternos dá lugar a roupas esportivas que deixam os braços da maioria à mostra. Ao som de “As Long As You Love Me”, eles dão início ao segmento mais romântico do espetáculo, que vem com uma surpresa: uma  sequência a capella, onde mesmo que com vozes muito altas, eles soltam o gogó e até brincam de rebolar para o público. “Eles não querem nos ver tocando instrumentos, querem nos ver balançando a bunda”, brinca Kevin. De fato.

Apesar de a maioria do público ter a setlist inteira na ponta da língua, os highlights do show foram os mais previsíveis: os maiores hits antigos, como “I Want It That Way”, “Everybody” e “We’ve Got It Going On”, que teve um das melhores e mais divertidas coreografias. A noite terminou ao som de “Larger Than Life”, o segundo bis do espetáculo, enquanto AJ vestia shorts e camiseta do Brasil. Na saída, era possível ouvir as meninas comentando: “Nossa, eles tão muito gostosos!”. Realmente, Kevin, você estava certo. Mas de uma forma ou de outra, os Backstreet Boys ainda fazem escola para as boybands de hoje, que precisam rebolar muito mais – figurativa e literalmente – se também pretendem alcançar duas décadas de sucesso.

Backstreet Boys encerram show no Rio de Janeiro com AJ vestindo roupas do Brasil (Foto: Reprodução Instagram)

Backstreet Boys encerram show no Rio de Janeiro com AJ vestindo roupas do Brasil (Foto: Reprodução Instagram)