Novidade das boas: A Casa de Cultura Laura Alvim em parceria com o programa Faro lançam um projeto que privilegia talentos da nova MPB


Música na Laura com Faro dá preferência a nomes já conhecidos e cultivam uma caminhada no mundo musical, tendo no mínimo um disco lançado. A ideia é ter um espaço onde estes artistas possam mostrar o trabalho para o público que acompanha a carreira dos mesmos, além de ter uma possibilidade de agregar mais fãs para um cantor

O projeto Música na Laura voltou com força total em 2018 e, dessa vez, com uma parceria especial: o programa Faro, da rádio SulAmérica Seguros Paradiso FM. A iniciativa começou a ser implantada na Casa de Cultura Laura Alvim no final de 2016, quando o local foi reinaugurado. Os shows duraram de dezembro até março, porque, à época, fora planejado para durar poucos meses. A nova edição, repaginada e turbinada, começa agora, em janeiro, e vai até setembro. “Contamos com o patrocínio da Vivo e, por isso, conseguimos estender a temporada para nove meses. Eu estava no ano passado em Portugal e a Andrea Franco, a diretora artística do projeto, também estava lá. Acabamos nos reunindo para tomar um café e decidimos no final da conversa juntar as nossas forças para trabalhar juntos. Unimos o projeto dela com o meu programa na rádio”, explicou Fabiane Pereira, curadora do evento e jornalista apresentadora do Faro.

Fabiane Pereira, Andrea Franco e Renata Monteiro,a diretora da Casa de Cultura Laura Alvim (Foto: Pedro Landeiro)

A iniciativa visa oferecer um espaço para os artistas que representam a Nova MPB, que nasceu a partir de 2000. A ideia é trazer profissionais que conversem com o novo cenário, sem importar a idade, sendo assim existem artistas de 22 a 40 anos. “O que estamos fazendo de diferente da outra edição é não levar apenas o pessoal mais novo para o palco. Priorizamos os artistas que já tenham um CD, projetos lançados e uma base de fãs”, afirmou Fabiane. A Mariana Aydar, uma das atrações deste ano, por exemplo, já está há algum tempo na estrada e já lançou quatro discos. Outra novidade é que haverá shows na varanda da Casa de Cultura Laura Alvim, aproveitando a vista de tirar o fôlego para a praia de Ipanema.

O cargo de Fabiane como curadora do evento acabou sendo uma consequência. A verdade é que a artista acabou participando do ‘Música na Laura com Faro’ por seu envolvimento quase umbilical com a música na cidade.  “A escolha para enriquecer o projeto foi o meu programa, o Faro, porque ele tem tudo a ver com a iniciativa da Casa de Cultura Laura Alvim. Isto porque ambos são totalmente voltados para a nova cena da música brasileira, o que estabelece uma relação muito lógica entre os dois”, contou. Por causa desta parceria, a iniciativa acabou tendo uma repercussão muito maior ao ser transmitida e anunciada na rádio. “Alguns shows serão gravados e eu irei entrevistar os artistas no palco para depois os ouvintes escutarem”, acrescentou Fabiane. Esta forma de expandir o projeto é uma das novidades deste ano no Faro, que acaba de ganhar mais uma hora na grade da SulAmérica Seguros Paradiso FM a partir de fevereiro.

Muitos artistas que possuem uma base de fãs na internet, não fazem muitos shows por falta de investimentos e iniciativas voltadas para esse novo produto. Portanto, o Música na Laura com Faro visa suprir esta necessidade e repercutir o trabalho destes profissionais, como foi caso do Ayrton Montarroyos, que participou do Super Star, mas nunca tinha feito uma apresentação no Rio de Janeiro ou dado uma entrevista para uma rádio. “Com este projeto estamos buscando trazer luz para uma ressignificação da MPB que já existe no mercado, trazendo artistas promissores ou que possuem um grande talento. Mesmo que a pessoa já possua uma base de fãs, a ideia é agregar mais admiradores através da participação no Faro, afinal de contas, são audiências diferentes. A ideia é agregar e somar ouvintes para os músicos”, comentou. A jornalista Fabiane acredita que esta transmissão é importante para os profissionais por achar que a radiodifusão ainda é o meio que lança hits no mercado. Um exemplo para isto é que a música mais tocada no Brasil em 2017 foi a mesma com maior índice de reprodução nos veículos. “Misturar todas estas arestas faz com que um artista ganhe uma maior repercussão”, garantiu.

