Foi dada a largada para o evento de moda que promete deixar os fashionistas de plantão em estado de alerta! O Veste Rio, evento realizado pelo jornal O Globo, em parceria com a revista Vogue, promove até sábado (14/05) a primeira edição da feira de tendências, que veio para apresentar coleções de grandes marcas, outlets, workshops, palestras, shows e food truks para todos os gostos, em um espaço que oferece uma vista privilegiada da urbe carioca: a Marina da Glória. Os descontos generosos dos outlets, no segundo pavilhão da mostra, foram os grandes destaques do primeiro dia do evento, que segue com entrada franca.
A estilista Patricia Bonaldi, dona da marca homônima, ressaltou a importância do Veste Rio para a indústria da moda. “É uma iniciativa incrível de juntar uma curadoria de moda com um evento comercial. Esse é o caminho: a parte comercial não andar sozinha, ter o apoio da moda e dos formadores de opinião juntos”, disse. “Com essa fase difícil do nosso país, um evento desse traz um novo gás. Por conta da crise, é óbvio que você muda algumas práticas, fica mais seletivo nos materiais, procura melhores custos, mas sempre seguindo o DNA da marca”, adiantou.
Entre uma palestra e outra, um dos temas mais quentes do dia ficou sobre as grandes mudanças que têm ocorrido no mercado da moda, como o lançamento de coleções logo após a apresentação nas passarelas, o chamado ‘see now buy now’. Questionada sobre o sistema, Natalie Klein, dona da multimarcas NK Store, acredita que o sistema é favorável, já que público precisa de mais tempo para entender o conceito do trabalho dos estilistas. “O consumidor final demora a usar as tendências. Os desfiles ajudam esse consumidor a se acostumar com as novidades. O desejo de comprar não surge do nada. Se alguém criar uma calça de três pernas hoje, duvido que amanhã todo mundo apareça usando. Moda só é moda quando todo mundo usa”, comentou ela, que tem lojas em Ipanema e São Paulo.
No entanto, a diretora de redação da Vogue, Daniela Falcão, ponderou que o fenômeno das redes sociais fez com que os produtos ficassem mais efêmeros. “A gente acaba ficando cansada de ver determinada peça, que um monte de celebridades já usou e postou no Instagram, porque pegou emprestado com o estilista. Quando chega nas mãos do consumidor, a pessoa não quer mais a roupa”, disse. “A gente está vivendo um ritmo muito acelerado. É muito difícil você se manter no mercado sem estar oferecendo novidade para um público que está cada vez mais ávido”, alertou a jornalista, que ainda falou sobre como o see now buy now atinge os desfiles. “Há uma discussão sobre como ficaram os desfiles após esse sistema. Os desfiles ficarão mais comerciais? Vai acabar o mundo de fantasia e arte que sempre se criou? Ainda não sabemos como vai ficar. Por conta disso, tem se feito muitas coleções intermediárias”, comentou.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, o estilista Reinaldo Lourenço é contra o novo sistema. “Eu tenho medo de que a magia do desfile se perca e vire um grande varejão. Moda não é só comércio. Moda é arte, é instinto. Eu preferia que tudo ficasse do jeito que está”, disse. “Eu escondo a coleção que eu vou lançar a sete chaves. As celebridades me pedem para usar em algum evento, mas eu não empresto mesmo. Antes de lançar a coleção eu não deixo nem ver”, contou. Questionado sobre os fantasmas da crise, Reinaldo acredita que o trabalho é o melhor remédio para um futuro melhor. “A melhor forma de driblar tudo isso é fazendo um bom trabalho. Espero que as Olimpíadas também tragam um bom momento para a moda carioca”, ressaltou ele.
Entre os corredores da mostra, nos estandes das grifes Farm, Ateen e Vix, a procura foi tanta que os clientes precisaram fazer fila para conferir as araras com peças da última estação. “A fila é a melhor propaganda que poderíamos ter. Vendemos bastante até agora. Estar aqui tem a ver com a nossa estratégia, que é a de participar ativamente de bazares pela cidade”, comemorou Cecília Asseff, gerente de criação da Vix.
