Versace arma tenda no deserto, a grife Dolce & Gabbana pega carona no dragão chinês e Gucci abraça a androginia: aqui, o balanço do melhor de Milão!


HT passou a peneira na Semana de Moda Masculina de Milão e separa agora para você, leitor fashionista, o que as melhores marcas do mundo tendenciam para a próxima primavera

O calendário fashion teve sua primeira folha virada nesses últimos dias em Milão. Por lá, a temporada primaveira-verão 2016 recebeu start com a Semana de Moda Masculina da cidade. E já que as engrenagens da moda europeia começaram a ganhar ritmo, HT aproveitou o encerramento da fashion week nesta terça-feira (24) para fazer um apanhado das apostas que mais chamaram nossa atenção no velho continente e, que, do jeito que as coisas andam, devem atravessar o Atlântico antes mesmo de esse nosso papo fashion terminar. Luz na catwalk.

E a gente já começa pegando Alessandro Michele pela mão para colocar o pé na porta com a Gucci. Em sua estreia, agora oficializado como diretor criativo no lugar de Frida Giannini, Alessandro apostou em menos diferenças entre os gêneros, em um desfile onde a androginia falou mais alto. O que se esperava do desfile da Gucci, além das tendências para a estação hot, era o caminho a ser traçado: será que Alessandro mudaria a curva em seu mandato à frente da grife? A resposta é não, e os looks falam o por quê. Nessa história de colocar homens e mulheres numa altura igual da balança, ambos usam e abusam de lenços aqui e bordados acolá. Com camisas de renda e seda,  a androginia é inserida num ar setentinha com calças boca de sino, shortinhos tie-dye, sem que perca a cara de atual com muitas texturas – que aqui vão além do bordado. Falamos de brocados e aplicações, por exemplo. A cara da primavera, e perfeito para aquelas que adoram imprimir feminilidade em peças do guarda-roupa masculino.

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Miuccia Prada parece ter gostado do que mostrou no outono-inverno 2015/2016. O motivo? Aquela paleta de cores vivas e o desfile divertido voltaram à cena em Milão. E teve de tudo um pouco. A ideia dela era brincar com o pós-moderno, em palavras, digamos, enigmáticas, da própria. Para tanto, entrando nessa era da emergência das tecnologias da informação e do conhecimento, ela fala de velocidade, e não abre mão nem um pouco de ser lúdica ao máximo: tem foguete, tem coelho e tem carro de corrida na estampa. Onde? Em vestidos curtinhos, com muita perna de fora (vide os microshorts masculinos – folgadinhos e lá em cima), alças e regatas. Tudo isso não poderia ter se pintado em uma paleta de cores com brancos, pretos, azuis escuros – acesos! – e tons de vermelho. Vrum!

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A alfaiataria rigorosa da Dolce & Gabbana foi buscar justificativa longe, bem longe. Na China, em meio aos dragões sagrados e as gueixas, a marca celebrou a cultura local com pavões, dragões e andorinhas, sejam bordados em camisas e renda ou em suéteres ou nos calçados. Com tons de vermelho interessantes, as estampas falaram por si só e impressionam pela riqueza de detalhes e a ajuda que dão ao formato dos looks: é tudo bem livre, leve e solto, assim como as calças. A China está em todo o desfile, até mesmo quando abriu (um pouco) de espaço para jeans, detonados e bordados. Eles, assim como resto da coleção, são alinhados, mas bem mais soltos, como a virada do calendário deve pedir.

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Se HT apostar que Donatella Versace assistiu “Lawrence da Arábia” enquanto criava esta coleção, dificilmente vai sair com menos trocados no bolso. A Versace arrastou o sári no mercado e foi até o Oriente Médio armar uma tenda no meio do deserto. O que a papisa da moda deve ter achado por lá? Primeiramente uma paleta de cores fiel: de areia ao verde, passando pelo roxo: tons quentes e tonalidades terra. E nada que fosse muito simétrico: o costume ganha alongamento até o meio da coxa, ora até o joelho; a calça do smoking tem um quê de saruel, e às vezes Donatella precisa de colocar um torso para jogo e, de forma com quem Alá não se chateie, vestiu um modelete com camisa-túnica sem nada por baixo, para usar com casaco. Mas se não fosse assim, não seria Versace, né?

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Clássico. Como não poderia deixar de ser e também não poderia fazer melhor, a Emporio Armani baixou na Semana de Moda Masculina de Milão mostrando que tem o mais italianos dos estilistas do globo. E provou também que não precisa inventar a roda para agradar a cena fashion, nem o mercado – seja ele oriental ou ocidental. Com cores sóbrias, a grife apresentou jaquetas de couro trabalhas a laser, conferindo caráter de leveza; calças perfuradas e aqui a tendência: a primavera vai pedir calças com cintura mais alta e a barra, por sua vez, mais curta. Ah, sem esquecer que lã é uma boa pedida.

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Se em meio ao nosso supra sumo, o caráter artístico da moda em uma passarela não deixou transparecer bem o que cairá bem nas ruas na primavera e no verão, a nossa saideira, o desfile da Salvatore Ferragamo é tradução perfeita para isso. Com uma unidade peculiar, a coleção usa e abusa de leveza com tecidos finos. Linhas curvas vão formar cactos nas estampas, e muita, mas muita geometria vai dar o tom da estação aos costumes. As estampas geométricas e psicodélicas, aliás, norteiam quase todos os looks. Estes, por sua vez, vem acompanhados de uma alfaiataria no comprimento e na forma tradicional. As gravatas e alguns calçados vem, hora ou outra, conferir um ar, digamos, divertido, ao todo.

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Fotos: Style.com