A tecnologia é o caminho contemporâneo. Os avanços da ciência têm dinamizado o comportamento e mudado as relações sociais em diversas esferas. Uma delas, na profissional, as novidades estão trazendo novos conceitos para as empresas, como no caso da Confecção 4.0 que apresenta nova forma de consumir e produzir moda. No recente Inspiramais – Salão de Design e Inovação de Materiais, realizado em São Paulo, a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções) e o SENAI CETIQT apresentaram a Planta de Confecção 4.0 para os principais players do setor e o resultado foi super positivo. Nesta inovação, o consumo, a produção e a entrega de produtos de moda é quase 100% automatizada graças às novas tecnologias – que, com a excelência da Confecção 4.0, são únicas no mundo. “A gente quer mostrar os potenciais desta nova tecnologia e levar mais informações para o público que respira moda”, defendeu Fernando Pimentel, presidente da Abit.
Desenvolvida a partir da parceria da associação com o SENAI CETIQT, a Planta de Confecção 4.0 viaja o Brasil apresentando a tecnologia sediada no Rio de Janeiro. A roupa é cortada, costurada e preparada para o envio após ter sido comprada pelo consumidor. “A gente criou uma Planta que tem o objetivo de demostrar os conceitos e tecnologias de uma indústria 4.0, do futuro. O grande diferencial de uma empresa com esta tecnologia para as outras do mercado é a conectividade e integração. Esse comportamento parte do consumidor que, agora, é um agente ativo do desenvolvimento do produto que ele vai usar. Ele interfere no processo produtivo, o que hoje não existe. Ou seja, ele cria a sua peça e aciona a manufatura. Isso faz com que só haja produção se a venda estiver confirmada”, explicou Robson Wanka, gerente de educação do SENAI CETIQT do Rio de Janeiro.
Com a compra confirmada e o design escolhido pelo consumidor, o pedido é enviado e começa um processo dominado pela tecnologia. O primeiro passo é transformar um tecido base na estampa definida pelo cliente. “Isso faz com que não precise mais de várias estampas. Agora, eu só preciso de um tecido. O processo é a impressão da roupa inteira em um papel sublimático e depois a transferência para o tecido”, disse Robson sobre o material que é composto por poliéster (80%) e elastano (20%). “Até o corte do tecido não haverá interferência humana. Todos os processos são monitorados por sensores que notificam a cadeia de fornecimento quando o tecido, papel ou tinta estiverem acabando. Isso é mais um exemplo de conectividade e integração”, ressaltou.
A participação humana é acionada na etapa da costura. No entanto, mesmo sem automatizar este ponto do processo, Robson Wanka contou que a tecnologia volta a ser a protagonista. “Na costura, os produtos têm realidade aumentada para ajudar a costureira e um código QR Code para ensinar a montar a peça”, disse o gerente de educação.
Ao lado da tecnologia, apenas o consumidor tem tanto destaque na Confecção 4.0. Além de ser o autor de sua peça, ele ainda recebe uma comprovação disto no produto. “Quando o consumidor termina de fazer o produto, ele assina e essa assinatura é estampada no cós da calça. É uma prova de que o produto é customizado e pessoal”, explicou Robson que acrescentou: “Depois, ele recebe no celular uma foto dele vestindo a peça com um QR Code para apresentar a um robô que vai entregar a roupa quando ficar pronta. É muita tecnologia envolvida”, reconheceu.
E não para por aí. Se o processo de produção da Confecção 4.0 foi todo guiado pelos avanços da ciência, o desfecho desta experiência não é diferente. “Quando você experimenta o produto depois de pronto, o provador não tem espelho de propósito. Você precisa sair da cabine para se ver e, neste momento, suas impressões e reações estão sendo analisadas por uma tecnologia que faz o reconhecimento facial das expressões humanas”, revelou Robson que acredita que, com este aparato, tenha informações precisas da qualidade da tecnologia da Abit e SENAI CETIQT. “São muitas informações que, por meio da análise de dados, você pode tomar decisões a partir do comportamento do consumidor captados por máquina”, concluiu.
No entanto, mesmo com este domínio da tecnologia, o presidente da Abit garante que a figura humana é indispensável em qualquer processo. Para Fernando Pimentel, mais do que na etapa da costura, o conhecimento é fundamental para a produção das peças. Afinal, com as múltiplas possibilidades de escolha do consumidor, a experiência do designer é a garantia de uma peça única, porém atenta às tendências da temporada. “O que está mudando é que os profissionais estão desenvolvendo novas habilidades e precisando se transformar no mercado de trabalho. Mas, nisso tudo, o designer continua sendo fundamental para a criação de uma roupa e outras pessoas para diferentes etapas da produção”, ressaltou o presidente da associação.
Por isso tudo, as inovações que encantam quem conhece a Confecção 4.0 também foram um sucesso no Inspiramais. No evento realizado pela Assintecal, ByBrasil – Components and Chemicals, ABIT, TexBrasil, CICB, Brazilian Leather e Apex-Brasil, além de diversas associações apoiadoras, importantes empresários do setor conheceram a Planta desta tecnologia que promete representar mais uma revolução no conceito de moda. “A tecnologia está aí para assessorar, ajudar e dar mais produtividade e maior qualidade aos produtos. Todo este processo da Confecção 4.0 foi pensado visando oferecer uma mercadoria melhor para o mercado brasileiro com um conceito internacional”, comentou Robson que já apontou para as mudanças no setor. “As conquistas que estamos tendo é com a receptividade das indústrias. Elas estão começando a entender a importância de implementar a Confecção 4.0”, comemorou Robson.
E, visando preparar os empresários para este novo momento que a moda vive, o sistema de ensino já anunciou o próximo passo. Em breve, o SENAI Cetiqt irá inaugurar a primeira turma de MBI da chamada Revolução 4.0. “O principal desdobramento que a gente teve foi a iniciativa de começarmos a preparar os formadores de opinião das empresas sobre o que é o conceito da Revolução 4.0. Para atender a isso, nós criamos um MBI que traz a ideia de inovação. O nosso objetivo é discutir e reunir os gerentes e diretores industriais e CEOs de empresas para criarem projetos de implantação dessa tecnologia”, adiantou Robson sobre a turma que começa em março e carrega a expectativa de percursora da novidade. “Nós queremos que essas empresas sirvam de âncora para esta tecnologia no Brasil. A gente quer formar uma massa crítica e disseminadora também”, completou Robson Wanka, gerente de educação do SENAI CETIQT do Rio de Janeiro.
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