O Veste Rio será uma ótima oportunidade para comprar peças de coleções passadas de quase 50 grifes do Rio e de todo o Brasil a preços bem especiais. Os descontos chegam a 70%. Na Ateen, um vestido que custava R$ 1.698 poderá ser comprado por R$ 300. Outra pechincha da mesma grife é uma bolsa de couro com franjas, cujo preço despencou de R$ 889 para R$ 90. Na Mara Mac, a bolsa de palha caiu 50%: de R$ 668 para R$ 334. Não dá pra perder!
Calma, galera! O público masculino também está bem representado pelas marcas Osklen, Armadillo, Wöllner e Foxton, por exemplo. “Essa feira é super importante para colocar o Rio de Janeiro em destaque no mercado da moda, já que a cidade tem uma moda autoral e criativa, que traduz muito o que é o Brasil”, comentou Rodrigo Ribeiro, dono da Foxton. “Hoje em dia, o homem está muito bem informado. Ele está disposto a se cuidar e a investir nele mesmo. Eu vejo um processo muito acelerado nesta última década, principalmente com a chegada das redes sociais, a gente precisa se dedicar a essa realidade. É o momento da gente estar atento a toda esta transformação criando fórmulas de se comunicar, estar sempre antenado nas novidades para criar desejo nos clientes, mas sem perder o DNA da marca”, apostou Rodrigo, que ainda aproveitou para comentar seu ponto de vista sobre a crise econômica no Brasil. “Esse momento parece que veio para dar uma limpada no mercado. As marcas que têm uma essência verdadeira não estão sentindo tanto, porque seguem com seu público fiel”, avaliou.
Já Ricardo Ferreira, criador da Richards, aponta que o mercado segue mais aberto e em grande ascensão. “Hoje a moda masculina é muito democrática no Brasil. Quando eu comecei, os cortes eram muito mais engessados. Depois dos anos 2000, a coisa ficou mais divertida e, agora, acho que a moda caminha para uma linha andrógena, unissex, talvez”, avaliou. “No Brasil, o homem ainda não descobriu qual é o seu estilo, e as diferenças climáticas e culturais do país influenciam nessa ausência de uma identidade de moda definida”, disse Jorge Grimberg.
Segundo eles, a difusão dos ternos slim fit à la Hedi Slimane para Dior Homme, das camisetas alongadas à la A$AP Rocky e Justin Bieber e das hoje básicas calças skinny não nos deixam mentir: a moda masculina está só aquecendo seus tambores para conquistar um espaço de ainda maior relevância no mercado.
Nos estandes da Veste Rio, outras marcas como: Blue Man, Bles, Fábula, CCM, Isla, Eclectic, Lilly Sarti, Afghan, Caravana Holiday, Glorinha Paranaguá, Sarah Chofakian, Lucidez, Reinaldo Lourenço e Tempo 4 também estão entre as quase 50 grifes que participarão do outlet. Na moda praia, as marcas Salinas, Lenny Niemeyer e Triya aproveitam o momento de crise para investir nas exportações. “Com o dólar nas alturas, a gente conseguiu ter um ótimo retorno, apesar da crise. Os biquínis brasileiros são, sem dúvida nenhuma, os melhores do mundo”, comemorou Bela Frugiuelle, da marca paulista Triya, que aposta na volta da calcinha asa delta para o verão 2017. Sobre a mudança nas datas da passarela, Lenny Niemeyer comentou o novo processo. “A passarela contribui bastante para gente vender essa moda praia para o mundo. Esse sistema do see now buy now pra gente não interfere tanta coisa, já que a nossa coleção é única. Só existe um verão por ano, né!?”, destacou a paulistana, que vive há décadas no Rio.
O Veste Rio tem apresentação do Sistema Fecomércio RJ, patrocínio da joalheria Sara e do Senai/Sistema Firjan, apoio da Prefeitura do Rio e do Sebrae, parceria da Associação Brasileira de Estilistas (ABEST) e conta com o Shopping Leblon como shopping oficial e a Azul como companhia aérea.
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