Matheus VK fará o show dia 30 de janeiro (Foto: Jorge Bispo)

Além de ajudar a anunciar estes artistas para novos possíveis admiradores, a profissional acrescenta que existem mais necessidades no mercado da música e arte no geral. Fabiane destacou que não adianta ajudar a impulsionar um artista se não houver instituições, órgãos ou empresas que ajudem a patrocinar estes talentos. “A nova cena musical precisa de mais marcas que acreditem e possam patrocinar, porque sem isto não conseguimos fazer nada. Elas acabam preferindo fazer grandes shows na praia de Copacabana com um conteúdo que não vai acrescentar em nada para os cidadãos. As empresas têm que saber com que público estão dialogando”, lembrou. Obviamente, grandes apresentações também possuem o seu valor, mas não é interessante apenas apostar neste tipo de alcance e, para que o financiador entenda isto, é preciso compreender o mercado. “Precisamos de tanta coisa no cenário musical, mas acho que o principal é que as marcas invistam em sua própria equipe. As empresas, as secretarias municipais, estaduais e o Ministério da Cultura precisam de profissionais que entendam de gestão cultural. Isto porque turnês de artistas pequenos não podem ter a mesma cobrança de shows maiores como Claudia Leite e Ivete Sangalo, somente bons profissionais conseguem entender isto. Dessa forma, saberão melhor como gerenciar o dinheiro da própria marca”, completou.

Para a jornalista, não existe o discurso de que não houve investimento em outros músicos pela falta de bons talentos.  “Ouço muito as pessoas dizerem que não existe mais música como antigamente e que hoje as letras são uma porcaria. Sou totalmente contra este discurso justamente por ser simplista demais. Posso citar vários artistas do Brasil que fazem parte desta nova cena”, afirmou. E ao dizer isto, a jornalista não está menosprezando nenhum estilo musical. Faz parte da MPB qualquer tipo de compositor que tenha escrito na língua portuguesa. “Acho que estamos muito melhor do que esteve, nunca produzimos tanta música boa em nenhuma outra época da arte brasileira. Esta geração é a melhor em termos de composição, aparato tecnológico e inteligência emocional para lidar com tudo. Temos ídolos nacionais atuantes que, obviamente, são inspiração para estes jovens. Ao contrário de outros momentos da música, eles não negam o passado. São pessoas que agregam, até mesmo nos gêneros mais populares. Isto é fundamental”, garantiu.

Neste domingo, 14, na varanda da Casa de Cultura Laura Alvim, a cantora LILA apresenta um show já em clima carnavalesco. Dia 21 de janeiro é a vez do músico carioca PEDRO MANN levar todo seu suingue pra orla mais charmosa da cidade. Terça, dia 16, o paulistano DANI BLACK mostra as composições que conquistaram nomes como Milton Nascimento, Maria Gadu e Ney Matogrosso no teatro do espaço. Dia 23, também no teatro, é a vez de DAVI MORAES mostrar o repertório malemolente de “Tá em Casa”, primeiro álbum de inéditas do cantor e compositor em 12 anos e dedicado a diversos ritmos como bolero e afoxé. Domingo, 28, a varanda ganha ares de anos 80 com a apresentação do cantor QINHO cujo repertório é dedicado aos sucessos de Marina Lima e encerrando a programação do mês, dia 30 de janeiro, toda a simpatia rebolativa de MATHEUS VK.

Os shows no teatro serão sempre às terças, 20h. Já o evento na varanda, das 17h às 21h30, aos domingos, contará com uma apresentação musical com DJ’s nos intervalos.

Serviço: MÚSICA NA LAURA com FARO
Local: Casa de Cultura Laura Alvim – Av. Vieira Souto, 176 – Ipanema – RJ
Horários: 20h (shows no teatro); 17h às 21h30 (shows + DJ na varanda)
Ingressos: R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia)
Capacidade: 200 pessoas (teatro); 100 pessoas (varanda)