“Amar é revolução”, dispara Marcelo D2 em show permeado por poesia e resistência


O ídolo do rap nacional cantou novos e antigos sucessos de sua carreira e o show ainda teve BK’, com o disco ‘Gigantes’, Luccas Carlos, Jonas Profeta e Sain e CHS transformando o KM de Vantagens de Hall em um verdadeiro happening

A cenografia do show do Marcelo D2, Amar é para os fortes assinada por Sergio Marimba e projeções de Felipe Benoliel

*Por Rafael Moura

Amor, poesia e resistência foram conceitos que permearam um grande encontro do rap nacional na noite de sábado (dia 8), no Km de Vantagens Hall RJ, no Rio de Janeiro. Marcelo D2 com o álbum ‘Amar é para os fortes’ e BK’ com o disco ‘Gigantes’, que se reuniram para uma apresentação inédita na casa de show na Barra da Tijuca. Em clima pop art, inspirado em Andy Warhol e filme noir, o site HT conferiu uma grandiosa exposição de arte urbana contemporânea + música. Um filme, um álbum, um show.

O show de BK’ mostrou colagens urbanas como fundo, criando uma verdadeira mostra de arte contemporânea

Considerado um dos grandes nomes do rap brasileiro, Abebe Bikila, mais conhecido como BK’, que se destacou no cenário nacional e internacional com o álbum ‘Castelos & Ruínas’ (2016) é um dos integrantes do selo musical Pirâmide Perdida e do coletivo Bloco 7. Em novembro de 2018, lançou “Gigantes”, seu segundo álbum solo com participação de grandes nomes do rap nacional, como Baco Exu do Blues, Akira Presidente, Luccas Carlos, Marcelo D2, Sain, KL Jay, Juyê e Drika Barbosa. O disco rendeu ao artista uma apresentação no Lollapalooza Brasil 2019 e sua primeira turnê pela Europa.

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BK’ abriu o show com ‘Novo Poder’ e cantou hits como ‘Julius’, ‘Abebe Bikila’, ‘Correria’, ‘Jovens’, ‘Deus do furdunço’ e ‘O Que Quiser Fazer’ com participação de Luccas Carlos, transformando a pista da casa de shows num verdadeira festival de música urbana pautada na arte e resistência. O DJ e produtor musical JXNV$, também conhecido como Jonas Profeta acompanhou o rapper durante toda a apresentação, além de CHS integrante do Nectar Gang. Luccas contou que este ano sai álbum novo ‘Jovem Carlos’.

Os artistas já trabalharam juntos em 2016 quando saíram em turnê com a KTT Zoo Tour – projeto de Marcelo D2 e seu filho, Sain – que levou as diferentes gerações do rap carioca para os palcos das principais cidades do país em shows absolutamente lotados. No intervalo, o palco recebe um campo de tulipas, com mais de quatro mil flores de tecido e uma estrutura em LED no cenário assinado pelo artista plástico Sergio Marimba com projeções de Felipe Benoliel para a chegada de Marcelo D2. Em suas redes sociais, o maior nome do hip hop nacional, comentou: “Minha sina é ser subversivo. Antes era falar sobre maconha e xingar a polícia, agora amar é revolução. Então, eu estou amando. Geralmente escrevo sobre sentimentos que estão me angustiando, sobre problemas e brigas. ‘Amar é para os fortes’ é sobre isso, sobre o quanto a gente tem que procurar um caminho diferente do que é proposto pelo status quo”.

Filho e Pai dividindo o palco: Sain e Marcelo D2

O show de D2 mostrou uma artilharia pesada de rimas, poesia e musicalidade em uma apresentação com mistura com samba. Ele carrega mais de dez álbuns em sua carreira e segue como um dos artistas mais renomados do país. Este é o décimo disco de estúdio do artista. “Quando me toquei disso pensei que tinha que fazer algo especial. Procurei por alguns meses e a frase ‘amar é para os fortes’ apareceu em uma conversa séria em um bar. Quando eu ouvi isso fiquei desconcertado e eletrizado ao mesmo tempo. Botei ela na cabeça e pensei: esse é o título do meu próximo disco, agora eu só preciso fazer”, diz Marcelo D2.

O nome do disco surgiu em uma conversa com o ator e amigo João Velho, irmão do músico Rafael Mascarenhas, morto em 2010 depois de ser atropelado por um carro em alta velocidade no Túnel Acústico, na Gávea. Naquele dia, a galeria estava fechada para manutenção e a investigação apontou que os motoristas disputavam um racha dentro do túnel. Rafael andava de skate com amigos quando foi atingido. Na conversa, João soltou a frase “amar é para os fortes” em sinal de resiliência, sem saber que estava batizando o próximo disco de D2. “Hoje não dá mais para ignorar o rap nacional. Se tornou uma parte da cultura brasileira, já podemos chamar de música nossa. A galera sem gravadora, sem nada, já está lotando as casas. Não dá mais pra fingir que isso não existe”, ressaltou D2.

A apresentação contou com novos e clássicos hits como ‘Febre do Rato’ e ‘Amar é para os fortes’, ‘Está chegando a hora’, ‘Em busca da batida perfeita’, ‘1967’, ‘Eu já sabia’, ‘Vai vendo’, ‘Desabafo’ e uma homenagem ao Planet Hemp ‘Mantenha o respeito” que levou a plateia ao delírio com direito a rodinha e tudo.

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