Ana Vilela sobre seu novo single: “O que eu produzo é música, arte e isso nunca teve orientação sexual”


A cantora lança seu próximo clipe no dia 28 de junho e frisa que a data não foi pensada no dia do orgulho LBGTQI+: “Nossa luta é para que cada vez mais isso seja visto como normal”

*Por Domenica Soares

Enquanto seus amigos estavam sempre brincando quando pequenos, Ana Vilela tinha um violão como companheiro, e desde então, não saiu do mundo da música. A cantora já tem muitas produções em seu repertório, e não, ela não é somente a Ana Vilela da música trem bala, mas sim, dona de muitos sons que emocionam e fazem sucesso com o passar de sua carreira. Dessa vez, a cantora está começando uma transição em seu estilo musical, apostando em um som mais vibrante, mas sempre com o objetivo único que é emocionar as pessoas: “A gente trabalhou duro para que a música traga um sentimento que toque quem ouvir. Queremos que o público sinta nossas emoções”.

Ana Vilela lança novo clipe (Foto: Jorge Bispo)

Ana gravou o clipe da música “Pra Não Te Acordar”, uma das faixas do seu segundo álbum. A história é protagonizada pela própria cantora junto com a atriz Luana Colpani. Gravado na Praia da Reserva, no Rio, em um ambiente leve e descontraído perto do mar e do sol, as duas vivem uma história de amor que tem um mix de realidade e fantasia, somado a uma estética dramática e artística. Quando perguntada sobre a interação com a atriz, Ana comenta que já eram conhecidas, o que facilitou a vivência e emoção naquele contexto de romance e contribuiu automaticamente para a leveza da música: “A Luana é minha amiga há dois anos. A gente se conheceu quando eu vim morar no Rio. Quando a ideia do clipe surgiu e precisamos achar alguém, não foi difícil pensar nela”. Ana ainda conta que o astral da modelo e atriz é incrível. “Nós temos muita intimidade, o que para mim foi ótimo, porque tem muitas cenas mais íntimas e eu me senti confortável, e, além de tudo, ela é linda”, brinca a cantora.

Ana e Luana vivem romance em novo clipe (Foto: Patrick Gomes)

Apesar de ser lançado em 28 de Junho, Dia do Orgulho LBTGQI+, Ana comenta que essa data não foi pensada e nem programada: “A gente definiu a data de lançar o clipe antes de perceber que era nesse dia, mas, depois, ficamos super felizes com a coincidência. Não por ser estratégico comercialmente falando, mas porque eu sou parte da comunidade e é um presente poder colocar no mundo uma produção audiovisual que mostra uma história de amor de forma natural, tendo em mente que para muita gente essa questão ainda é um tabu”.

Considerando o cenário político no qual estamos inseridos, com tanto preconceito e discriminação que são disseminados todos os dias por pessoas que ainda não são capazes de entender a liberdade do outro e que fazem com que os LGBTQI+ sejam vistos como diferentes pela sociedade, amigos e até mesmo pela família, não podemos deixar de conversar com a cantora sobre o assunto. Ana frisou que não entende o porquê de rotularem tanto a música como um tema LGBTQI+. Para ela, a luta diária pela causa é exatamente fazer com que as pessoas vejam esses clipes como qualquer outra produção: “Você não vê um cantor hétero falando sobre as produções heterossexuais que produz” e explica que o que ela canta é música e arte e que isso nunca teve orientação sexual.

Ela completa ainda dizendo que as pessoas comentam que essa música pode ser claramente cantada de pai para filho.É importante ressaltar que a sociedade ainda precisa evoluir muito frente ao tema, pelo simples fato de que, quando o amor é cantado, ele pode ser sentido por qualquer pessoa. Afinal, sendo entre pai e filho, mãe e filha, namorada e namorada, namorado e namorado e qualquer outro par o que realmente vale é sentir e disseminar o amor entre as pessoas.

Ana Vilela e Luana Colpani (Foto: Patrick Gomes)

Finalizando, conversamos ainda sobre esse tabu e ela discorre sobre a questão antropológica na qual estamos inseridos, frisando que ainda temos um longo caminho para que todo esse cenário seja compreendido: “As pessoas têm muita dificuldade de aceitar o que é diferente. Acho que todo mundo tem que fazer a sua parte no sentido de parar de tratar isso como uma coisa bizarra, extraordinária e entender que qualquer pessoa merece respeito, independente de como elas se sentem com seus corpos ou com quem se relacionam. A gente é normal, e quem eu beijo ou meu gênero, são apenas detalhes pequenos perto de tudo o que sou, do que penso e do que produzo. Sinceramente, não entendo esse barulho todo”.